O Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade foi ontem formalmente apresentado na Amadora pelo senhor Primeiro-Ministro.
Mais uma vez, e independentemente do mérito do plano, não resistiu o Governo à tentação da propaganda, ao fazer o habitual discurso da quantidade: aprovou noventa e não sei quantas medidas.
O tema é, sem dúvida, por demais sério e importante para não ser instrumentalizado. O que se fizer de bem a favor dos cidadãos com deficiência não deveria servir de contraponto ao impacto das opções orçamentais que os vão penalizar, como este anúncio faz suspeitar.
Mas se é sério e importante, não deveria levar a Oposição, e em especial o PSD, a ter uma palavra sobre a matéria? O que fazer para superar esta incapacidade de reagir em assuntos onde não pode existir omissão sob pena de deixar de haver Oposição?
2 comentários:
O dia em que se começam a cobrar impostos a pessoas com deficiências seria o dia em que deveríamos parar para pensar sobre o porquê de o estarmos a fazer, quer a estes, quer aos outros. Seria, talvez, o dia em que deveríamos radicalizar posições, em que deveríamos questionar o próprio estado, a sua organização, a sua necessidade. Afinal, um estado que existe para proteger os mais necessitados vai tirar aos deficientes para gastar dinheiro no ordenado do ministro das finanças que, parece-me, será a primeira despesa inútil nesta situação, não é estado que se apresente a ninguém, nem mesmo ao mais mole dos povos.
O PSD? Parece-me ser daquelas alturas em que se procura alguém diferente e se demonstra que são todos iguais...
Perde o país, porque se recua duas décadas na protecção social a pessoas portadoras de incapacidade. Mas perdem principalmente estes, deficientes, que já enfrentam tantas dificuldades de inclusão, ao verem um dedo apontado que os chama de privilegiados e os expõe em vez de os proteger e, mais grave que isso, que os abandona à sua sorte na superação das incapacidades de que são portadores. Ainda não vi isto escrito em lado nenhum, mas os deficientes portugueses sentirão nos seus orçamentos familiares, no próximo ano, um corte substancial, correspondente à taxa de IRS aplicável ao seu nível de rendimentos. Este corte ultrapassa os 200 euros em muitos casos.
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