Por cada acção do governo, logo os telejornais
procuram uma dúzia de reacções. Sob o impulso pavloviano do microfone, PS, PCP,
Verdes, Bloco, Intersindical, Sindicatos da Função pública e Fenprof e outros tantos de imediato se desdobram em reacções cujo idêntico teor, por
tantas vezes dito e repetido, já enjoa até à náusea (pleonasmo intencional...).
Sempre o mesmo olhar zangado e de mal com a vida, os
mesmos tiques, sempre as mesmas palavras, idênticos os slogans, sempre presente
a ironia grosseira, a ridicularização do adversário, aliás, inimigo e, tantas
vezes, até a ofensa pessoal.
Se sim, é porque não; se faz, é porque não fez e, se
fez, é porque não devia ter feito. Se corrige, é porque anda à deriva e se não
corrige é porque é insensível. Se corta, é inconstitucional e, se não corta, não cumpre o orçamento e aumenta a dívida e os juros.
Sendo as coisas assim, melhor seria, sobretudo para
elas, poupar aquelas alminhas a um trabalho tão repetitivo e com tão pouco
valor acrescentado.Qualquer som ou imagem de arquivo serviria para
ilustrar a reacção. Até que esta deixasse os lugares comuns e se tornasse construtiva
e honesta.
Poupavam entretanto as televisões tempo e dinheiro. Que bem poderia ser
aplicado a ouvir a nação a quem não é dado falar, mas trabalha e luta e não se
resigna. Com valor acrescentado para a democracia. E para os próprios partidos
que a fundamentam.
7 comentários:
O caro Pinho Cardão esqueceu-se de alvitrar outra hipótese, concretamente, a de o governo, revoltado com tanta incompreensão, pedir a demissão em bloco.
Ora, não pede. É porque gosta de lá estar. Quem corre de gosto não cansa...
Os comentadores e a oposição chegam ao ponto de não gostarem das boas notícias para Portugal e os Portugueses.
Uma nausea, sim!
Faz parte da vivência democrática, caro Pinho Cardão, não será a melhor, mas é o que temos e o caminho a seguir é aperfeiçoá-la, o que só é possível se as pessoas aprenderem a distinguir o que deve merecer-lhes crédito do que não deve. Convenhamos que, nesta matéria, ninguém sai isento de críticas, nem os que querem governar nem os que gostariam de impedir a governação... E, se a crise acrescenta o grau de exigência, todos deveriam ter isso em conta.
Caro Jorge Oliveira:
Seria uma hipótese. Mas, sabe, não gosto de criticar os bombeiros que, bem ou mal, procuram remediar o fogo ateado pelos incendiários.
Cara Suzana:
Admito que tenha razão. Mas também me custa a admitir que sejam os incendiários e colaborantes de incendiários a criticar o trabalho dos bombeiros.
Caro Luís Moreira:
Pois, pelo que se vê e ouve, parece ter toda a razão.
Caro Pinho Cardão, nem uns fizeram tudo errado nem outros fazem tido certo, daí a importância de se ouvirem opiniões diferentes e se ponderarem os argumentos porque se há coisa que temos certa é que ninguém sabe qual é a solução para tantos e intrincados problemas. Não acredito em visionários, sejam lá de que faixa política sejam, prefiro os que tomam conselho, ponderem e procedam com a prudência e o acerto possíveis, será essa a virtude da democracia mas também a sua principal dificuldade para quem assume a responsabilidade de governar ou de querer conquistar o poder. Há quem diga que a democracia é um luxo dos países ricos, mas eu prefiro pensar que não é assim, ou que vale bem o que custa, se for devidamente praticada.
Cara Suzana:
Claro que estou de acordo com o que a Suzana escreve.
Mas eu escrevi sobre outra coisa. Escrevi sobre o facto de os partidos da oposição se limitarem a negar o que o governo faz ou não faz. Isto não é emitir opinião diferente, é fazer terra queimada. Seguindo as suas palavras, o conselho que tomam é ser contra, a ponderação que fazem é dizer não, e a prudência é precaverem-se para ganhar eleições e o acerto é a total demagogia para as ganhar.
Lamentavelmente. Mas tal atitude não é exercício democrático. Democracia também exige dos partidos inteligência. Um mínimo, se não se quiser ir mais longe. Caso contrário, acabam por destruí-la.
Receio que seja exigir demais, caro Pinho Cardão, como já tantas vezes comentámos aqui no 4r isso de dizer a verdade e reconhecer as dificuldades não dá votos. Mas também temos que reconhecer que nada de essencial nessa matéria distingue os protagonistas políticos quando mudam as posições relativas, um dos dramas nacionais é a sistemática alteração -mesmo que fingida - das decisões que podiam dar os seus frutos. Ou está tudo errado, ou está tudo certo, consoante a perspectiva, e assim vamos andando aos soluços.
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