Desconhecia, nem me ocorreria pensar, que os aeródromos nacionais não dispõem de mecanismos de controlo de segurança de pessoas e bens.
Uma omissão perigosa porque põe em risco pessoas e bens e porque é terreno fértil para actividades de contrabando e outras práticas ilícitas, designadamente transporte de armas e droga.
Quando ocorreu, julgo que em Fevereiro passado, o acidente no Aeródromo de Tires com uma aeronave proveniente de Évora que se despenhou em plena pista, questionei-me, contudo, como era possível que um passageiro tivesse embarcado levando consigo uma arma de fogo. A notícia que hoje li explica o inexplicável. Em pleno século XXI, não se faz controlo nos nossos aeródromos de passageiros e bagagens que viajam nas aeronaves .
Parece que a culpa é da lei ou da diferente interpretação que as duas entidades oficiais envolvidas – Ministério da Administração Interna e Instituto Nacional de Avaliação Civil - fazem da legislação sobre a quem compete a responsabilidade do controlo. E enquanto não se entendem e empurram as responsabilidades uma para a outra, a segurança de pessoas está em risco e os contrabandistas estão à vontade.
Mas não haverá uma terceira entidade que clarifique o que estabelece a lei? No limite, porque não voltar a legislar, para precisar afinal quem tem competências e responsabilidades, quem é que faz o quê? Será assim tão difícil?
Uma omissão perigosa porque põe em risco pessoas e bens e porque é terreno fértil para actividades de contrabando e outras práticas ilícitas, designadamente transporte de armas e droga.
Quando ocorreu, julgo que em Fevereiro passado, o acidente no Aeródromo de Tires com uma aeronave proveniente de Évora que se despenhou em plena pista, questionei-me, contudo, como era possível que um passageiro tivesse embarcado levando consigo uma arma de fogo. A notícia que hoje li explica o inexplicável. Em pleno século XXI, não se faz controlo nos nossos aeródromos de passageiros e bagagens que viajam nas aeronaves .
Parece que a culpa é da lei ou da diferente interpretação que as duas entidades oficiais envolvidas – Ministério da Administração Interna e Instituto Nacional de Avaliação Civil - fazem da legislação sobre a quem compete a responsabilidade do controlo. E enquanto não se entendem e empurram as responsabilidades uma para a outra, a segurança de pessoas está em risco e os contrabandistas estão à vontade.
Mas não haverá uma terceira entidade que clarifique o que estabelece a lei? No limite, porque não voltar a legislar, para precisar afinal quem tem competências e responsabilidades, quem é que faz o quê? Será assim tão difícil?
Mas o que também é grave, é que, pelos vistos, ninguém fiscaliza o cumprimento da lei ou se o faz não actua com a necessária diligência e não são retiradas as devidas consequências.
Esta é mais uma história muito portuguesa. É o jogo do pingue-pongue! É a complexa teia de legislação e é também complexo o funcionamento da administração pública. É o arrastamento dos problemas e a ausência de pragmatismo e vontade para os resolver.
E quando os desastres acontecem, a culpa morre, não raras vezes, solteira. Anunciam-se, em cima do calor dos acontecimentos, inquéritos, averiguações e investigações, mas os resultados nem vê-los.
Mas então para quê tanta produção legislação? Para quê a existência de tantos organismos oficiais a tutelarem as mesmas actividades, não raras vezes, com duplas e triplas tutelas, para se concluir que depois estão ausentes em aspectos que são essenciais?
E quando os desastres acontecem, a culpa morre, não raras vezes, solteira. Anunciam-se, em cima do calor dos acontecimentos, inquéritos, averiguações e investigações, mas os resultados nem vê-los.
Mas então para quê tanta produção legislação? Para quê a existência de tantos organismos oficiais a tutelarem as mesmas actividades, não raras vezes, com duplas e triplas tutelas, para se concluir que depois estão ausentes em aspectos que são essenciais?
4 comentários:
"... os aeródromos nacionais não dispõem de mecanismos de controlo de segurança de pessoas e bens."
Dispõem sim, e bem rigorosos. A circulação e manutenção de aeronaves é um campo hiper-regulado e, que eu saiba (e julgo saber do que estou a falar), o respectivo departamento do Estado é rigoroso e nunca ouvi falar de laxismo ou corrupção. Mas mesmo com planos de voo aprovados prèviamente, com controle da circulação e das rotas pelos controladores de voo, com regras apertadas de revisão e manutenção das aeronaves (tudo isso existe e é aplicável e aplicado) os acidentes acontecem. E continuariam a acontecer, mesmo que se pusessem nos aeródromos os mesmos tipos de controle de pessoas que existem nos aeroportos internacionais. Com a diferença de os aeródromos, que já lutam com grandes dificuldades, se tornarem econòmicamente inviáveis e terem que encerrar na sua quase totalidade.
Caro JMG
Obrigada pelos seus esclarecimentos. Contudo, o que nos conta não é a matéria tratada na notícia a que faço alusão.
Com efeito, a notícia não se refere aos acidentes com aeronaves, que nos últimos tempos têm acontecido, aliás, com alguma frequência.
A notícia refere-se ao controlo de segurança de passageiros e bens que viajam nas aeronaves.
O problema relatado é objecto de preocupação por parte do Director do Observatório de Terrorismo (se tiver interesse clicar em "Director do Observatório de Terrorismo ..." na seguinte página: http://dn.sapo.pt/pesquisa/default.aspx?Pesquisa=aeródromos).
Uma aeronave que levante de um aeródromo dentro do espaço Schenguen que não tenha Alfândega só pode aterrar noutro aeródromo dentro do mesmo país e, assim, o problema não é muito diferente do da circulação automóvel. Nada me impede, por exemplo, de contrabandear tabaco ou material explosivo de Espanha, via automóvel, salvo o risco de ser interceptado pelas polícias. Ora, estas podem intervir casuìsticamente também nos aeródromos (em caso de suspeita, p. ex.). Talvez, minha Senhora, não tenhamos opiniões irreconciliáveis. Apenas reajo contra a ideia de, a pretexto da segurança, ou do combate ao tráfico, ou de outro combate igualmente meritório, embarcarmos em mais legislação, mais serviços públicos e mais despesa. Havendo o risco, como há, de sufocar uma actividade que, em Portugal, é já exangue.
Caro JMG
Partilho da sua reacção que é também a minha.
O nosso problema não é falta de legislação. O problema é, muitas vezes, a sua qualidade.
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