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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Olá Escherichia coli! Tudo bem?

Já morreram mais de trinta pessoas com a E-coli de um total de mais 3.000 atingidos. Gosto da expressão E-coli! Quando tive de aprender a dizer Escherichia, não foi nada fácil, mas, com o tempo, lá consegui. Agora, resolve-se a um E seguido de coli, que é muito mais fácil de pronunciar. Uma criança com dois anos morreu de síndroma hemolítico urémico provocada pela nova estirpe bacteriana. Mais uma vítima, agora um alemão com 90 anos. Tudo isto é alvo de prioridade nas notícias da rádio, dos telejornais, dos jornais, enfim, viva a E-coli, mais uma ameaça de que o fim do mundo está próximo. O que interessa é isso mesmo, que apareçam ameaças que deem cabo da humanidade. Tanto pode ser a SARS (ainda se lembram dela?) a gripe das aves, a gripe A ou qualquer outra gaita, como o bug do ano 2000, a profecia dos maias ou as maluqueiras de visionários como o tele-envangelista Harold Camping, que previu o fim do mundo para o passado dia 21 de maio (não dei conta!), mas não conseguiu prever o seu acidente vascular cerebral depois dessa data. Julgam que se incomodou? Qual quê! Adiou o Armagedão para o próximo mês de outubro. Está bem! Se ele julga que me dá um abalo está muito enganado. Quanto às notícias da Escherichia coli, permitam-me dizer desta forma - não posso esquecer que levei algum tempo a aprender a pronunciar e a escrever esta palavra, e, agora, não estou para simplificações, era o que mais faltava, porque não devo amputar a minha erudição ante mais um “fim do mundo”! -, está a ser dramatizada de uma forma patética.
Mas o que é que leva os gajos da comunicação social a dar tanta importância a uma bactéria, que se lembrou, e muito bem, em adquirir novas características, provando que, afinal, a evolução existe? Quando surge algo de anormal (?) nada melhor de que obter dividendos financeiros ou, então, dar cabo da economia de uma qualquer região ou atividade. Coitados dos pepinos, coitados dos produtos vegetais, coitados dos contribuintes, e lá se foram para o esterco, vulgo merda, centenas de milhões de euros, e o aparecimento de mais crises económicas. Mas há lucros? Claro! Quanto mais olhos, quanto mais ouvidos para estes assuntos, melhor. Todos querem ouvir, todos querem ler, levando, nas trombas, por tabela, com alguns anúncios a produtos que são piores do que o esterco, esterco que está na base do aparecimento desta bactéria. Esta bactéria sabe da poda, vive na merda e sabe como sobreviver. Meu deus, se soubessem quantas bactérias liquidam seres humanos diariamente, nas mais diversas condições, decerto não ligariam a esta situação, que vale o que vale. A história da medicina está recheadíssima destas coisas, e o mundo não acabou. Fiz uma pequena análise destes problemas e garanto-vos que há muitos casos idênticos a este e, até, muito mais graves.
Neste caso concreto, a razão de ser desta doença é simples de explicar, os atingidos comem merda! Perdoem-me a expressão, mas como está tão vulgarizada, penso que já pode fazer parte do léxico normal. As fezes de animais como vacas e porcos podem ser os responsáveis ou, mesmo, de humanos. Esta coisa de utilizar os excrementos de animais e humanos como adubos naturais não é novo. Foram, desde todo o sempre, utilizados na agricultura, mas, por vezes, podem estar na origem de “surtos” de infeções. Não esquecer que o uso e abuso de muitos antibióticos e antisséticos podem explicar a origem de resistências das bactérias, as quais, como é facilmente compreensível, também lutam pela existência, até, porque sem elas a “vida” (macro) não existiria.
No fundo a mensagem é muito simples de transmitir: a natureza não gosta de nós (humanos), mas, também, não nos odeia, despreza-nos simplesmente, colocando-nos num ponto que não queremos aceitar, não somos mais do que as outras espécies. Não é por causa das aberturas dos telejornais e da comandita que vive e adora disseminar o pânico que se consegue resolver alguma coisa, ou talvez consigam, porque, em matéria de negócios, são sempre bem-vindas novas áreas, nem que seja à custa da merda ou da agricultura biológica, o que interessa é aumentar os olhos e os ouvidos para a comunicação social. Esta rapaziada sabe da poda, mas se deixassem as coisas correr como deveria ser, então, talvez, não provocassem tanta angústia e prejuízos financeiros a ponto de certas pessoas terem de realizar concursos, divertimentos e palhaçadas para poderem vender e escoar os vegetais.
Que chatice. E logo os vegetais que fazem tão bem à saúde! Onde param os arautos e os evangelistas dos vegetais? Calados como os pobres dos pepinos. E os criacionistas? Não me digam que veem, na aquisição de genes portadores de toxinas, provenientes de outras bactérias, por parte da Escherichia, um sinal do desígnio inteligente? E, se virem, também, não há problema, porque a natureza borrifa-se para a nossa condição humana e não só!

7 comentários:

Caboclo disse...

Me deixe dizer uma coisa ..a natureza não nos despreza ..antes pelo contrário somos a sua obra prima ..
A natureza (Deus) nos deu o previlégio de poder agradecer a dádiva da contemplação da própria origem .

Mas ..gostei de o ver escrever um palavrão ..é assim que se começa ..primeiro um ..depois mais outro ..depois vários ..
Poxa ..estão a ver como de vez em quando se tem que falar uns palavrões ..é a unica linguagem que a turma da comunicação social(ista) entende.

...é isso mesmo... bote o côcô no ventilador ...

Ó pessoal com influência ..não se esqueçam das escutas do socas ..é preciso fazer justiça ..
Por falar nele ..onde anda o rasteiro ?Não se pode perder esse animal de vista.Jaula com ele.

Anthrax disse...

:O!!!! Prof. MC estou chocada, o Prof. escreveu um palavrão :O!... e chamou "gajos" aos gajos da comunicação social :O!!!

De qualquer forma, toda a gente sabe que o mundo só acaba em 2012. É o que diz o filme da pipoca... 2012. Até lá temos de esperar.

Também gosto do termo "E-coli", é super internético, quer ver: ""E-coli", "E-learning", "E-mail", "E-university".

E pegando ali no comentário do... Caboclo... nós é que desprezamos a natureza e convencemo-nos que a conseguimos manipular. Isso pode ser verdade até um certo ponto, mas "ela" (a natureza) encontra sempre uma forma de se equilibrar.

De resto, não fazia a menor ideia de que a bactéria ainda invadia as notícias, mas também... eu não vejo notícias.

Carlos Sério disse...

O problema reside precisamente no mdo como surgiu esta variante. Se de forma natural ou laboratorial?.
Na verdade, custa muito a crer que ela tenha aparecido de forma natural. Esta variante é resistente a 8 antibióticos. Custa muito acreditar á comunidade científica que "naturalmente" ela tenha estado em contacto com oito antibióticos consecutivamente, única forma de lhe ganhar resistencia. Um tal acontecimento é de uma probalidade infima. É muito mais plausível que ela tenha sido obtida em laboratório obrigando o contacto sucessivo da E-coli com os oito antibióticos e assim conseguir a sua resistencia.Imaginar o contrário será muito mais dramático. Admitir que com alguma facilidade, de forma natural,apareçam variantes com uma resistencia tão alargada.

Infelizmente pouco se fala nisto.

Bartolomeu disse...

«No fundo a mensagem é muito simples de transmitir: a natureza não gosta de nós (humanos), mas, também, não nos odeia, despreza-nos simplesmente, colocando-nos num ponto que não queremos aceitar, não somos mais do que as outras espécies.»
Já ha um tempo tinha reflectido sobre esta questão e nessa altura pensei, sem concluir, se a nossa existÊncia teria por finalidade alimentar essa quantidade infinita de bactérias e de bicharada que nos roi a carne, depois de o nosso corpo ter perdido a vida...
Mas, nesta questão do Escherichia coli, não me parece que o problema esteja na utilização das fezes dos animais e dos humanos, como forma de fertilizar a terra, de a adubar, mas sim, no facto de esse estrume estar a ser espalhado na terra, sem ter amadurecido, como acontecia "antigamente". Não me parece que qualquer fórmula química, possa ser mais segura para criação de vegetais, que o tradicional estrume. Aquilo que não é possível fazer-se sem que se corram riscos, é ultrapassar o tempo.

Massano Cardoso disse...

Bartolomeu
Concordo consigo. A forma tradicional é muito menos perigosa, sem dúvida.

CS
Desconfio das teorias da conspiração. O aparecimento de mutações e a aquisição de novas caraterísticas é uma constante. A natureza entretem-se a fazer certas coisas, uma mania que vem de longe! Não são precisos quaisquer laboratórios sofistificados para produzir o que quer que seja...

Carlos Sério disse...

Caro Massano cardoso,
Não se trata disso (teorias da conspiração), que tambem não gosto.
As probabilidades deste acontecimento natural são infinitamente baixas. São os tecnicos que o afirmam. Admitir que uma coisa destas, a criação desta nova estirpe, de modo natural,é mais tenebroso que a criação em processo laboratirial.Se a natureza é capaz de um momento para o outro, naturalmente, tornar uma bactéria resistente a todos os antibióticos conhecidos então que Deus nos acude.

Massano Cardoso disse...

CS

Há algumas bactérias que são resistentes a antibióticos de última linha, tipo vancomicina, como é o caso de algumas estirpes de Staphylococcus aureus e Clostridium difficile, o que constitui um quebra-cabeças que nem lhe digo nem lhe conto. Até certas estirpes do bacilo de Koch são resistentes a tudo! A natureza é um caldo em contante experiência, sempre à "procura" de novas estirpes.