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terça-feira, 26 de dezembro de 2006

“Está doente? Vá a Cuba!”…

O estado de saúde de Fidel Castro tem sido objecto de várias opiniões. De acordo com o governo cubano, o senhor não tem cancro. Teve um problema intestinal (hemorragia) e foi operado. Agora chamaram um cirurgião espanhol que afirmou que estava a recuperar muito bem. Aliás se é verdade a sua expressão: “A sua condição física é excelente, a actividade intelectual permanece intacta – eu diria fantástica – e está a recuperar bem da operação”, então, o homem irá aparecer um dia destes em grande! Só não percebo duas coisas. Por que razão foi chamado o médico catalão, se o senhor está a recuperar tão bem? E se o homem está doente, por que é que não vai a Cuba? Não é aí que estão os médicos que fazem curas maravilhosas? Pelo menos, é o que demonstra as frequentes reportagens televisivas e peditórios para obter cura naquelas paragens…

3 comentários:

Pinho Cardão disse...

Sempre oportuno, caro Professor!...

RuiVasco disse...

Confesso que tive rigorosamente a mesma reacção perante essa historia do medico espanhol! Com a sempre presente e publicitada informaçao, que a medicina em Cuba é das mais avançadas do Mundo, porque tem de ir um pobre Iberico ate lá, ver que o homem está bem!
Digamos, que a farsa continua! Ridicula, para salvar um regime! Para salvar uma figura? Para enganar o quê e quem, e com que objectivos? Este é o enigma! É que manter um morto, dando-o como vivo durante algum tempo, por razoes de segurança, politica ou outras, existiu, mas foi há decadas! Hoje, a sociedade da informaçao entre os muitos defeitos trouxe esssa enorme vantagem: estamos todos mais informados e de "olho mais aberto"!
Será que se está a ganhar tempo para tentar vitimizar o DITADOR, gerir a imagem, de forma a que, mais uns tempos passados, a nossa generosidade e misericordia o olhem como um Dirigente forte que sofreu e morreu pelo seu povo?
Se não fosse uma vida humana eu diria que isto era mais "estória" do anedotário da politica internacional!

Antunes Pedroso disse...

Uma análise simples da situação interna cubana levará sempre em conta a premissa de que as autoridades de Havana jogam o mesmo jogo há 50 anos. Há que conhecer as regras, para não se deixar degradar o quilate das relações com Cuba que, num passado mais ou menos recente, chegou a materializar-se através (1) da não concretização de alguns negócios - mais de tomada de posição do que de expressão volumétrica, (2) da expulsão de gestores ocidentais com responsabilidades nas empresas mistas e, muito pior, (3) da perda de influência na condução dos acontecimentos.

A patologia de Castro gera insegurança nos próprios cubanos. Apesar do secretismo quanto à situação clínica do líder cubano, é racional considerar-se adquirido tratar-se de uma doença séria, afectando o estômago ou os intestinos e provocando hemorragias. A sua gravidade confirma-se pelo facto de Castro ser actualmente tratado por médicos estrangeiros, o que é comprovado por não haver qualquer fuga de informação sobre o seu estado, impossível se estivesse nas mãos de profissionais cubanos.

No momento actual, em que parece inviável um seu regresso total ao poder, é importante para os países da UE e outros estar presente e de modo muito atento em Havana, procurando manter uma boa interlocução com todos os actores do regime e usar de suma prudência, sem gestos grandiloquentes. Ao contrário do que pode julgar-se, tornou-se agora mais difícil aferir a evolução política do país, dado que os cubanos - incluindo a oposição - apresentam sinais de paralisia, de desconhecimento de como reagir.