Multiplicam-se as tomadas de posição quanto ao sentido de voto no referendo ao aborto. E utiliza-se um instrumental de argumentos para todos os gostos.
Miguel Relvas, um Deputado social-democrata, antigo secretário-Geral do Partido, assume posição pelo "sim", quando antes era pelo não, e fundamenta, no Diário de Notícias, a sua posição numa razão de modernidade.
"Não podemos ser apenas modernos nas auto-estradas e nas telecomunicações. Evoluí", referiu Relvas!...
Confesso que a argumentação é poderosa e ajustada ao tema!...
Com um pequeníssimo ponto fraco, no entanto: é que, aquando do anterior referendo, já havia auto-estradas e telecomunicações!...
8 comentários:
ehehe! Só faltou dizer que tb tinha um penteado mais moderno...
A necessidade de falar, sobrepõe-se à faculdade de dizer. Estará o Sr. Relvas a tentar estabelecer algum tipo de analogia entre uma auto-estrada e necessidade de despenalizar o aborto?
Será, caro Pinho Cardão, que aquela auto-estrada, vai conseguir levar mais rápidamente os nossos legisladores ao reino da luz? E se, encontrada essa luz que irá talvez trazer a clarividência a quem legisla, ficarão abertas todas as janelas para o entendimento da realidade social do nosso país? Ficarão definitivamente conhecidas as precárias condições de vida de grande numero de mulheres e a consequente falta de condições mínimas para gerar e criar uma criança?
Porque é que quando alguém muda de opinião aproximando-se da nossa própria opinião, isso é sinal de inteligência, mas se a mudança for no sentido do afastamento da nossa opinião isso já é falta de carácter?
Caro Pinho Cardão
É dos poucos assuntos que não tenho uma opinião, mas não me inibe de apresentar um comentário.
Antes de mais a questão em Portugal só não é um assunto imbecil pelas consequências trágicas que, ainda, produz.
A nossa lei actual foi copiada, e isso mesmo é dito no preâmbulo, para a lei espanhola, porque será que em Espanha funciona e aqui não? Até vão daqui abortar a Mérida.
Mas este tema levaria a questionar o papel das Ordens Profissionais, algo que é perfeitamente medieval, mas que achamos que devemos ter. À falta de um controle por parte do Estado, venha o auto controle (?).
No Reino Unido a correspondente médica vela pelo acesso e pela boas práticas, não pela conduta moral e pelas opiniões políticas e filosóficas, como a Portuguesa.
Relativamente ao tema convêm lembrar que a (actual) posição da Igreja Católica data de finais do sec XIX, até aí aceitava a prática antiga de abortos, se fosse mulher até aos 40 dias de gravidez, e homem 30 dias. A técnica mais usada era o talo de alfaçe.
Na Grécia antiga o infanticídio era uma prática comum, como demonstram as escavações e aceite socialmente (convêm recordar que os modelos de sociedade (da antiguidade) que desejamos consagrar como nossos, são muito mais alíenigenas do que possamos imaginar).
A mudança de ética e moral que considera que a criança tem direitos (algo que lhe era negado até à cerimónia de iniciação) e os avanços da ciência que permitiram coonfirmar que vida existe desde o momento da separação da primeira célula, veio colocar problemas éticos insolúveis face a uma prática ancestral.
O problema volta a colocar-se como antes, quando nascemos ? Mas no sentido social e não biológico.
(Não podemos considerar que os povos antigos não tinham ética e, acresce que, nos mamíferos a peservação da espécie é um instinto muito forte, pelo que só interesses mais imporrtantes prevaleçem sobre a peservação e o elo com o progenitor(es)).
Talvez a questão deva ser abordada de um modo diferente: quando morremos? O conceito está em crise, pelos avanços das técnicas médicas. Hoje podemos manter corpos (?) em vida vegetativa durante vários anos. Porque se podemos "matar" antes do fim biológico,porque se morreu socialmente, o que nos impede de "impedir" que surga socialmente?
O resto, peço imensa desculpa é conversa.
Resolva-se este dilema e o outro está resolvido, resolva-se o primeiro, e este último está resolvido.
O que lhe garanto é que não será uma prática nova para as civilizações humanas.
Cumprimentos
Adriano Volframista
Eu não gostei mesmo nada foi a de o "aborto, no sec XIX não ser penalizado na gravidez do homem até aos 30 dias..."! Porquê esta descriminação para com a mulher, a quem se permitia o aborto até aos 40 dias?
Ora bolas...feministas!
A questão do aborto não se coloca hoje no século XXI do mesmo modo que se colocava há tempos atrás. Existem hoje dos mais acessíveis e variados métodos anticonceptivos; existe até a pílula do dia seguinte.
São métodos baratos e eficazes de combate ao aborto.
Por razões humanistas no seu sentido mais lato, considero errado o facilitismo com que os defensores do aborto tratam o tema. Considero como razoável que sociedades comunistas do princípio do século, como as repúblicas soviéticas, sem outros meios, “resolvessem” questões como o aborto assim, com esta facilidade. Nos tempos actuais, este facilitismo de resolver dificuldades parece-me anacrónico e eticamente reprovável.
Por outro lado, não se entende que os argumentos dos defensores do sim, se restrinjam às 10 ou 12 semanas. Os argumentos são do mesmo modo válidos para vinte, trinta ou quarenta semanas. O ser gerado no ventre da mãe não oferece nenhuma alteração qualitativa, nenhuma salto qualitativo no seu desenvolvimento contínuo que permita estabelecer diferenças, datas ou prazos para o aborto.
É uma assunção mecanicista, quanto a mim, muito pouco evoluída.
Este equívoco e esta contradição, retira toda a força de argumentos aos partidários do sim. Os exemplos dos países comunistas são válidos porque à luz da evolução tecnológica de então seria "aceitável" uma tal solução. Manter soluções iguais, hoje, parece-me uma atitude retrógada perante o problema. Parecendo progressista, o sim ao aborto, traduz hoje, uma posição conservadora perante a vida e a sociedade.
Não tenho nenhuma "irritação" quanto aos partidários do sim. Move-lhes a vontade de solucionar este problema social. Só que a “solução” preconizada não será aceitável no estágio da evolução humana actual, no estágio dos direitos humanos alcançados já pela humanidade.
Caro Pinho Cardão, o que retenho na afirmação de Miguel Relvas é ele considerar, com tamanha satisfação, ter evoluído, enquanto ser humano, por passar a dar o seu sim ao aborto.Vindo dele, não me surpreende, mas registo tal conceito de evolução. Quando um ser considera a sua própria espécie tão descartável, que a sua destruição voluntária lhe é sinónimo de evolução, ou não pertence à espécie humana, ou, se pertence, é demasiado néscio para perceber o conceito de evolução.
Concordo em absoluto com Miguel Relvas.
Não podemos ser modernos apenas nas AE, ou nas Telecomunicações...nem nas roupas nem nas musica, nem no instrumental! Mas no substancial, no essencial...???!!! COMO? Então hoje nao somos donos da vida de alguem, e amanhã, mais "modernaços" já podemos tirar a vida aí a qualquer um, porque evoluimos na modernização? Haja moderação!
Estou mesmo antiquado, eu que me sinto um jovem, liberal, moderno...
Aceito que esta é uma questão do foro da consciência individual, ou de conceitos da propriedade da vida!
Agora...achar que o cerne da discussão ou do sentir individual sobre o aborto é algo de "tecnologico"...só mesmo vindo de alguem que apanhou um "choque"!
Coitado deste País!....
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