Os dias que correm são cada vez mais cinzentos – cinzento a puxar para o negro -, para as pessoas que vivem com dificuldades económicas.
Pequenas histórias ilustram este fenómeno como a que vou contar a seguir.
Numa pequena mercearia do bairro, o dono do estabelecimento conta que as pessoas compram cada vez menos e no que toca à fruta, devido ao preço, as senhoras olham e procuram aquela que já esteja a caminho de uma putrefacção anunciada. Mas, mesmo assim, o preço, embora mais baixo, continua a ser elevado para bolsas curtas. Sabendo que as crianças e os idosos dependentes dessas pessoas necessitam destes alimentos, o merceeiro enfia-a no saco, cobrando um valor tão simbólico que nem dava para meia peça! Deste modo não faz uma oferta, evitando “ofender” a cliente, mas sim uma venda. "Sempre é mais útil do que deitar fora. É um pecado desperdiçar comida quando tantas pessoas estão a passar fome!" Resta saber se essa fruta, que já traduz um amadurecimento razoável, não seria objecto de apreensão por parte da ASAE. Neste caso, em nome da sacrossanta Saúde Pública, o merceeiro seria objecto das garras da todo-poderosa polícia, a fruta destruída e os estômagos de muitas pessoas, nomeadamente crianças, privadas do seu valor alimentar.
Parece que dentro desta força especial também há pessoas com senso. No entanto, não conseguem ir longe. A directora regional que criticou a ASAE foi substituída no cargo. Houve um concurso e “ganhou” outro senhor. Deus queira que não tenha sido devido às críticas da senhora! Uma das suas frases merece um registo: “Tem algum jeito, numa altura em que se fala de crise mundial da fome, andarmos a deitar fora compotas que eram de instituições de caridade?” Face ao comportamento do Senhor Inspector-Geral da ASAE, numa reunião com a Associação de Restauração e Similares de Portugal, ocorrida nas Caldas da Rainha, parece que sim. O chefe da poderosa polícia, numa arrogância indescritível, teve a seguinte postura (não se deve dizer postura, mas sim atitude - estamos sempre a aprender!): “Estou aqui para levar pancada. Estão à vontade!” noutra passagem da notícia, ladeado pelo director e inspector-chefe da zona em questão afirmou: “Estes são as caras más que vocês vêem nos vossos estabelecimentos. Mais más que a minha (!!!). somos três para dividir a pancada que nos queiram dar. Estamos ao vosso dispor”. E não é que ninguém lhe deu pancada, nem com um das Caldas! Já não os fabricam?! Mas que raio de país é este que não responde à vontade do freguês? Diz o comandante da fiscalização do “bem-estar” dos portugueses que a ASAE não faz as leis! Pois não. Era o que mais faltava! E que esta organização é o resultado da mistura de 12 entidades diferentes. O “barman” deste cocktail devia ser um perfeito nabo. Se fosse competente, como um especialista em cocktails que, ao misturar diversos ingredientes e bebidas, consegue estimular as nossas papilas e criar sensações agradáveis estaríamos bem, mas não, deve ter utilizado um batedor no qual colocou os doze “ingredientes” e depois de algum tempo de mistura deu origem a um produto semi-pastoso e de cor acastanhada. É curioso como os diferentes tipos de porcaria têm tendência para apresentar uma coloração acastanhada! Uma interessante ideia a explorar.
A aplicação da lei feita de forma fundamentalista é perigosa. Muito perigosa. É preciso ter senso. Muito senso. E falta, pelos vistos, a muitos dos inspectores da ASAE, comprometendo-a, a que não é alheio a postura do Sr. Nunes.
Detecta-se um determinado tipo de comportamento que faz lembrar outros tempos, em que havia também leis...
Pequenas histórias ilustram este fenómeno como a que vou contar a seguir.
Numa pequena mercearia do bairro, o dono do estabelecimento conta que as pessoas compram cada vez menos e no que toca à fruta, devido ao preço, as senhoras olham e procuram aquela que já esteja a caminho de uma putrefacção anunciada. Mas, mesmo assim, o preço, embora mais baixo, continua a ser elevado para bolsas curtas. Sabendo que as crianças e os idosos dependentes dessas pessoas necessitam destes alimentos, o merceeiro enfia-a no saco, cobrando um valor tão simbólico que nem dava para meia peça! Deste modo não faz uma oferta, evitando “ofender” a cliente, mas sim uma venda. "Sempre é mais útil do que deitar fora. É um pecado desperdiçar comida quando tantas pessoas estão a passar fome!" Resta saber se essa fruta, que já traduz um amadurecimento razoável, não seria objecto de apreensão por parte da ASAE. Neste caso, em nome da sacrossanta Saúde Pública, o merceeiro seria objecto das garras da todo-poderosa polícia, a fruta destruída e os estômagos de muitas pessoas, nomeadamente crianças, privadas do seu valor alimentar.
Parece que dentro desta força especial também há pessoas com senso. No entanto, não conseguem ir longe. A directora regional que criticou a ASAE foi substituída no cargo. Houve um concurso e “ganhou” outro senhor. Deus queira que não tenha sido devido às críticas da senhora! Uma das suas frases merece um registo: “Tem algum jeito, numa altura em que se fala de crise mundial da fome, andarmos a deitar fora compotas que eram de instituições de caridade?” Face ao comportamento do Senhor Inspector-Geral da ASAE, numa reunião com a Associação de Restauração e Similares de Portugal, ocorrida nas Caldas da Rainha, parece que sim. O chefe da poderosa polícia, numa arrogância indescritível, teve a seguinte postura (não se deve dizer postura, mas sim atitude - estamos sempre a aprender!): “Estou aqui para levar pancada. Estão à vontade!” noutra passagem da notícia, ladeado pelo director e inspector-chefe da zona em questão afirmou: “Estes são as caras más que vocês vêem nos vossos estabelecimentos. Mais más que a minha (!!!). somos três para dividir a pancada que nos queiram dar. Estamos ao vosso dispor”. E não é que ninguém lhe deu pancada, nem com um das Caldas! Já não os fabricam?! Mas que raio de país é este que não responde à vontade do freguês? Diz o comandante da fiscalização do “bem-estar” dos portugueses que a ASAE não faz as leis! Pois não. Era o que mais faltava! E que esta organização é o resultado da mistura de 12 entidades diferentes. O “barman” deste cocktail devia ser um perfeito nabo. Se fosse competente, como um especialista em cocktails que, ao misturar diversos ingredientes e bebidas, consegue estimular as nossas papilas e criar sensações agradáveis estaríamos bem, mas não, deve ter utilizado um batedor no qual colocou os doze “ingredientes” e depois de algum tempo de mistura deu origem a um produto semi-pastoso e de cor acastanhada. É curioso como os diferentes tipos de porcaria têm tendência para apresentar uma coloração acastanhada! Uma interessante ideia a explorar.
A aplicação da lei feita de forma fundamentalista é perigosa. Muito perigosa. É preciso ter senso. Muito senso. E falta, pelos vistos, a muitos dos inspectores da ASAE, comprometendo-a, a que não é alheio a postura do Sr. Nunes.
Detecta-se um determinado tipo de comportamento que faz lembrar outros tempos, em que havia também leis...
9 comentários:
O (senhor)Inspector-Geral de que nos fala, caro professor, faz-me recordar um intendente do tempo do Marquês de Pombal,(só foi nomeado intendente no reinado de D. Maria I) de seu nome Pina Manique. Ambos arrogantemente prepotentes, com a diferença que o outro, no meio de muitos abusos de autoridade (naquele tempo não havia recurso ao triunal de Bona) conseguiu retirar das ruas os indigentes, assaltantes e meliantes, enviando-os para reabilitação. Os jovens, encontraram na Casa Pia, obra de Pina Manique, um local de acolhimento e de formação humana e profissional.
Esta rapaziada da ASAE que até já podem usar arma, lembram-me aqueles gangsters do tempo da lei seca na américa...
Um proprietário de restaurante aqui da zona, foi ha pouco tempo visitado por uma brigada dos simpáticos agentes. Vasculharam-lhe a casa de cima a baixo e lá foram "marrar" inevitávelmente com a falta de colher "XPTO" e de placa azul para corte de "não sei o quê", mais a placa vermelha para cortar outro "não sei o quê", em resumo, o proprietário do dito restaurante atendeu-os pacientemente sem "tugir nem mugir". No fim da visita entregaram-lhe a lista daquilo que teria de modificar, e marcaram nova visita. O notificado, calmamente pegou no telefone, ligou para um constructor conhecido e dois dias depois, já tinha uma rede metálica e um portão a vedar a entrada do estacionamento do restaurante e deu por finda a actividade. Em tom de desabafo comentou com os amigos: Já trabalhei muito, sempre sem faltar ao pagamento dos impostos e cumprindo sempre escrupulosamente as regras de higiene, a partir de hoje não estou para "encher mais o cu a gulosos"
Meu caro Professor:
Quando ia colocar o meu post sobre o assunto, dei com o seu. O sentido do que escrevi estava em plena sintonia com o que acabei de lei: pior do que um legislador maluco é um xiita da legalidade como parece ser o caso do Sr. inspector-mor da ASAE.
Sou o primeiro a defender que o Estado não pode desertar de garantir a qualidade do consumo, em especial do consumo de alimentos. Mas a prática tem sido tão irrazoável e insensatas e as diatribes do senhor inspector-mor têm tido um tal apoio do governo, que ao fundamentalismo se juntou uma revoltante arrogância.
Mas importa recordar: o fundamentalismo na aplicação da lei já observou uma excepção.A lei que proibia o consumo de tabaco em recintos de espectáculos deixou de vigorar no exacto minuto em que o senhor Inspector Nunes foi apanhado a fumar a sua singular cigarrilha...
Caro Professor Massano Cardoso:
Parabéns pelo post.
Denunciar as atitudes "bizarras" da ASAE, ou de outra instituição qualquer é, acho eu, dever moral de todas as pessoas bem formadas.
O sr nunes não tem culpa, claro, mas é uma pessoa "muito feia".
Se aparece na tv à hora do jantar tira-me o apetite, e fico com insónias porque me faz lembrar um polícia de choque que me fez correr à frente dele quando eu era miúdo… Coitado do srº nunes (não deve ter nada a ver com a família desse outro, mas que é parecido lá isso é!).
Da ASAE era suposto esperarmos apenas resultados baseados em operações em defesa da saúde pública, baseadas em bom senso. Mas não!
O estranho é que o srº nunes parece estar de pedra e cal no lugar e não há, pelos vistos, quem lhe diga: Cala-te páh!
Excelente post. Só tenho pena que a obra de uns quantos "oleiros" seja a referência da cerâmica caldense. A outra fica para os conhecedores (que os há felizmente).
Os meus caros amigos, comentadores e bloguista autor deste post, perdoem-me mas há coisas na cultura Portuguesa que eu nunca entendi e esta tendenciazinha para vergar as leis, contorna-las, é uma das que não entendo precisamente.
A ASAE não faz as leis. Limita-se a aplica-las e faze-las aplicar como é sua função. Felizmente tem ao seu leme um homem para quem se a lei diz A e a punição por A não ser cumprida é x, pois então este homem força ao cumprimento de A e na sua falta levanta o respectivo auto para aplicação da sanção x. Sinceramente isto parece-me da mais elementar naturalidade, até porque jamais em dias da vida entendi essa velha história das leis não servirem para mais do que gastar papel e tinta. O que me parece totalmente absurdo e bizarro é querer-se que a ASAE globalmente faça vista grossa a algumas coisas, faça cumprir uns preceitos mas não outros, faça uns jeitinhos aqui, outros ali.
Ao contrário do que muitos pretendem, a acção da ASAE nada tem a ver com repressão ou qualquer coisa similar. Tem, outrossim, a ver com ordem. Boa ordem, respeito pelas leis da républica, e, acima de tudo, cumprimento pelos seus funcionários das funções que lhes foram confiadas.
Por mim, quem me dera que se encontrasse outro igual ao director da ASAE (é-me indiferente que o homem seja arrogante ou rude dado que ele não é pago para ganhar um concurso de miss simpatia mas sim para dirigir a ASAE) para director-geral da PSP e, já agora, outro clone para comandante-geral da GNR. Se não fosse pedir muito, bom, outros iguais para a PJ, DGI, enfim, para todos os cargos de direcção da administração pública. Isto teria a vantagem da efectiva aplicação das leis globalmente e, de caminho, aperfeiçoamento ou rectificação das que pudessem conter erros ou não servir os propósitos para que foram criadas.
Caro Ruben
Não se lamente. Também conheço a cerãmica caldense, sem ser a dos outros "oleiros". Aliás tenho uma peça no meu serviço que é uma verdadeira obra de arte (de Rafael Bordalo Pinheiro). Pessoalmente, também tenho algumas e admiro-as bastante.
Viva a cerâmica caldense!
Caro Zuricher
Não há nada melhor de que um comentador que discorde da nossa opinião. Está no seu legítimo direito. No entanto, chamo a atenção para o risco de haver muitos "Nunes" à frente de tantas instituições. Tenho receio de que ainda poderemos acabar com alguém à frente do país com os mesmos comportamentos. E sempre na base de que estão a cumprir a lei! Noutros tempos e noutras sociedades houve, e há, zelosos servidores do cumprimento das leis.
As leis são para cumprir? Claro que são! Mas presumo que, intrinsecamente, deverão ter a elasticidade suficiente para ser objecto de interpretação. Não sou jurista, nem para lá caminho.
A este propósito, não resisto à tentação de contar a história que ouvi da boca de Jorge Sampaio, na passada sexta-feira, a propósito da homenagem feita a seu pai, Prof. Arnaldo Sampaio, em Viana do Castelo.
Ao botar faladura, seleccionou três episódios da sua vida com o pai. Um deles dizia respeito à “bofetada”. Mas o que é aconteceu? Um dia, já era jurista, ia na companhia do pai de regresso a casa, ao fazer uma ultrapassagem pisou um traço continuo. À frente, um agente da PVT mandou-o parar. O pai disse-lhe: - Fizeste a bonita. Vamos ter chatice! Jorge Sampaio, como um bom português, começou a “mandar vir” com o polícia. O pai sai do carro, dirige-se ao filho e prega-lhe uma bofetada. Sampaio ficou de boca aberta, incrédulo com a atitude do progenitor que nunca lhe tinha batido em toda a vida e, agora, adulto, formado, leva um tabefe à frente de um terceiro. O polícia perante aquele espectáculo teve a seguinte reacção: - Pronto. Vão-se embora. Eu não quero criar nenhum desentendimento familiar! E lá foram para o veículo. Sampaio dentro do carro, abespinhado, atordoado, ainda mal refeito do sucedido, tenta obter explicações para a atitude paterna. Antes que adiantasse muito sobre o assunto, o pai respondeu-lhe: - Livrei-te da multa, não te livrei?! Sampaio esqueceu de imediato o assunto.
Claro que o “PVT” fez a sua “interpretação” da lei! Interpretação exagerada? Provavelmente, dirão alguns! Mas o futuro presidente da República Portuguesa livrou-se de uma multinha, que lhe deve ter sabido muito bem, à excepção da bofetada, claro, mas recorda-a com uma ternura comovente passados tantos anos...
Ai, Professor, por quem é!!!
Não leve a mal, mas não diga "postura".
Como diz um eminente filólogo da FLUC, «postura têm as galinhas e as Câmaras Municipais»
Nem mais.
Atitude. É atitude.
Cara Teresa
"Prontos"! Nunca mais vou dizer postura e muito menos fazer...
Um abraço.
Cara Teresa
Voltando à vaca fria, fui ao Dicionário Houaiss. No volumeXV, página 6503 a entrada POSTURA diz o seguinte: “s.f. (Sxiii cf. AGC) 1 posição espacial do corpo ou de uma das suas partes (p. Da cabeça, dos ombros) 2 maneira de manter o corpo, ou compor os traços fisionómicos; atitude (boa, má p.) 3 (sXV) maneira, elegância no andar e no comportar-se; porte 4 modo de pensar, de proceder; ponto de vista, opinião, posicionamento (p. de vanguarda) (p. anacrónica) 5 obsl. Maquilhagem ou quaisquer outros artifícios de embelezamento 6 ZOO a deposição de ovos por animais, em ninhos ou simplesmente em qualquer substracto; oviposição .... 9 compilação sistemática de leis normas e regulamentos de um município ...
No dicionário Língua Portuguesa On-Line (http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx)
postura
do Lat. positura
s. f.,
posição do corpo;
atitude;
disposição, aspecto físico;
cosmético para o rosto;
arrebique;
deliberação municipal para os munícipes cumprirem;
Ornit.,
quantidade de ovos que uma ave põe durante certo tempo.
No dicionário Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis
postura
pos.tu.ra
sf (lat positura) 1 Colocação, disposição, posição do corpo. 2 Atitude, porte. 3 Aspecto físico; estatura. 4 Expressão fisionómica. 5 p us Artifícios, cosméticos, arrebiques. 6 Compostura. 7 Dir Toda deliberação, de carácter obrigatório, emanada do legislativo municipal. 8 Quantidade de ovos que uma ave põe durante certo tempo. 9 O período no qual a ave põe. sf pl Dir 1 Conjunto de regras, codificadas, de direito municipal. 2 Código tributário do município.
Noutro dicionário (http://oquequerdizer.com/postura.html) pode ler-se: postura - modo de pensar, de proceder; ponto de vista, opinião, posicionamento
Afinal, parece que é “legítimo” utilizar a palavra postura como sinónimo de atitude!!!!
Até o dicionário do meu Word dá como sinónimo de postura, atitude.
Não sendo filólogo gostaria que me explicasse as razões que levam os referidos dicionários a utilizarem postura como sinónimo de atitude. Estarão errados, ou sou eu que estou a interpretar mal?
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