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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Competências e novelas policiais


Segundo o Público de hoje, terá sido Franquelim Alves, então Presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público, quem "travou" a proposta de compra dos SWAPS pelo Estado, uma vez que "o gabinete de José Sócrates transferiu decisão sobre as propostas" para o Ministério das Finanças. Acontece que é para isso que servem os serviços, para analisar e dar o seu parecer sobre as matérias que têm que ser decididas, por isso não me parece que tenha havido "transferência" mas sim um procedimento normal quando se quer decidir com fundamento e acautelando os interesses públicos. A importância de haver pessoas qualificadas a estudar os assuntos e pronunciar-se sobre eles com toda a isenção defende quem decide e defende os que vão depois beneficiar ou ser prejudicados pelas decisões.  Mas parece que já ninguém acha importante que se conte com os serviços e com a qualidade do seu desempenho, o que interessa é alimentar suspeitas, fazer uma novela policial do que é ou devia ser a vida normal das organizações e das decisões políticas. E, já agora, Franquelim Alves, que foi vilipendiado e massacrado por ter passado episodicamente pelo BPN, não teve o benefício de ser valorizado pelo seu trabalho à frente do IGCP, não fosse a "pesquisa" para se encontrar o fio da meada que se queria desenrolar a propósito da proposta de um banco ao então Governo e lá ficaria ele com o labéu que insistentemente lhe quiseram colar. Há, realmente, muitas formas de destruir os serviços públicos e quem se presta a neles trabalhar, o que não se sabe é quantos mil milhões custa aos portugueses este constante desmoronar de competências, de descrédito e de maledicência, que afasta ou desmoraliza os que ainda acreditam que é fundamental um exercício isento e competente nas funções públicas.

7 comentários:

Floribundus disse...

o 4º poder da esquerda é o ersatz do velho caneiro de Alcântara com 'vagalhões' a boiar

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
É também por causa de novelas como esta que qualquer dia não há quem queira assumir responsabilidades públicas. As pessoas são acusadas na praça pública e lançadas à fogueira, apurar responsabilidades e retirar as devidas lições não interessa. Entretanto, vai-se assistindo ao definhar da administração pública. É mais um grande problema que está a tomar proporções preocupantes.

Tonibler disse...

A verdade, minhas caras, é que também ninguém defendeu os atacados. As acusações saem de borla, porque é que não se manda uma porcaria qualquer para os jornais? É grátis! Se a coisa ficar muito complicada, faz-se uma comissão parlamentar para afastar a policia do assunto.
A culpa não é dos jornalistas é do acordo (implícito ou explicito) entre as forças políticas que, em prejuízo da democracia, se garante a protecção judicial.

A mim isto já me tinha feito confusão nas presidenciais. O Cavaco foi acusado de roubo. Foi dito que tinha roubado o BPN ou que foi favorecido financeiramente pelo BPN em troca de outros favores. Eu diria que, das duas uma, ou o Cavaco é processado, ou quem o acusou é processado. Mas também, para o tempo que o estado português ainda vai durar, não vale a pena andar com grandes mudanças.

Anónimo disse...

Já de há muito se sabe que os melhores governantes são os que deixaram de o ser e a partir do preciso momento em que o deixaram de ser.

Suzana Toscano disse...

Ocaso Tonibler teria toda a razão se o objectivo destas campanhas fosse "denunciar" o que devia ser esclarecido, mas acontece que não é, o objectivo é mesmo lançar suspeitas sobre a classe política (ou a classe que estiver na berlinda) para os diminuir aos olhos de quem os escolheu democraticamente, não se percebe se para destruir a democracia -o que só por acaso não acontece - se para dissuadir incautos de se apresentar fora da carreirinha dos que serão convenientes. Se com isto se caluniam inocentes de modo a que pareça que ninguém pode arrogar-se estar fora do "jogo" parece não incomodar ninguém, mas o que irrita mais é o tom moralista dos "acusadores", que querem fazer-se passar por grandes defensores do interesse público quando, por ligeireza ou má fé, são eles que intimidam ou afastam os que podiam estar aptos a fazer um bom trabalho. Mas parece que é uma grande vitória quando alguém acaba por "cair"...

Suzana Toscano disse...

Queria dizer " o caro Tonibler", ainda não me habituei a tanta e tão rápida tecnologia :)

Tonibler disse...

Mas esse é o meu ponto, cara Suzana?

Mas custa alguma coisa acusar as pessoas? É de borla! Portanto, na pior da hipóteses não ganho nada. Se for político ou jornalista (claro que a privilégio não se aplica a besuntas contribuintes como eu ) a coisa mais fácil perante alguém que me anda a cortar um subsídio ou publicidade é dizer que ele anda a roubar. Grave é chamar palhaço ao PR, se lhe chamar ladrão mas de forma redonda, do tipo "é no mínimo de honestidade duvidosa que o senhor presidente da república possa ter-se apropriado de algo que não faça parte do seu espólio", isto já é exercício da democracia...
No dia em que as coisas tenham um custo real, vai ver que já é diferente.

Discutir o assunto? Para quê? Não é muito mais fácil eliminar alguém?