Leio sem supresa na imprensa de hoje que os dois
principais partidos não se conseguem sentar à mesma mesa para formalizar um
acordo sobre o reforma do sistema eleitoral autárquico e sobre a alteração do
modelo de governação local. PS e PSD convergem no essencial, na constituição de
executivos homogéneos e no reforço dos poderes das assembleias municipais. Mas
de há 10 anos para cá, na hora da verdade, por razões risíveis, recuam na
intenção culpando-se mutuamente do insucesso do diálogo. Desta vez
desentenderam-se, ao
que relatam os jornais, por causa da carta que convidava às negociações...
A composição e o funcionamento dos partidos
políticos explica o que causa perpelexidade a alguns. A dada altura todos
passam a pensar que para pior já basta assim. E pior, para os partidos, é a
possibilidade de a conjugação de um novo sistema eleitoral com a tendência para
a apresentação de candidaturas de independentes vir a por em causa o domínio do
poder autárquico que perdura há décadas. O mesmo se pode dizer do sistema
eleitoral para o parlamento. No discurso político todos concordam com a ideia
de aproximar os eleitores dos eleitos, de aperfeiçoar o sistema representativo.
Mas depois pressente-se que a reforma neste sentido do sistema eleitoral poderá
conduzir à reforma do sistema partidário e por essa via à alteração do sistema
político. E essa não há dirigente que verdadeiramente a queira, apesar do
discurso político em sentido contrário. Afinal, uma das manifestações de
reserva mental em que se muitos se especializaram.
6 comentários:
Há várias formas de ultrapassar a relutância dos partidos, nenhuma delas aconselhável e nenhuma delas particularmente benéfica para a saúde dos líderes. Mas que aparecem, isso aparecem.
Caro JMFAlmeida
Qualquer sistema político mantêm-se, desde que obtenha financiamento para o mesmo.
Como, a breve trecho, o modo de financiamento do sistema se irá alterar, o sistema também, se alterará.
Não me refiro ao ordenamento jurídico mas, sim, à capacidade que, de futuro, as entidades estaduais terão para se financiar. Como será fortemente limitada, esse fato, terá um efeito enorme no recrutamento do pessoal político.
A reserva mental apenas atrasa o desfecho.
Cumprimentos
joão
Caro Drº Ferreira de Almeida,
Pelo que li da notícia a reserva mental parece ser comum aos dois intervenientes. O facto da carta não ter sido lida em primeira mão pelo destinatário, parece constituir um bom pretexto para discussões estéreis...
Caro Ferreira de Almeida:
Aqui chegados, não creio que se trate de reserva mental. Para isso seria preciso ter mente. Coisa que me oferece sérias reservas...
Após tantos milénios de existência, os homens não aprenderam ainda a relacionar-se, a comunicar, a entender-se.
O homem acha-se sempre diferente do outro homem. Acha-se mais inteligente, mais forte, mais capaz, etc. E isso, leva-o a querer impôr a sua vontade, os seus pontos de vista, os seus desejos. E porque se acha superior ao seu semelhante, o homem espera ser obedecido, espera que as suas decisões se sobreponham a todas as outras e prevaleçam sobre elas.
Uma "reserva mental" que o incapacita de atingir pontos de equilíbrio e decisões consesuais.
Sobre este tema o "Tempo das Cerejas 2" tem um esclarecedor comentário
http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2012/07/desta-vez-o-perigo-e-maior.html#links
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