1.Uma das observações críticas que já ouvi fazer em relação à composição do novo Governo – nomeadamente por um dos candidatos à liderança do PS – tem a ver com a falta de experiência político-governativa e o “amadorismo” de alguns dos nomeados.
2.Quando se faz uma crítica destas tem-se em vista, necessariamente, o que tem sido a experiência governativa em Portugal nestes últimos anos...
3.Creio que ninguém de bom senso se lembraria de apontar aos novos governantes a falta de experiência de governo em Espanha, na Grécia, na Venezuela ou em qq outro país estrangeiro...ou de experiência de governo em Portugal há 20 ou 30 anos ...
4.Sendo assim, deve igualmente concluir-se que a experiência de governo em Portugal, nestes últimos anos – sobretudo no período áureo dos últimos 6 anos – seria uma excelente escola para os novos governantes, que os teria habilitado a governar de forma competente e sábia os destinos do País...
5.Os novos governantes, se tivessem essa experiência, ter-se-iam tornado peritos – ou pelo menos bons conhecedores – em algumas das seguintes áreas ou actividades:
(i)Realização de despesas públicas supérfluas;
(ii)Incumprimento recorrente das normas de execução orçamental;
(iii)Gestão “calamitosa” das empresas públicas que lhes caberia orientar estrategicamente;
(iv)Crescimento incomensurável e incontrolável da dívida pública;
(v)Acumulação de enormes atrasos de pagamento do Estado e outros entes públicos ao sector privado;
(vi)Celebração de PPP em condições altamente penalizantes para o Estado e que vão importar encargos muito graves para os orçamentos dos próximos anos;
(vii)Generosa desordem que reina na gestão do SNS incluindo boa parte dos hospitais públicos;
(viii)Concessão de favores a esmo a amigos do partido no poder, em prejuízo manifesto do interesse público e não raro em circunstâncias de escândalo;
(ix)Criação de fundações públicas para realização de despesa pública com evasão às normas de execução orçamental;
(x)Venda de património do Estado a si próprio com vista à realização de receitas orçamentais de laboratório.
6.Perante este distintíssimo elenco de competências que muitos dos membros do novo Governo teriam adquirido se tivessem desempenhado funções governativas em Portugal nos últimos anos - e não fossem por isso “amadores” - só nos resta dizer: santa inexperiência, bendito “amadorismo”!...
7.E só esperamos que nunca se tornem experientes ou profissionais em tais matérias, por muitos anos que governem!
15 comentários:
Perfeitamente de acordo Dr. TM :)
De qualquer forma há que alertar os moços de que vão entrar num campo de minas. Todavia, presumo que eles tenham a noção disso.
Bendita inexperiência! Virtuoso amadorismo! Votos para que não adquiram experiência e que se mantenham amadores nas práticas acumuladas ao longo destes últimos anos. A gente agradece.
Entre esta "inexperiência" e a anterior experiência, não levem a mal, prefiro a "inexperi^wncia" desta juventude. O Ministro mais velho parece que fica pelas 57 primaveras.
E o curriculum vitae dos "inexperientes", que mete num saco os anteriores boys experientes, não conta?
Concordo. Aliás, os maiores problemas que vejo até são devidos a experiência excessiva(ex. Educação, Saúde). Isto nos ministérios que interessam para alguma coisa porque, para além destes, há as finanças. No resto até poderiam lá meter o emplastro do Porto que não interessam para nada...
Já agora o prisioneiro de alcunha "O Animal" na Justiça...
Cara Anthrax,
O mais possível de acordo com a sua observação...e a primeira mina até tem nome, com apenas 3 letras, já reparou?...
Agradecemos, caro F. Almeida, agradecemos!
Caro Lobo da Gardunha,
Já nem falo disso, que nem me pareceu necessário, basta-me que não tenham a ditosa experiência reclamada pelos "críticos"!
Caro Tonibler,
Nessa matéria da relevância ministerial, falta uma palavrinha para a justiç - ou não?
No resto, estamos bastante sintonizados...
Mas, claro, importa referir esse acto abominável que foi a supressão do ministério da Cultura - uma ofensa de 1º grau, que os snobs da cultura pátria não vão perdoar...
Caro Tavares Moreira,
Quando acabar o plano de austeridade, que, ou me engano muito, ou já vai terminar com boa parte da soberania nacional entregue definitivamente, a justiça já morreu. Portanto, agora, bem podem lá meter quem quiserem.
E, como bem diz o caro JMFA, tanto elogio só significa que vai tudo acabar pior do que começou.
Adicionalmente, é muito injusto que de toda a soberania que fomos entregando tenhamos ficado com essa porcaria. Os acordos com o UE deviam ter sido "tudo bem, nós adoptamos o Euro mas vocês têm que levar com os tribunais da relação e pelo menos metade dos supremos...".
Caro Dr TM,
Essa palavrita "piquena" de 3 letritas apenas e que não é a palavra "Mãe", não é uma mina... essa é um bocado mais que um missil e um bocado menos que uma ogiva núclear... mas não muito menos.
Caro Tonibler,
Bem, quanto aos elogios, também suspeito dos mesmos e dos sinais que deles podem ser adivinhados...
Mas quanto à justiça propriamente dita, sem apreciar agora a nova titular da pasta, até que seja entregue em execução do penhor dos empréstimos que formos recebendo do exterior, sempre terá alguma importância...
Parece-me demasiadamente nihilista a sua posição, nesse ponto...
Cara Antharx,
Se estamos a pensar na mesma "bomba", admito perfeitamente que se trate de uma ogiva nuclear ou talvez de um vulcão, que o Governo cessante tomou em mãos com todo o carinho mas que tudo fez ao longo de mais de 2 anos para que ficasse quase inactivo (teve alguma actividade, com largada de fumos intensos durante as eleições presidenciais) E vai deixar muita devastação quando entrar em actividade, até final de Julho...
Concordo que a experiência e o profissionalismo, nem sempre resultam em sucesso, ou, no sucesso que o nosso país necessita conhecer.
Vontade de trabalhar, honestidade, sentido de Estado, visão coerente de futuro e determinação na busca das soluções equilibradas e coerentes, serão de certeza mais eficazes.
Contudo, dado a situação do país, penso que seria mais proveitoso ao novel governo, possuir forte especialização em técnicas de hipnotismo e muitíssima experiência na área da magia...
Caro Bartolomeu,
É bem capaz de ter razão...magia, muita magia é qualidade que nesta emergência pode ser útil para suprir alguma deficiência real.
Neste particular, o quase ex-PM foi um mestre superior, ao ponto de quase ter confundido a governação com o exercício impuro e simples de artes mágicas!
Mas, c'os diachos,o que eu fui lembrar!...
Bem relembrado Zé Manel.
Acrescento ao teu artigo os "experientes" legisladores que produzem leis que o estado não cumpre; por incapacidade do próprio estado. Tenho disso uma amarga experiência.
Manuel Lourenço
P.S. Já lá vão 50 anos... Passei por ti no Rossio, já lá vão uns anos, mas temi que não me recordasses.
Um abraço de saudade Poveira.
Caro Manuel Lourenço,
Com que então mais um poveiro?! Sejas bem-vindo e aparece mais vezes!
Mas essa de temer que não me recordasse é imperdoável...então não haveria de me recordar?!
Muito bem lembrado esse aspecto da produção experiente e abundante de legislação que fica por aplicar por manifesta incapacidade do Estado...
Mais uma experiência pouco recomendável, a juntar a tantas outras, reforçando a msg deste Post!
Caro Tavares Moreira,
Estive à espera e só acreditei quando vi, em direto, o Professor Nuno Crato assinar a tomada de posse como Ministro do Ensino.
Espero que o país esteja à altura deste ministro.
Os lobbies que se sentam à mesa do Orçamento de Estado atacarão com toda a força e diariamente. Assistiremos ao lobby das "ciências" da educação, das editoras, dos psicólogos, dos sociólogos, das construtoras, das empresas de consultoria, de tecnologias, etc. a espernear e depois teremos a esquerda; e será toda a esquerda, desde a caviar até à pura e dura.
Veremos, também, os sindicatos (da treta, porque são pagos com o dinheiro do contribuinte e prestam contas ao PCP e ao PS) aflitos para manter a igualdade salarial entre professores do 1º ciclo e do secundário, entre professores com o antigo 5º ano e doutorados na sua área científica, etc., etc..
Teremos uma boa parte da comunicação social a procurar casos muito especiais e excecionais para colocar em causa o fim do "eduquês" e o encerramento de várias das imensas escolas superiores que o "país" fartamente colocou à disposição dos aparelhos partidários em tudo quanto são pontos geográficos.
Ainda agora, tenho dificuldade em acreditar que temos tão distinta personalidade à frente deste desgraçado ministério. Será desta, o fim do PREC no ensino?
Caro Fartinho da Silva,
Também estou convencido que o guião do filme a que vamos assistir, neste específico domínio da governação, seguirá mais ou menos as ideias deste seu comentário...
Resta-nos a esperança de que o novo Ministro tenha resistência física e psicológica para os embates que se vão seguir e que não lhe falte o apoio político indispensável.
Tenho tb a noção de que estamos perante a última oportunidade para regenerar o sistema de ensino...
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