"Todos temos consciência de que dos nossos actos pode haver dano para a dignidade humana. Mas um interesse maior pode prevalecer".
Isto foi dito na Assembleia da República pelo presidente do Sindicato do Jornalistas. É a expressão de uma convicção da classe. Nunca, porém, a tinha ouvido assim, dita com esta crua clareza. Para os jornalistas (estou certo que não para todos), valores mais altos se podem levantar em justificação do sacrifício da dignidade humana. Que valores? Não o ouvi do jornalista-sindicalista. Mas certamente o valor do direito à informação que, está claro, para ele tudo justificará, até a violação da lei, afinal o que estava em causa quando proferiu aquela que, estou em crer, foi a tirada mais sincera do seu depoimento. Quem é o juiz da existência desse valor? Não a lei, que é a expressão da vontade do Povo -transformada, nos tempos que correm, em coisa secundária -, mas o próprio critério jornalístico/dos jornalistas que afasta o que é legal, segundo o seu juízo de conveniência ou de oportunidade, para dar lugar ao que é notícia. Doa a quem doer, como costumam dizer. Fazem-no, aliás, com à-vontade. Conscientes da protecção que significa nenhuma consequência negativa que para eles advém, mesmo que a violação seja tão grave que a lei a considere crime.
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Isto foi dito na Assembleia da República pelo presidente do Sindicato do Jornalistas. É a expressão de uma convicção da classe. Nunca, porém, a tinha ouvido assim, dita com esta crua clareza. Para os jornalistas (estou certo que não para todos), valores mais altos se podem levantar em justificação do sacrifício da dignidade humana. Que valores? Não o ouvi do jornalista-sindicalista. Mas certamente o valor do direito à informação que, está claro, para ele tudo justificará, até a violação da lei, afinal o que estava em causa quando proferiu aquela que, estou em crer, foi a tirada mais sincera do seu depoimento. Quem é o juiz da existência desse valor? Não a lei, que é a expressão da vontade do Povo -transformada, nos tempos que correm, em coisa secundária -, mas o próprio critério jornalístico/dos jornalistas que afasta o que é legal, segundo o seu juízo de conveniência ou de oportunidade, para dar lugar ao que é notícia. Doa a quem doer, como costumam dizer. Fazem-no, aliás, com à-vontade. Conscientes da protecção que significa nenhuma consequência negativa que para eles advém, mesmo que a violação seja tão grave que a lei a considere crime.
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A frase foi dita no Parlamento, perante os deputados da nação. Não deixa de ser pertubante a ideia que fica de que na Assembleia da República, seja por medo da imprensa, seja por convicção, ninguém aparece a insurgir-se contra o que ela significa de dissolução de princípios em nome dos quais se fizeram as revoluções mais importantes da história recente da humanidade. E a dizer o que era suposto que um parlamentar dissesse: uma democracia personalista serve acima de tudo para defender a dignidade humana contra todas as agressões. Todas! E que o Estado de Direito é afinal a garantia, face a todos os poderes, de que a lei assegura que não se instituirá um regime em que cada um é juiz do que é de interesse público. Por mais jornalista que seja.
3 comentários:
«Qual o juiz da existência desse valor?»
Boa questão!
Não é certamente o mesmo juiz que julga os valores que são caros sociedade... julgo.
A meu ver, o presidente do Sindicato dos Jornalistas devia precisar melhor o que quis dizer, porquanto, não estou a ver “interesse maior” do que preservar a dignidade humana!...
É que, assim como é dito, parece-me mais uma daquelas divagações, assaz libertinas, que ultimamente enchem o nosso quotidiano…
A lei é aquela que o critério jornalístico quer a cada momento.
O critério jornalístico é a lei suprema à qual até a Constituição se deve submeter, para defender a liberdade, o cidadão e a democtracia.
Não é necessário ser legitimado pelo voto para o efeito. Basta ter nascido com critério jornalístico já incorporado...
O que aconteceu na AR só comprova a situação de facto.
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