Comentávamos ontem entre amigos a recorrente questão da educação dos filhos, qual a atitude que devemos ter perante os seus quereres, como se distinguem o capricho e a instabilidade do curso próprio da afirmação de personalidade.
Quando eles chegam à idade adulta, são o espelho das influências que receberam, diluídas ou potenciadas pelo carácter ou feitio que processa essas mensagens. E vamos sempre parar à magna questão da dificuldade de dizer “não”, e de como fazê-lo de forma construtiva, ou formativa, sobretudo se o passado não foi marcado por actuações firmes que pudessem construir crédito para o futuro.
O facto é que dizer “não” dá imenso trabalho. Um trabalho aturado, persistente, de presença atenta, que não adia conversas nem se compadece com o cansaço de um dia de trabalho. E a soma de muitos momentos de complacência – não com eles, mas connosco próprios, para nos poupar à maçada da explicação e da reacção, - dá mais tarde origem a jovens inseguros, incapazes de resistir com coragem aos dissabores da vida, que buscam nos outros a satisfação dos seus desejos sem que estejam aptos a, por sua vez, dar um pouco de si próprios.
O exemplo conta imenso, é um facto, mas tem que ser percebido, não é fácil para uma criança ou a um jovem adolescente perceber o modo de vida e as convicções dos pais que passam por eles a correr ou que estão por perto a olhá-los sem olhos de ver.
Retive o comentário de um dos presentes, dizendo que “nós queríamos aprender a gostar do que fazíamos e eles agora só querem fazer o que gostam”… Como é que podemos aprender a lidar com essa perspectiva sem nos tornarmos um obstáculo que se arreda com enfado, numa repetição monótona do chamado choque de gerações??
O exemplo conta imenso, é um facto, mas tem que ser percebido, não é fácil para uma criança ou a um jovem adolescente perceber o modo de vida e as convicções dos pais que passam por eles a correr ou que estão por perto a olhá-los sem olhos de ver.
Retive o comentário de um dos presentes, dizendo que “nós queríamos aprender a gostar do que fazíamos e eles agora só querem fazer o que gostam”… Como é que podemos aprender a lidar com essa perspectiva sem nos tornarmos um obstáculo que se arreda com enfado, numa repetição monótona do chamado choque de gerações??
5 comentários:
Cara Suzana:
Não posso estar mais de acordo com as suas preocupações! Também que o exemplo, a atenção e a preocupação ( que eles sentem e gostam de sentir, mesmo que não pareça) são a maior influência e e o melhor sistema!
Porem é verdade que os tempos, mudam todos os dias! A disponibilidade dos pais, o convite do exterior, por todas as vias, a panóplia de alternativas e de apelos, são s grandes dificuldades! Mas...não tenhamos tb ilusões: Os mesmos pais, com os mesmos comportamentos e padrões, perante filhos da mesma idade e portanto sujeitos aos mesmo "sistema", criam filhos completamente diferentes! ( 2 gemeos, dos mesmos pais, e antagonicos na sua personalidade e comportamento, quantos conhecemos?) Há genes, carateristicas individuais do adolescente, que têm um peso enorme, na impossibilidade de pensar ou admitir a definição de padrões ideais, ou mesmo, de denominadores comuns na educação. O exemplo, a atenção, o acompanhamento, a tal preocupação sentida pelo jovem, ajudam muito, é facto! Mas, e mais ainda hoje, há imponderáveis que não controlamos, e a genética pode justificar, mas nunca explica.
Este é o drama e o desafio de ser pai ou mãe!
Sem dúvida, tem razão. Sabe que há uns dias participei num debate organizado por jovens da JSD e o tema era "A influência da comunicação social nos jovens". Fique muito admirada com a facilidade com que eles admitiam que os programas "maus" fosse cortados, a publicidade vigiada, etc. Em resumo, reconheciam a influência mas punham-se de fora, à espera que alguém tomasse conta deles. E revoltavam-se por ver que "ninguém faz nada"! Como se num mundo global, eles que vivem agarrados à internet, pudessse (ou devesse!!)alguém a controlar. A única forma é desenvolverem o seu sentido crítico, terem os princípios básicos bem definidos, depois cada um receberá as influências de todos os lados e surgirá sempre como um ser autónomo, diferenciado, melhor ou pior que o seu irmão gémeo.
Excelente ponto de vista. O momento de mostrar confiança nos nossos filhos é muito mais difícil do que dizer "não". A conversa que suscitou o meu post começou exactamente com um caso em que se disse "sim" e que gerou polémica sobre se seriam os pais a facilitar para não ter que enfrentar a reacção ao "não", ou se seria altura de deixar as asinhas baterem sozinhas, como bem refere no seu comentário.
Creio que esta dúvida, cara Senhora, irá perdurar eterna. E não será somente em relação ao "não" ou ao "sim", mas também, em relação á certeza do momento certo de os proferir.
Dizia-me um amigo, pai de um rapaz de 17 anos, que trocava de bom grado uma boa parte dos seus bens pessoais, pela certeza das decisões a tomar, relativamente à educação do filho. É frequente constatarmos este tipo de dúvidas entre os pais que conhecemos e que, tal como nós vivem a angústia de conciliar equilibradamente as decisões educacionais, com as exigências e hábitos dos tempos actuais. No que respeita ao modo de educar, ou à forma como ela è aceite e apreendida, penso que não ha receita infalível. Tenho a experiência de educação de 2 filhos, um com 25, outro com 20 anos. Muitas vezes tentei antecipar conversas que visassem prevenir hipotéticos acontecimentos indesejáveis. Verifiquei, que a minha atitude não era compreendida, imagino até que apesar de todo o tacto utilizado para ir ao encontro dos temas que desejava debater, os meus filhos deviam estar a ver-me como um extra-terrestre. Optei por alterar o meu modo de entender e de fazer entender, o meu e os pontos de vista deles. Optei por responsabiliza-los mais pelas suas decisões, nunca deixando de lhes fazer sentir o meu completo apoio em qualquer circunstância, e sempre que a "coisa azedava" um pouco mais, colocava à sua consideração a melhor solução, colocando-os no meu lugar e pedindo-lhes a solução. Porém, atenção e apoio permanentes, parecem-me ser a melhor forma de fazer entender aos nossos filhos, que os os amamos e que desejamos que cresçam em harmonia com tudo o que os rodeia, não descurando a sua segurança e bem estar.
É verdade tínhamos que aprender a gostar do que fazíamos.
E o corolário era:
"Quando começares a saber, logo começas a gostar..."
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