Em 6 de Março de 2005, escrevi neste blog um texto desejando boa sorte a José Sócrates.
E associei-lhe cinco razões numa espécie de guião que desarmaria a oposição.
Passaram 1202 dias.
José Sócrates não teve sorte.
Parece que se sucedem as desgraças - e não julguem que estou a pensar no futebol.
Hoje, temos mais problemas que em 2005. No desemprego, na pobreza, na estagnação económica.
Nem a questão do deficit é um dado adquirido.
Hoje, temos uma sociedade mais intranquila que em 2005. No pessimismo que grassa, na ausência de perspectivas, nas desgraças que se sucedem.
Os portugueses começam a viver em aflição.
Hoje, temos uma vivência mais insegura que em 2005. Nas ameaças que sentimos, nos assaltos que são notícia, nos actos de vandalismo a que assistimos, na fragilidade e precariedade que nos rodeia.
Nestes 3 anos Portugal regrediu.
E as desilusões multiplicaram-se.
Este país assemelha-se àquele desgraçado que cada vez que tentava colocar a cabeça fora do buraco levava uma “cacetada”.
Já andamos nisto há demasiado tempo.
Não temos o direito de culpar José Sócrates por tudo o que sucedeu.
Mas se estivéssemos a vivem um bom momento, ele seria o primeiro a vangloriar-se.
Faz parte do jogo.
Ora, neste fim-de-semana, o jogo deverá mudar.
É saudável que exista oposição.
Mesmo que digam que Manuela Ferreira Leite é muito parecida com José Sócrates.
Esta simples comparação, que considero falsa, encerra uma evidência.
É o reconhecimento de que surgiu uma alternativa.
Boa sorte Dra Manuela!
9 comentários:
Subscrevo por inteiro, caro Vitor Reis.
Também digo: Boa Sorte, Drª Manuela!...
Muito boa sorte, para ela e para nós que ela a tenha! Muito bom post, muito oportuno e que as esperanças nele contidas se concretizem.
Sorte? Em política?
Caro Vitor Reis, não concordo com a sua primeira afirmação, se virmos bem, quem efectivamente não teve sorte nenhuma foram os portugueses que, perderam na saúde, no emprego, na estabilidade de vida. Quanto a Socrates, de imediato não perdeu, mas, à semelhança de Guterres e de Barroso, sou capaz de apostar as cuecas em como o espera um "interessante" lugar (ia chamar-lhe taxo, mas até essa indústria está falida) em Bruxelas.
Socrates enganou os eleitores, caro Vitor, isso é inegável, ele prometeu um governo protector, progressista, inovador, mas apunhalou à má fila, todos quantos confiaram nas suas promessas. E não me diga que foi por força das alterações conjunturais, porque se me disser isso, eu dir-lhe-hei que por esse ponto de vista qualquer borra-botas pode ser primeiro ministro deste país.
Eu sei, eu sei que a nossa constituição não veda o acesso a qualquer cidadão de se candidatar a eleições, desde que reuna as necessárias assinaturas, mas, eu sei, o meu amigo sabe e quase toda a gente sabe, que, sobretudo uma pessoa que é apoiada por um partido e por gente idónea desse partido e do meio político, tem a obrigação de prometer aquilo que sabe ser possível cumprir. De outro modo, estamos perante uma burla.
Gostei de ver os olhos e a expressão da SENHORA Drª Manuela Ferreira Leite, quando ontem disse a todos, com clareza, que não esperem dela, subentendidos entre linhas.
Grande Senhora!!!
Eu gostaria de saber qual a proposta, qual a visão de MFL, para sair deste buraco para onde vamos caindo desde 1995.
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ccz
Caro CCz, correcção desde 1989. É bom que não se transforme a degradação óbvia e evidente da sociedade portuguesa em algo da responsabilidade exclusiva deste ou daquele partido, porque isso é populismo.
Pode levar a bicicleta, no problema.
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Contudo, não creio que tenha razão. Não creio porque a nível da micro-economia, a estratégia mais seguida pelas empresas portuguesas na altura era a mais adequada à realidade de então.
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Enquanto a China não aderiu à OMC e enquanto a Europa de Leste não entrou para a CEE/UE, a economia portuguesa cresceu a bom ritmo porque eramos a China da CEE/UE.
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O problema começou quando Cavaco quis obrigar os portugueses a trabalhar na terça de Carnaval. A partir daí foi um crescendo de irresponsabilidade, já eramos um país rico, podíamos ter vida de país rico. 1995 foi o abrir das comportas.
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Quando a China e a Europa de Leste ocupou o nosso nicho de mercado... tudo começou a cair.
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Hoje temos um estado muito gordo, o famoso monstro, que não deixa o país crescer, explodir no bom sentido.
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Repare: 90% da produção de calçado portuguesa é para exportação; 80% da produção de mobiliário é para exportação; o têxtil voltou a aumentar as exportações, agora com produtos de maior valor acrescentado... contudo, isso não é suficiente, porque será?
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ccz
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Pois... é pena que a senhora não se defina e esteja mais preocupada em ser alternânca que alternativa, como diz o Pedro Passos Coelho... não é a salvadora da pátria mas mais do mesmo que a distinguiu como um dos piores ministros das finanças de sempre, dando as bases que o governo do sr. pinto de sousa se limitou a seguir... e o resultado está à vista...
O PSD optou por não ser alternativa, e infelizmente Portugal é que vai pagar o preço.
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