Um fim de semana comprido, sol, praia e campo têm o condão de nos fazer alhear dos problemas que nos preocupam ou que exigem a nossa atenção durante o resto do tempo. São uns dias de tréguas que nos lembram também como se pode tirar grande prazer de mil e uma pequenas coisas que, na correria dos dias, nos vão passando despercebidas.
Só a lentidão das horas longe do bulício e dos compromissos é que deixa passear na areia molhada, ir até às rochas, ficar a ver os miúdos a apanhar caranguejos com baldes e peneiras, soltando gritos de entusiasmo que nos fazem rir por puro contágio.
Só o silêncio do fim de tarde dá aquele ambiente mágico em que tudo se suspende quando o sol desliza suavemente no horizonte, o céu vivo de vermelho, amarelo e rosa e depois desmaiando, devagarinho, devagarinho, até ser só um traço da memória do astro. E nós olhamos as tonalidades e alvitramos, “amanhã vai estar calor” ou então “já há neblina no horizonte, manhã de nevoeiro”, mas as palavras não interessam, são usadas para nos trazer à realidade, para abrir uma fresta naquela campânula morna e silenciosa que nos envolve com a doçura da última luz de um dia de Verão.
É depois desta pausa que nascem os ruídos da noite. Começam aqui e ali, timidamente, um pio, o coaxar de um sapo, depois as cigarras, um pássaro desorientado a voar rente ao alpendre agita o ar tépido com a sua pressa mas a sombra da noite já lhe esconde o destino, ficamos sem saber onde construiu o ninho. Com sorte, aparecem os pirilampos, a semear os canteiros de pontinhos luminosos, como se ensaiassem uma breve dança mesmo antes de serem ofuscados pela luz das estrelas multiplicadas até ao infinito da abóbada celeste.
Só o silêncio do fim de tarde dá aquele ambiente mágico em que tudo se suspende quando o sol desliza suavemente no horizonte, o céu vivo de vermelho, amarelo e rosa e depois desmaiando, devagarinho, devagarinho, até ser só um traço da memória do astro. E nós olhamos as tonalidades e alvitramos, “amanhã vai estar calor” ou então “já há neblina no horizonte, manhã de nevoeiro”, mas as palavras não interessam, são usadas para nos trazer à realidade, para abrir uma fresta naquela campânula morna e silenciosa que nos envolve com a doçura da última luz de um dia de Verão.
É depois desta pausa que nascem os ruídos da noite. Começam aqui e ali, timidamente, um pio, o coaxar de um sapo, depois as cigarras, um pássaro desorientado a voar rente ao alpendre agita o ar tépido com a sua pressa mas a sombra da noite já lhe esconde o destino, ficamos sem saber onde construiu o ninho. Com sorte, aparecem os pirilampos, a semear os canteiros de pontinhos luminosos, como se ensaiassem uma breve dança mesmo antes de serem ofuscados pela luz das estrelas multiplicadas até ao infinito da abóbada celeste.
5 comentários:
Mas...
Estará a caríssima Drª. Suzana a escrever-nos sobre as sensações de uma breve constatação?
Ou deu início à descoberta de mundo, sobre o qual já lhe tinham chegado alguns rumores?
Acompanho-a no pensamento que fica implícito nestas reflexões...
"Só a lentidão das horas longe do bulício e dos compromissos é que deixa passear na areia molhada, ir até às rochas, ficar a ver os miúdos a apanhar caranguejos"
A partir daqui todo o pôr-do-sol é uma benção e, como tal, só pode ser lembrado, desejado e guardado como o tesouro mais valioso.
:)
Digamos, caro Bartolomeu, que é uma sensação sempre renovada...
Cara Dra. Suzana Toscano:
Bela sugestão para uma pausa em harmonia com as coisas simples da vida , como essa de escutar os “sons da natureza”.
Às vezes faz-nos muita falta, mexer nas ervas, ouvir os pássaros nesse silêncio profundo...
Já viram um bando de saguins a observar o por-do-sol, enquanto a passarada enche o ar com gritos de dia cumprido? Eu já. E não sabia quão afortunado era.
Mas, claro, ainda sou. De outra forma e noutro lugar. Até há quem partilhe estes momentos connosco...
Suzana
Um pouco longe de Portugal também eu estou rendida a "pequenas" maravilhas que em tempo de repouso me despertam e concentram a atençao e me fazem olhar com mais ternura para a vida...
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