A senhora Dr.a Maria José Nogueira Pinto absteve-se hoje na votação do Orçamento para 2007 da Câmara em que tem assento como vereadora, a Câmara Municipal de Lisboa.
Disse do orçamento proposto o que não se atreveu a dizer toda a restante oposição. Descreveu-o como «ininteligível, inquietante, imobilista e incoerente». Nem mais nem menos. Ininteligível. Inquietante. Imobilista. Incoerente. E mesmo julgando-o assim, não votou contra, bem sabendo que a sua abstenção acabaria por viabilizar a aprovação do documento.
Não me espanta esta atitude, coerente com o tacticismo habitual com que se tece a política em Portugal mas também o plano inclinado por onde anda a credibilidade dos políticos.
O que já confrange é a explicação dada pela senhora Vereadora para não votar contra. Declarou ela que não quis "dar um enorme alibi" ao presidente Carmona Rodrigues para não governar a Câmara!
Se não soubéssemos o que está por detrás desta atitude, ficaríamos então a conhecer que para a Dr.a Maria José Nogueira Pinto uma Câmara, com a dimensão e as responsabilidade como a de Lisboa, pode ser governada, sem alibis, com um orçamento "ininteligível, inquietante, imobilista e incoerente".
Se depois dos episódios que se têm sucedido na Câmara de Lisboa restasse aos mais directamente envolvidos um pingo de dignidade, estaríamos por certo confrontados com outro desfecho. Em nome da decência na política.
1 comentário:
vamos vê-los frente a frente dentro de minutos na RTP. Tb gostava de perceber a coerencia inteligivel da sra vereadora...e as razões do acordo de bastidores.
Pobre país que cai, todos os dias, neste imobilismo inquietante!
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