A propósito da criança de Mirandela que se terá suicidado, lançando-se ao rio, para fugir aos maus tratos dos colegas de escola, o Procurador-Geral da República afirmou que é "necessária uma legislação própria" ao fenómeno do bullying.
Mais uma vez um país sem lei? Ou um país cheio de leis, mas sem rei, nem roque?
10 comentários:
Há uma lei, não escrita, que recomenda sensatez aos mais altos magistrados. Seria, talvez, de a passar ao papel.
Começou a extinguir-se ha 30 anos uma lei, que funcionava excelentemente nestes casos. Denominava-se "vergonha na cara" e era aplicada a diferentes níveis, escolar e familiar.
Funcionava deste modo:
Quando um ou mais alunos numa escola pretendiam dominar os colegas pela força, os professores que acompanhavam os recreios, chamavam-nos imediatamente e aplicavam-lhes castigos exemplares.
Se esses alunos persistiam no mesmo comportamento, os professores convocavam os pais desses alunos e intimavam-nos a tomar as medidas necessárias. Se os pais, por vezes mães viúvas, ou pai ausente, não encontravam forma de levar o filho rebelde ao bom caminho, era contactada uma instituição reformatória, onde a criança era internada.
Recordo-me a primeira vez que cheguei a casa e me queixei que um colega da escola me tinha batido e que não era a primeira vez.
Muito serenamente, o meu pai decretou: se voltas a apanhar de outro colega, apanhas ainda mais quando chegares a casa!
Confesso que não foi fácil defender-me quando aquele habituée me quis voltar a "malhar" mas, foi remédio santo, valeu-me o benefício da surpreza, o moço não esteva à espera que lhe afinfasse uma valente canelada assestada por umas fortes botas de carneira e sola grossa de cabedal.
A partir daquele dia, ganhei-lhe o gosto e transformei-me no salvador dos mais fracos. Sempre que um miudo apanhava uma galheta, lá ía o cavaleiro andante, fazer justiça.
Em determinadas sociedades – onde o laxismo e a desculpabilização de actos violentos não vigora – qualquer aluno que retaliasse dessa forma seria suspenso.
Enquanto os pais e os funcionários das escolas (docentes e não docentes) não levarem as supostamente “pequenas escaramuças” a sério, a situação tende a piorar. As “grandes” escaramuças seguir-se-ão! Desnecessário será dizer que é imperativo que hajam normas/políticas em vigor que visem estas práticas de intimidação. Teve que acontecer uma tragédia destas para que o “bullying” fosse levado a sério. Será muito falado durante uns dias e depois?
Recordo-me de ter lido sobre um caso no Porto (ou arredores) em que um aluno apontou um pistola de plástico à professora. E isso foi considerado uma “brincadeira de mau gosto” não só por parte da directora da DREN como da própria professora. Francamente! Isto diz tudo. Nalgumas escolas, em determinados países, os alunos não são autorizados a levarem objectos (nem de plástico) que possam ser utilizados como objectos de agressão. São repreendidos e punidos por qualquer comentário menos apropriado e de conotação violenta ou de intimidação. Vigora a política de “Zero Tolerância” como forma de impedir actos violentos e o consumo de drogas.
E quando pais tentam agredir ou agridem mesmo os professores?! Bom exemplo!
Portugal parece mais um país sem lei! Que decepcionada me sinto. Valha-nos a praia e o sol porque de resto...
Acho que isto é um problema moral generalizado. Sempre houve e haverá violência e não é com mais leis que se vai debelar o problema. Os miúdos só estão a imitar a vida dos adultos recheada de actos violentos, físicos e psicológicos...É uma questão moral - "Trata os outros como queres ser tratado", e não é necessário professar nenhuma religião para se compreender e praticar esta verdade! Se os pais, os professores, os políticos, a sociedade em geral começar a implementá-la nas suas vidas o futuro vai "gerar" crianças mais pacíficas!
O experimentalismo social internacionalista aproxima-se do fim.Depois de terem delapidado tudo e tudo terem empenhado.
A autoridade e a responsabilização têm que regressar
Já agora no meu tempo eram funcionários que cuidavam da disciplina nos recreios, que transportavam os livros de ponto, os materiais das experiências...e nunca me apercebi de nenhum papá a ir reclamar de tais servidores...mas prontos estavamos na longa noite...
Pois, há 30 e mais anos, os professores eram vistos como especialistas na sua área, eram considerados e respeitados e a maioria dos pais confiavam e dependiam nos professores para instruirem e educarem os seus filhos. Ai daquele (filho) que fosse mal educado para a professora. E embora eu seja a favor da participação dos pais na educação dos seus filhos, nas actividades escolares, etc, alguns usam esse direito de forma pouco ou nada construtiva. Nada é de como era...
Sensibilizar os pais, a escola, e a sociedade em geral para conter a agressividade excessiva dos miúdos de hoje, concordo, e é urgente que se faça, sob pena de estarmos a ser coniventes com esta desordem comportamental dos mais jovens. Imagine-se o que seria a sociedade de hoje se, na altura devida, não tivéssemos sido reprimidos por comportamentos irregulares e atípicos!?
Quanto à preocupação do Srº PGR de produzir legislação para conter este fenómeno, o melhor é não o fazer, o mais certo é ela (legislação) já existir, e mesmo que não exista em formato de D.R, é do conhecimento de todos, é afinal de contas a herança de todos nós, como muito bem se depreende dos comentários que antecedem…
A cara Fenix tem toda a razão, os comportamentos reproduzem-se e não é com leis que vamos lá. A educação não pode ser apenas persuasão, ela tem que ter uma componente repressiva, como diz o caro jotac, senão os que não se deixam persuadir impõem a lei do mais forte. Mas a expulsão da escola não é, para muitos, repressão nenhuma, e não é aceitável que se ponham na rua jovens que estão em idade de estar na escola, única forma de poderem vir a melhorar. A grande dificuldade está em que se concentram hoje na escola quase todas as influências educativas, a sociedade dispensa-se de dar exemplos, as famílias, quando existem, também,além de que convivem nas escolas jovens de muitos meios sociais, com referências distintas, tornando muito vulneráveis os que não aprenderam a defender-se.E o facto é que não se sentem mesmo protegidos, como prova o facto de a maior parte dos garotos vítimas não se atreverem a queixar-se, uma vez que a "delação" os torna alvo de represálias. Deve ser um tormento para estas crianças, a única solução é muita vigilância e muita autoridade e mais atenção da sociedade ao que se passa nas longas horas em que os jovens estão nas escolas.
Quando os alunos ameaçam um professor qual será a forma punitiva mais adequada? Ou quando praticam o bullying sistematicamente? A expulsão! Claro que não deverão ficar “abandonados”. É por isso que a direcção escolar deverá disponibilizar programas académicos e de apoio que promovam comportamentos positivos a estes alunos, noutras instalações de ensino. E se as leis, as políticas forem cumpridas por todos os intervenientes, então sim, todos farão uma diferença.
Como diz o provérbio “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.”
Claro que para esses casos o remédio é a expulsão. A sociedade tem que ter outras "escolas" para onde eles possam ser conduzidos e reeducados. Dantes, chamavam-se casas de correcção ou de reeducação, algo que agora não é politicamente correcto.
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