As coisas que não se passam! Fiquei pasmada com o que li na imprensa esta semana sobre as fardas das forças de segurança – PSP e GNR. São tantos os absurdos que praticamos e que teimamos em não resolver que já não sei mesmo porque fico espantada!
Este País em muitas coisas parou no tempo. O problema é que os tempos, entretanto, são outros. Queremos ser desenvolvidos e avançar a toda a velocidade rumo ao progresso mas esquecemos de cuidar do essencial.
Pois bem, tomemos nota do que se passa com as fardas que vestem as nossas forças de segurança:
1. Em 1989 o subsídio de fardamento era de 1.000 escudos/mês.
2. Em 2008 o subsídio mantém-se inalterado, 5,5 €/mês, isto é, 66 €/ano.
3. Decorreram 20 anos e o subsídio não foi actualizado.
4. As fardas são fornecidas pelas instituições mas são pagas pelos polícias.
5. Os gastos acima do subsídio são descontados em prestações mensais na remuneração dos polícias durante um determinado período de tempo.
Este extraordinário retrato levanta-me uma questão central. As fardas das forças de segurança são inerentes à função. Isto é, os polícias não podem desempenhar as suas funções sem farda. Ou podem? A resposta só pode ser, não podem, pelo que as fardas deveriam ser fornecidas e pagas pelas instituições, de acordo naturalmente com um determinado nível de necessidades e requisitos técnicos e bem assim de acordo com regras de boa utilização, conservação e manutenção.
Afigura-se-me imoral que os polícias tenham que custear o fardamento que as respectivas instituições estabelecem como obrigatório no exercício de funções.
Uma outra questão lateral, mas que no regime de financiamento existente ganha a maior relevância, prende-se com o facto de o subsídio actual não ser actualizado há 20 anos, revelando-se totalmente desajustado - não é preciso fazer muitas contas de matemática - à evolução do valor das remunerações e do custo de vida registados desde 1989 até à presente data.
Segundo contas feitas pelo DN o subsídio anual de 66 € não dá para pagar um kit de fardamento composto por:
um par de botas (37,43 €) +
Pois bem, tomemos nota do que se passa com as fardas que vestem as nossas forças de segurança:
1. Em 1989 o subsídio de fardamento era de 1.000 escudos/mês.
2. Em 2008 o subsídio mantém-se inalterado, 5,5 €/mês, isto é, 66 €/ano.
3. Decorreram 20 anos e o subsídio não foi actualizado.
4. As fardas são fornecidas pelas instituições mas são pagas pelos polícias.
5. Os gastos acima do subsídio são descontados em prestações mensais na remuneração dos polícias durante um determinado período de tempo.
Este extraordinário retrato levanta-me uma questão central. As fardas das forças de segurança são inerentes à função. Isto é, os polícias não podem desempenhar as suas funções sem farda. Ou podem? A resposta só pode ser, não podem, pelo que as fardas deveriam ser fornecidas e pagas pelas instituições, de acordo naturalmente com um determinado nível de necessidades e requisitos técnicos e bem assim de acordo com regras de boa utilização, conservação e manutenção.
Afigura-se-me imoral que os polícias tenham que custear o fardamento que as respectivas instituições estabelecem como obrigatório no exercício de funções.
Uma outra questão lateral, mas que no regime de financiamento existente ganha a maior relevância, prende-se com o facto de o subsídio actual não ser actualizado há 20 anos, revelando-se totalmente desajustado - não é preciso fazer muitas contas de matemática - à evolução do valor das remunerações e do custo de vida registados desde 1989 até à presente data.
Segundo contas feitas pelo DN o subsídio anual de 66 € não dá para pagar um kit de fardamento composto por:
um par de botas (37,43 €) +
um chapéu (5,41 €) +
umas calças (20,58€) +
uma camisa (7,52 €) +
uma camisa (7,52 €) +
um blusão (41,98 €), tudo num total de 112,92 €. E para se ter uma ideia do absurdo, atente-se à remuneração mensal de um polícia no início de carreira, 750 €. Para os mais endinheirados a opção (facultativa) por um blusão de cabedal monta em mais 200 €. Bem útil no inverno.
Enquanto o nível de conflitualidade se mantiver na discussão de questões tão básicas como o fardamento, que pode originar protestos e lutas variadas, não temos que nos admirar que os polícias possam estar preocupados e desmotivados e façam do fardamento uma matéria de reivindicação sindical!
É, realmente, o cúmulo!
Enquanto o nível de conflitualidade se mantiver na discussão de questões tão básicas como o fardamento, que pode originar protestos e lutas variadas, não temos que nos admirar que os polícias possam estar preocupados e desmotivados e façam do fardamento uma matéria de reivindicação sindical!
É, realmente, o cúmulo!
7 comentários:
Não há apenas esse cúmulo.
Há vários "cúmulos" no que à PSP concerne. Infelizmente...
O risco de vida a que está sujeita esta classe profissional é cada vez maior, e por isso, penso que, os polícias que são operacionais, deveriam usar SEMPRE um colete de protecção, confortável, conforme usam por exº muitos polícias ingleses, no dia a dia.
Quanto ao Gabinete de Psicologia da PSP, pelo que sei, não me parece que responda eficazmente às necessidades de rastreio e acompanhamento de problemas do fôro psicológico, que ocorrem COM FREQUÊNCIA nesta classe profissional, e que parte das vezes, acabam por desembocar na prática de suicídio.
Continua por resolver a necessidade de mais viaturas e efectivos em cidades da região metropolitana de Lisboa, com forte densidade populacional e com actividade de "crime" de uma "certa" grandeza.
Um carro patrulha e dois efectivos para uma cidade de 80 000 habitantes, é manifestamente insuficiente.
Mas é o que há !!!
:-(
-Li algures, não sei se será verdade, que alguns agentes optam por comprar fardamento contrafeito nas feiras, a ser verdade é inacredidavel e bizarro.
Aí está mais um caso inacreditável num país que quer ser europeu. Para manter a nomenklatura nos imensos institutos públicos, empresas municipais, empresas semi-públicas, empresas públicas, etc, etc, é naturalmente necessário obrigar a polícia a pagar o seu próprio e obrigatório fardamento e equipamento...!
Cara Margarida Aguiar
Tão grave como o rocambolesco da farda, e do encargo que representa para os polícias, (algo inacreditável, face aos princípios constitucionais- tenho dúvidas que,em casos onde a indumentária é obrigatória para o funcionário, seja o mesmo a custeá-la, mas adiante) é darem-lhes uma arma e, até há bem pouco tempo, não exigir e pagar mínimos de treino com as mesmas.
Só quem nunca atirou, em especial com uma pistola, pode conceber que se dê uma arma a um cidadão e não lhe ofereça treino regualar. em contrapartida, punem se ele matar alguêm ( algo que é mais do normal para quem não tem treino).
Não admira que estejam descontentes e que as coisas, possam piorar ainda mais
Cumprimentos
Adriano Volframista+
Cara Margarida
Já tinha a noção que as nossas forças paramilitares passavam por uma crise, até de identidade, mas que os profissionais se vissem a braços com problemas que certamente lhes corroem a dignidade e seguramente a motivação, isso, confesso, que não fazia a mínima ideia. É evidente que este estado de coisas é humilhante para quantos trabalham nessas forças, mas é sobretudo péssimo para o cidadão comum que fica cada vez mais com a noção do risco em que vive, num país a cair de tripeça do ponto de vista económico e onde o desemprego está na ordem do dia. Não se esqueça que essas corporações são diariamente desautorizadas, até a nível judicial! Lembram-se desta frase lapidar de um actual ministro: " esta não é a minha polícia". Pois é.
o antónio das iscas não fazia a mínima ideia deste "pequeno detalhe" do pagamento do fardamento pelos próprios agentes de segurança.
Um detalhe que vem de longe, já que tem atravessado governos PSD e PS, sem que seja tomada uma medida que reponha a dignidade perdida destes agentes.
Agentes dos quais todos nos lembramos MUITO, mas é só quando estamos aflitos...... (.... "socorro, ó da guardaaaaaaa .... !!!!" .... não é assim que fazemos se temos um problema grave de segurança ???)
Há muitos mais "pequenos detalhes" da dignidade perdida dos nossos agentes de segurança (e incluo tb a PJ, "casa" onde às vezes até falta o papel higiénico. Não acreditam ??? .... Verdade !!!), mas dizia eu... detalhes que não são do nosso conhecimento, enquanto cidadãos.
E porquê que não o sabemos ?
O Agente de Segurança não "pode" falar.
Se falar, pode pôr em causa, a sua sobrevivência e a dos seus familiares, que dele dependem.
Incrível, não é ? Pois é.
Mais "um detalhe".
Eu acho é que já é tempo (também) de os senhores comissários e sub comissários passarem a participar do policiamento de proximidade e do patrulhamento, e deixarem-se de .....alcatifa e ar condicionado dos gabinetes, da Direcção Nacional.
Assim, sim ,,,,, teremos uma Melhor Polícia.
(qto ao valor de remunerações que recebem é manifestamente baixo, tendo em conta, a profissão de alto risco que é SER POLÌCIA, numa sociedade como a nossa, que está cada vez mais perigosa)
Cara Pézinhos n Areia
De facto os "pequenos detalhes" são muitos e datam de há muito tempo, perante a ausência de medidas concretas para os resolver.
Nos mais diversos sectores estamos confrontados com questões que são bem a prova viva de que não fomos até agora capazes de encetar reformas com cabeça, tronco e membros, com princípio, meio e fim.
"Pequenos detalhes" que nos envergonham a todos, que desconhecemos, de que pouco ou nada se fala. Tudo o que se prende com a dignidade do exercício de funções de soberania e que envolvem a prestação de serviços públicos essenciais (veja-se também o que se passa com as recentes notícias relacionadas com as instalações dos tribunais) deveria merecer especiais cuidados. Não há justificação para que ao fim de décadas não tenhamos sido capazes de resolver os "pequenos detalhes". Uma coisa é certa, é que sem os resolvermos nunca seremos um país desenvolvido. Meter a cabeça debaixo da areia e atirar para a frente os problemas para os outros os resolverem não é solução. Aliás, está à vista o resultado...
Caro António de Almeida
A notícia do DN dava conta que há polícias que adquirem fardas na chamada "candonga" porque aí conseguem preços mais baratos. Percebe-se!
Caro Fartinho da Silva
Pois é, os nossos impostos não chegam para tudo! Andam realmente muito mal distribuídos!
Caro joao
Mais uma que não sabia! Será mesmo assim? As armas são fornecidas sem treino de uso? Como é que é possível!?
Caro antoniodasiscas
Humilhação, indignidade, desmotivação. É pouco para caracterizar a desqualificação das forças de segurança. Não merecem, não merecemos! Quando é que vamos ter um governo que seja capaz de tomar medidas efectivas, ainda que sejam aplicadas gradualmente, para acabar com os "pequenos detalhes"?
O argumento de que não há dinheiro não pode ser a desculpa para durante anos se acumularem erros do tipo da não actualização desde 1989 do subsídio de fardamento. Chega a não haver palavras para qualificar este estado de coisas.
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