O Primeiro-ministro José Sócrates tem destas coisas: quando a contestação à actuação do Governo no combate aos incêndios começa a “queimar”, vira a agulheta para a contestação e deixa a floresta a arder. A peregrina proposta de debate em torno das “causas estruturais” dos incêndios não é mais do que tentar apagar a contestação quando o que se pretende é apagar os fogos.
No meio da manobra é curioso ver como reage o maior partido da oposição. Quanto à proposta, pelas palavras do seu porta-voz, “parece pouco”. Mas o mais curioso é o autêntico acto de contrição que se lhe segue (cito a partir da edição impressa do Público): Instado a comentar as palavras do Chefe do Governo, Azevedo Soares admitiu que os anteriores governos descuraram igualmente as políticas de prevenção dos incêndios: “É necessário reconhecer isso”. “As medidas tomadas pelos responsáveis não têm sido famosas e não se pode esconder esta realidade”.
Fico atónito com o que leio e fico com a impressão que não existiu um Ministro chamado Armando Sevinate Pinto, que não existiu um Plano de Prevenção e Protecção da Floresta contra Incêndios (das melhores iniciativas que se tomaram neste domínio e com as medidas estruturais todas lá metidas!) e que o PSD não esteve no Governo nos últimos anos. O remate final das declarações é esfusiante: O PSD não pretende transformar a questão dos incêndios “num terreno de combate político”. Chama-se a isto sacrificar o combate externo ao ataque interno.
Será excesso de humildade democrática a raiar a auto-flagelação?
Não, não é. É a incorrigível ambição de querer ganhar credibilidade descredibilizando os outros, mesmo os que são do próprio partido.
Já conheço esse truque.
1 comentário:
Não conhecia essas declarações do porta-voz do PSD, talvez por só agora ter vindo do exterior, mas meus caros senhores, para quem conhece a capacidade política e seriedade política do porta-voz em causa não ficará certamente surpreendido, pois não?
Ainda lhe vai tocar um lugarzito na PC.
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