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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Primeiro o conteúdo, depois a forma...

Uma solução avisada. Sabemos que a redução de ministérios, como aliás acontece com qualquer alteração de estrutura orgânica do governo, implica uma modificação das leis orgânicas dos ministérios implicados. Trata-se de um trabalho muito trabalhoso, que consome e mobiliza muitos recursos, que obriga ao dispêndio de muito tempo. No actual momento de urgência os recursos disponíveis devem ser concentrados nas prioridades da governação, designadamente devem convergir no cumprimento do memorando de entendimento da Troika. Um verdadeiro “programa de governo” com medidas e tarefas bem definidas, metas quantitativas e temporais claramente estabelecidas e com meios de controlo, monitorização e de reporte devidamente impostos para que nada escape à Troika e não deixe margem ao governo para outra alternativa que não seja o seu cumprimento.
É certa a necessidade de proceder à reorganização de muitos ministérios, não só porque há organismos que terão que ser repensados nas suas missões e logo no seu modelo de operação, outros há que serão extintos, mas também porque as funções do Estado serão revistas em função dos modelos de intervenção que decorrem dos programas eleitorais que darão lugar ao futuro programa do governo liderado por Pedro Passos Coelho.
Acresce que se há problema que nos tem acompanhado ao longo das últimas décadas é precisamente o da constante mudança - para não falar de excesso de mudança se tivermos em conta os resultados obtidos - provocada por reformas sucessivas de políticas de sucessivos governos. A mudança arrasta consigo um estado de permanente instabilidade que não é benéfica para uma governação efectiva. Mais do que a mudança formal, precisamos sim de apostar na melhoria e esta tem muito mais que ver com o conteúdo do que com a forma. É claro que a forma também é importante, mas a prudência aconselha que o governo tome bom conhecimento das melhorias que são necessárias fazer para encetar, depois, a mudança que melhor lhes corresponda.

12 comentários:

Bmonteiro disse...

MargaretT
respondeu ao jornalista que lhe fazia a pergunta sobre mudanças nos ministérios:
para quê, senão para gastar dinheiro que resultaria da adopção de novos nomes ou nomenclaturas?
Embora:
Porque não uma Direcção comum às forças de segurança, PSP e GNR.
Ou terminar com as três quintas militares (ramos das FA).
Muito complicado?

Suzana Toscano disse...

Margarida, também seria interessante saber quantas leis orgânicas, das centenas que se fizeram, se traduziram realmente em mudanças efectivas ou mesmo em redução de estruturas, mas que encheram páginas e páginas de jornais, isso encheram.é realmente sensato que só se façam leis orgânicas quando é mesmo para mudar a lógica de funcionamento, a articulação dos serviços equando sái resulte uma clara melhoria em relação ao que estava.

Anthrax disse...

Bom dia B.
Acha mesmo que num período de instabilidade económica, política e social, seria aconselhável mexer nas forças armadas? - que tal como o nome indica, são forças e ainda por cima estão armadas.

Se me perguntar qual é a minha opinião, pois eu acho que era por aí mesmo que deviam começar, que era para ver se isto explodia tudo mais depressa, mas não me parece que estes moços sejam assim tão tolos.

Bmonteiro disse...

Good morning A
em verdade verdade,
tudo irá ser mexido.
Tudo não. Nas cúpulas de algumas empresas, banca, energia & EP´s SA-Lda, tudo seguirá de acordo com os accionistas.
É também para isso, que servem polícias e militares.

Bartolomeu disse...

Eu penso que a "coisa" tem origem ancestral, vem do tempo dos clãs, quando os nossos antepassados viviam em grutas e cavernas. O clã "A" disputava as pradarias de caça como clã "B" e o clã "C". Quando chegou a era dos cismos e muitas grutas aluíram, obrigando os nossos ancestrais a saír para campo aberto e a construir os primeiros castros, fortificaram-se, para se defender dos seus semelhantes que tentavam ocupar e conquistar, aquilo que lhes pertencia. Como os nossos antepassados "evoluíram" em matéria de esperteza e de armamento, e aqueles que atacavam conseguiam superar as defesas dos que eram atacados, que por sua vez, atacavam os que os tinham atacado, tentando reconquistar o que lhes pertencera mais aquilo que pertencia aos que os tinham atacado e roubado (sim, sim, desculpe, eu desenvolvo...) houve necessidade de reforçar as defesas, de as tornar mais resistentes e intransponíveis, começaram a ser construídas altas muralhas, em cujo interior residiam os cidadãos, protegidos dos ataques dos seus semelhantes.
Mas também estas muralhas acabaram por se revelar incapazes de suster as forças invasoras e conquistadoras dos semelhantes que pretendiam saquear e conquistar. Como não havia mais pedra para construír muralhas mais altas que impedissem os assaltos, estabeleceram-se fronteiras entre os povos, delimitando países e, mais fronteiras dentro desses países, delimitando os povos, e fronteiras ainda dentro dos povos, delimitando as classes, os poderes, promovendo as assimetrias.
Na nossa era, estamos a começar a perceber a ineficiência de tantas fronteiras e a desnecessidade de tantas divisões e secções e distinções. Estamos a começar a entender a nossa semelhança e até estamos a começar a desconfiar se a verdadeira hipotese de evoluir, não estará na capacidade para dialogar, para concertar, projectar e construir em conjunto...

Anthrax disse...

Ah ah ah ah ah ah ah ah :D!! Bem visto B.

Meu caro Bartolomeu, existem aí 3 verbos que não fazem parte do vocabulário português: "concertar", "projectar" e "construir" (excepto se estivermos a falar de prédios ou auto-estradas)e mesmo que fizessem parte do vocabulário português, não teriam a 1ª pessoa plural, quanto muito teriam só a 3ª.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bmonteiro
O complicado é concretizar no terreno. Imagine uma empresa que é sujeita a uma restruturação organizacional e funcional. Para que o processo de mudança resulte tem que haver um forte envolvimento em particular da gestão e dos responsáveis ao longo da estrutura, primeiro para que acreditem nos benefícios da mudança e depois para que tratem de implementar todas as alterações necessárias e de monitorizar os impactos, nos diversos planos que se colocam, de gestão, técnico e operacional. Haverá sempre resistências.
Os exemplos que dá, para que fossem bem sucedidos, implicariam, para além de uma forte vontade e convicção das equipas ministeriais, o envolvimento das chefias no processo. De fora não poderiam ficar. Será que no momento de urgência em que nos encontramos seria uma prioridade? Governar é fazer opções e escolher prioridades. Vamos ver.
Suzana
Que encheram muitas páginas de diários da república e alimentaram a comunicação social também não tenho a mínima dúvida. Se tiveram os efeitos pretendidos não deve ser fácil de verificar, pois basta pensar que mal uma reestruturação estava em condições de passar à prática, já um novo governo se encarregava de desfazer o que tinha sido feito para fazer coisa diferente. São processos desgastantes para as organizações, que não conduzem necessariamente a melhorias efectivas.
Caro Bartolomeu
Tem muita razão. Se continuarmos no caminho de costas voltadas uns para os outros, os problemas tenderão a agravar-se.
Cara Anthrax
É interessante verificar o contraste da dificuldade do diálogo e da concertação com vista à construção do bem comum com a facilidade da solidariedade e da generosidade da sociedade civil longe dos interesses políticos e das corporações.

Anthrax disse...

Cara Margarida,

É exactamente em prol do bem comum que a regra básica é: "tipos com acesso a armas têm sempre prioridade", a única excepção é quando o resto tem mais armas do que eles, adquirindo por esse meio capacidade de negociação. É uma questão de auto-preservação. Não está bem, nem está mal é o que é.

AF disse...

Bem, esta conversa toda sobre forças armadas e muralhas e conquistas... e sobre trabalharmos juntos, e comunidades globais...

Pedindo antecipadamente desculpa aos donos do blog, à autora do post, e aos comentadores, não resisto a "publicitar" aqui um facto que é um marco na história da indústria Portuguesa, ainda pra mais ocorrendo nestes tempos de conturbação e escassez: vocês já viram o primeiro videojogo "em grande", pra uma consola de última geração (Playstation 3), feito por uma equipa Portuguesa, e a dar cartas em todo o mundo ... o Under Siege?

Para quem gosta de tática e estratégia, e já agora aventuras medievais, este jogo é simplesmente fantástico. Mas acima de tudo, é um exemplo de como com bastante empenho, esforço, arte e dedicação se conseguem alcançar objectivos aparentemente impossíveis!
Conheço pessoalmente as pessoas que estão por trás deste verdadeiro feito, e todos os elogios que lhes possa dar são poucos. Mesmo quem não aprecia minimamente este tipo de coisas, aconselho a conhecer, quanto mais não seja pelo magnífico trabalho artístico, e porque é um exemplo de uma empresa Portuguesa a competir num mercado tão exigente como o dos videojogos, que é dos mais lucrativos do mundo, e dos mais "tecnologia de ponta" que existe.

E pronto, muito mais teria pra dizer, mas já é suficientemente "mau" desviar assim descaradamente o assunto do artigo ... mais uma vez peço desculpa, mas é por uma boa causa ;)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro AF
Esteja sempre à vontade para nos trazer notícias. E quando as notícias são boas, mais bem vindas são. Obrigada pelo seu "descaramento"!
Estive a ver o vídeo de apresentação do jogo Under Siege. É realmente um feito uma empresa portuguesa - Seed Studios - entrar na indústria global de videojogos dominada pelo EUA e pela Ásia.
Este projecto mostra que somos capazes de competir na inovação à escala mundial.
É pena que estes casos não sejam conhecidos entre nós. São exemplos excelentes de empreendedorismo.

AF disse...

É bem verdade, cara Margarida. Até porque este projecto já venceu (ainda antes de estar à venda) alguns prémios nacionais e é concorrente a outros internacionais.
Mas já agora, permita-me citar aqui um pequeno excerto de um artigo numa publicação "da especialidade" sobre o referido jogo, na tentativa de "cativar" alguns dos comentadores frequentes, senão para o Under Siege em si, pelo menos para esses outros horizontes "estranhos" que são os videojogos:
" De notar que online também existe um patriotismo curioso que se torna divertido. No nosso caso a recriação da Batalha de Aljubarrota soube como mel, sobretudo porque tal como a Padeira, expulsámos os invasores Espanhóis. Impagável.
«Este mapa, meu caro, é meu!»
Sim, leram bem, a Batalha de Aljubarrota. É que Under Siege ainda se pode tornar maior e mais interessante se usarem a magnífica ferramenta que complementa os dois modos de jogo. Trata-se do Editor de Mapas que vai fazer as delícias dos que possuem veia criadora."

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro AF
Para além de ser um jogo, é também um canal que dá a conhecer Portugal, a história e a bravura portuguesas!
Estou cativada para, um dia destes, jogar o Under Siege. Não sou especialista deste género de jogos, mas já estou a pensar nos meus sobrinhos.