Sobre o caso Estaleiros Navais de Viana do Castelo, achei espantosa a declaração feita pelo ex-secretário de estado da indústria do governo cessante: "Os estaleiros (de Viana) têm que se manter, mas como empresa competitiva e precisam de um plano operacional". Com que autoridade vem agora este ex-governante fazer estas afirmações? Onde esteve o ex-secretário de estado durante os últimos seis anos de governo socialista? O que fez para viabilizar os Estaleiros Navais de Viana do Castelo?Fala de um plano operacional, mas não concretiza. Ou não será que o que faz falta aos Estaleiros, antes de tudo o resto, é uma visão estratégica, saber como e em que condições pode a empresa ser economicamente viável? O que fez o governo anterior para viabilizar a empresa? E não acha o ex-governante estranho - pelos vistos não acha - que a dois dias do novo governo assumir funções seja anunciado pelo Conselho de Administração de uma empresa de capitais exclusivamente públicos um plano de reestruturação que implica o despedimento de metade dos trabalhadores (380 dos 720 trabalhadores da empresa)? Mas o governo cessante não tinha conhecimento da situação da empresa e do plano de reestruturação?
Assim, se tenta lavar as mãos de mais um caso mal gerido e nada melhor que transferir para o novo governo a batata quente do anúncio de uma decisão que dispensa de uma penada 380 trabalhadores.
7 comentários:
É preciso mandar um SOS ao Estado Social.
O governo anterior deixou dinheiro para comprar o aparelho de morse?
Desculpe, cara Drª Margarida mas, 380, ultrapassa o número de metade do total de trabalhadores dos estaleiros. E, se fossem 40 o número de trabalhadores a despedir, já sería excessivo.
Falta um "plano operacional", alega o ex-secretário de estado; torna-se necessário encontrar uma "solução negociada", declara o presidente e os membros da administração dos estaleiros; "não compreender a decisão da administração" confessa a comissão de trabalhadores.
Os motivos da decisão, centram-se na falta de encomendas e no passivo da empresa, que ultrapassa os duzentos milhões de euros. Pelo meio, um navio construído o Atlântida, rejeitado pelo governo dos Açores e por HugoChavez.
Não percebo nada de economia, nem de gestão de empresas, talvez por isso, quando observo estas peças do puzzle a que daria o nome de "berbicacho" fico com a sensação que as principais vítimas de todo este embróglio, são como é costume, os que vão ser despedidos, enquanto outros - a administração - se revelaram incapazes de bem gerir a empresa, dinamizando-a, tornando-a competitiva, actual, capaz de responder eficientemente às necessidades dos armadores dos navios que o estaleiro tem capacidade para reparar.
Portugal e particularmente Viana do Castelo, possuem condições geográficas priveligiadas, possuem mão-de-obra especializada no ramo da indústria naval. Os estaleiros de Viana, constroem todo o género de navios à várias décadas. O grosso do transporte de mercadorias, de combustíveis, de minérios, de madeiras, etc. continua a ser feito por via marítima. Não compreendo, não consigo compreender como é que é possível, tendo tudo para sermos os principais constructores e reparadores de navios a nível europeu, deixamos que uma indústria forte reduza para menos de metade os seus trabalhadores, evocando falta de encomendas...
Não sería mais acertado demitir a administração e substituí-la por outra com mais competência para tratar da galinha dos ovos de ouro?
Ok, depois de ler este post ocorre-se-me uma única pergunta: Mas afinal querem acabar com a Estado-dependência ou não?
Nesta pergunta não há espaço para outro tipo de considerações acerca do estaleiro, de quantos trabalhadores tem, ou quantos é que vão ser despedidos. Assim, a questão torna-se bastante simples; querem emagrecer o Estado ou não? Não importa estar a chorar sobre o leite derramado, importa saber, muito bem, o que se quer daqui para a frente sabendo de antemão que todas as acções têm sempre consequências.
Despedem 380 trabalhadores, sim senhor tudo bem, são mais 380 pessoas que passam dos Estaleiros de Viana de Castelo, para o fundo de desemprego. Resolvem algum problema? Aparentemente, sim. Na realidade, não porque deixam de receber de um lado e passam a receber do outro. Além disso, criam ainda mais um problema relacionado com a empregabilidade das pessoas que são despedidas. Dizem; é mão-de-obra qualificada, é. E o mercado responde; mas não são as qualificações que precisamos de momento. E assim se agrava o desfasamento - já acentuado - entre as qualificações que se oferecem e as que o mercado procura.
Relativamente às afirmações do ex-secretário de estado, não têm qualquer importância. Teve a sua oportunidade para fazer e não fez. o que, verdadeiramente, importa é saber o que é que os próximos vão fazer.
tinha os chineses e os hindus fazem o mesmo e com menos pessoal
e em menos tempo
e com salários mais baixos
e com mais encomendas
etc...
Caro Zuricher
Não encontrei verba no orçamento!
Caro Bartolomeu
Comungo das suas perplexidades. Talvez que a resposta seja incompetência e irresponsabilidade. Uma empresa que não consegue gerar resultados e não tem encomendas está a prazo condenada. A questão é que esta situação não surge de um dia para o outro, vai-se degradando. A viabilidade económica da empresa está dependente da estratégia do negócio. Aquestão que se coloca é ades aber o que foi feito neste domínio em relação aos Estaleiros?
Cara Anthrax
Não é uma questão de Estado-dependência. O Estado não tem que sustentar à custa dos nossos impostos empresas que não têm viabilidade económica, a menos que existam razões ponderosas como acontece em alguns sectores.
Mas sendo o Estado accionista de empresas, como é o caso dos Estaleiros, tem responsabilidades e contas a prestar.
Sim, é verdade, é ao actual governo que cabe resolver o grave problema herdado e encontrar uma solução. São muitos os problemas que o novo governo tem para resolver porque justamente o governo anterior não fez o que deveria ter feito e fez o que não deveria ter sido feito. Os Estaleiros não foram excepção!
Deverá ser encontrada uma solução para os Estaleiros, mas o problema, como referiu o próprio primeiro-ministro, não começou há seis anos. Convém por isso recordar o papel de Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa, as suas declarações de 2004 e 2005, que deram o problema como resolvido, e que o buraco não tem um, dois ou seis anos, mas mais de duas décadas. Sempre a descer.
Convém ter memória.
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