Os exames nacionais finais do ensino básico e secundário começam na próxima terça-feira, com as provas de Português, e são protegidos por 7.000 militares da GNR.
Com a época, logo aparecem os comentadores e os tratadistas, os pedagogos, psicólogos e metodólogos, e todos os muito bem pensantes a alertar para os traumatismos e o horrendo stress que os exames provocam nas tenras mentes de quem se sujeita a tais absurdas provas.
A situação é hoje relatada em artigo de Mário Cordeiro, professor de Pediatria, no DN de hoje-Notícias Magazine.
“Exames, exames…é o stress total. Filhos angustiados, pais em pânico, horários em desordem, quartos a parecerem cenários de pós-guerra, discussões a estalarem por tudo e por nada. É assim a vida de muitas casas onde há jovens a aproximar-se da receada hora dos exames…”
Enfim, é gentinha desta que a nossa educação está a criar: florzinhas de estufa, que se enervam e estiolam a qualquer aragem…Sugiro que os ponham sempre numa redoma: na escola, no trabalho, na vida. E tenham-lhes um psicólogo sempre à mão, preferentemente com os mesmos problemas. Consolar-se-ão uns aos outros!...
Cá por mim, começo agora a ficar traumatizado por não ter ficado traumatizado com os exames que fiz!...
Com a época, logo aparecem os comentadores e os tratadistas, os pedagogos, psicólogos e metodólogos, e todos os muito bem pensantes a alertar para os traumatismos e o horrendo stress que os exames provocam nas tenras mentes de quem se sujeita a tais absurdas provas.
A situação é hoje relatada em artigo de Mário Cordeiro, professor de Pediatria, no DN de hoje-Notícias Magazine.
“Exames, exames…é o stress total. Filhos angustiados, pais em pânico, horários em desordem, quartos a parecerem cenários de pós-guerra, discussões a estalarem por tudo e por nada. É assim a vida de muitas casas onde há jovens a aproximar-se da receada hora dos exames…”
Enfim, é gentinha desta que a nossa educação está a criar: florzinhas de estufa, que se enervam e estiolam a qualquer aragem…Sugiro que os ponham sempre numa redoma: na escola, no trabalho, na vida. E tenham-lhes um psicólogo sempre à mão, preferentemente com os mesmos problemas. Consolar-se-ão uns aos outros!...
Cá por mim, começo agora a ficar traumatizado por não ter ficado traumatizado com os exames que fiz!...
Até porque arranjar um qualquer traumatismo psicológico é mesmo a única forma que me resta de não ficar fora do sistema e ser considerado um troglodita execrável…
18 comentários:
É assim mesmo. E na mesma filosofia do Procurador Geral da República que vê nas escolas uma coutada para caça de criminosos, a GNR, que não enfrentou os camionistas na terça-feira, estará de pedra e cal na defesa dos exames contra meliantes de 12 e 15 anos que, como se sabe, podem fazer perigar o funcionamento das instituilções e, quiça, da própria democracia. Espera-se até que o PR chame o ministro da administração interna, agora sim, para garantir a manutenção da ordem pública.
No fundo, porque é que os filhos não haverão de ficar traumatizados com os exames se os pais parecem gazelas a fugir às responsabilidades?
-Mais tarde quando ingressarem no mercado de trabalho, quando estiverem sob avaliação permanente, das chefias, dos clientes, dos colegas, do mercado, muitos irão falhar, porque ninguém lhes explicou na vida real não existe segunda oportunidade ao contrário da playstation, e os "avaliadores" não costumam ser complacentes com os traumas que a avaliação possam vir a causar, chamem-lhes inaptidão, baixos salários ou mesmo desemprego. É a vida para a qual ninguém os preparou.
O antonio de almeida tirou-me as palavras da boca. E quando acontecer cairem na parte má do mundo real, com todas as suas vicissitudes, reagirão, como já muitos reagem, de forma destrutiva, muito a mal, à realidade.
Este sistema cria crianças, adolescentes, jovens adultos, totalmente impreparados para a realidade da vida e, aliás, já se nota. Experimentem contrariar um adolescente hoje em dia sem estarem munidos de grande firmeza e do martelinho de amolgar ideologias e na disposição de os usar. Saem birras como não me eram permitidas a mim aos 5 anos...
Tristes tempos estes.
Concordo que não se deve estar com paninhos quentes com os nossos jovens, até porque o futuro que parece estar-lhes reservado é cruel e não perdoa a quem soçobrar...
Mas, sinceramente, alguns de nós a quem os putos chamam de "cotas", já passámos por momentos iguais, e que era um stress lá isso era... Até havia pais que mandavam os filhos para as obras por chumbarem um ano...
Estamos aqui, perante a evidência da aridez das decisões e fórmulas que a senhora ministra da educação encontrou para avaliar os conhecimentos que antecipadamente sabemos os jovens portugueses não adiquiriram, e que por isso não possuem. No entanto, insiste-se todos os anos na absoluta incoerência e ridícula parvoice de os submeter a provas para as quais não estão preparados, porque ninguem consegue que entendam e assimilem as matérias que versam.
A Senhora ministra está vinculada à obigação de responder ao governo que integra, pelo sucesso das medidas que decide implementar, tanto quanto o governo se encontra vinculado a apresentar resultados, perante a Europa que integra. Ou seja, estão governo, ministério e por obrigação e não por convicção, professores, para os alunos e os resultados obtidos por estes, como està o agricultor, a terra e os adubos, para as sementes e os frutos que elas irão gerar.
Se o agricultor não preparar a terra e semear no tempo certo, utilizando os adubos adequados, mesmo que a semente seja de qualidade, a produção será magríssima senão mesmo, nula.
"Portugal irá cumprir-se", esta frase mística tambem repetida por Pessoa, encerra uma esperança e um estímulo, que de todo não podemos desvalorizar. Quer se acredite ou não em predestinações, nada nos impede de acreditar em nós, como povo e sociedade capaz de traçar um destino próprio que não tem de ser forçosamente epopeico, mas que seja no mínimo nobre. Não se colocam hoje objectivamente os valores de outrora, não precisamos de gritar às armas, ou de marchar contra canhões, mas precisamos de conseguir continuar a ouvir por entre as brumas da memória, a vóz da nossa pátria e a tomar como exemplo o modelo dos nossos igrégios avós.
Portugal irá um dia cumprir-se frase profética de Fernando Pessoa
portugal irá um dia cumprir-se
Que optimista, Bartolomeu, que optimista. Por mim, sinceramente, duvido. Aliás, Portugal nos próximos anos, mais de uma década, só tem um caminho. Para baixo. Já não tem arranjo possivel. Já se estragou demasiado, e, pior do que tudo, já se arruinou muito o capital humano. Os efeitos disso perduram no tempo.
Até havia pais que mandavam os filhos para as obras por chumbarem um ano...
Pois deve ser isso que faz falta às florzinhas. Três meses de verão nas obras tiraram o stress de uma vez por todas a muita gente.
meu caro, bem sei que estas reacções dos especialistas do costume são um pouco exageradas, mas acredite que os exames são uma responsabilidade enorme para quem os faz. se calhar não se enervou com os seus exames pois não lhe interessaram muito. mas é muito complicado para um aluno ter uma margem de erro máxima de 1.5 valores entre a sua nota e a nota de exame para não baixar. principalmente com critérios ridículos que apenas servem para baixar médias. seria bom que quando os adultos falassem de assuntos dos adolescentes, se lembrassem de como eram antes de serem o que são e pelo que passarem quando eram como aqueles de quem falam.
Caro Tiago:
De facto, olhe que gostava de ter a sua idade, para me poder tornar a enervar nos exames.
Claro que os exames fazem algum nervoso miudinho, mas isso não faz mal a ninguém. Fiz dezenas e dezenas deles, desde a 3ª e 4ªclasse, admissão ao liceu, 2º e 5º e 7ºano(agora 12º), admissão à Universidade, exames de todas as cadeiras universitárias, testes para empregos, eu sei lá!...
Não fiquei traumatizado com nenhum. Ficaria era se não tivesse possibilidade de os fazer.
E depois, sabe, toda a vida é um exame, qualquer que seja o cargo que se tenha.
Como tal, não há como ir obtendo experiência...
Caro Pinho Cardão, se me permite, um pequeno acrescento ao que magnificamente escreveu em resposta ao Tiago. Passávamos por tudo isso (eu não pelo da 3a Classe nem pela admissão ao liceu que não são do meu tempo, já só tive o da 4a classe e seguintes) e com um grau de exigência ao nível dos conhecimentos adquiridos muito mais vasto. Tinhamos nervoso miudinho até porque, no meu caso, tinha uns avós de orelhas em riste à espera de saber os resultados e muito pouco complacentes com alguma nota menos simpática e ainda assim não morremos, estamos cá. E estamos, com a satisfação de havermos provado em sede própria o nosso valor.
Obrigado por ter posto em forma de letra aquilo que eu sentia mas não conseguia expressar de forma tão cordata.
Caro Zuricher:
O meu amigo sabe expressar com grande lucidez as suas ideias. É um prazer lê-lo!...
eu não sou contra os exames! longe de mim! acho muito bem que se façam exactamente para que, como disse o sr. Zuricher, possamos provar o que valemos. o que eu sou contra são estes extremismos de especialistas em roda viva a dar entrevistas e a escrever artigos contra os malefícios dos exames (o que é, obviamente, disparatado) e de pessoas do extremo oposto que acham que os exames são coisinhas que se fazem com uma perna às costas, quase que nem é preciso ir às aulas para os fazer! há que haver um meio termo no meio de tantos "entendidos"
Tenho 53 anos, licenciatura e pós-graduação. Andei, portanto, a estudar durante alguns anos da minha vida.
Vamos com calma: há algum problema em ficar nervoso antes dos exames? Em pensar que se podia ter estudado um pouco mais e gozado um pouco menos? Em pensar se se vai estar calmo ou se vai aparecer uma sucessão de perguntas que vão por em causa os resultados?
Estar seguro perante o que aí vem é óptimo. Estar nervoso, no entanto, não é crime. E se uns alegadamente promovem a "impreparação" perante a vida, não me parece que a solução seja radicalizar a posição contrária. Embora saiba que a radicalização é, muitas vezes, uma questão de feitio.
Afinal o caro Tiago Ramalho é muito "fixe"...
O maior sucesso em tudo na vida, é o que lhe desejo.
entao obrigado caro jotac
Fazer dos exames um "bicho de sete cabeças" é, de facto, um disparate!!!
Caro Pinho Cardao
Faz-me todo o sentido aquilo que diz tendo em conta a geracao a que pertence, tal como o meu pai, que muitas vezes recorreu a argumentos semelhantes em conversas comigo. No entanto, embora os compreenda, permita-me que discorde na forma como os usa. Em primeiro lugar, no tempo em que o Pinho Cardao e outros bloggers que por aqui teem comentado fizeram os exames, existia uma cultura, desde o inicio da escolaridade, de realizar exames. O que resultava numa consistencia e coerencia de criterios de avaliacao que, chegado o 7o ano do liceu, ja eram tomados como um dado adquirido e parte normal da vida escolar. O que se verificou, ate muito recentemente, foi a total ausencia de exames ao longo do percurso escolar, culminando com um 12o ano no qual se realizam exames que potencialmente definem o nosso futuro. Hoje em dia, entrar na Universidade nao e como no seu tempo, ou do meu pai, que entrou em Medicina com media de 14 valores em 1970. Para me poder juntar a classe de psicologos com que tanto embirra (embora, nalguns casos, perceba porque) eu tive que obter uma media de quase 18 em 1999. Assim ve a diferenca em termos de peso e impacto na vida futura dos estudantes que os exames teem. Estou plenamente de acordo quando critica as geracoes de pais, educadores, e fazedores de politica educacional do pos 25 de abril: caminhamos para um "amaricar" dos nossos miudos. Se calhar eu proprio, por comparacao consigo, ja amariquei um bom bocado na forma como fui protegido e tratado enquanto crianca e aluno de escola. Se hoje temos miudos cada vez mais superprotegidos e absolutamente desprovidos de ferramentas para lidar com qualquer tipo de stress, responsabilidade, ou frustracao, temos que agradecer aos pais que se desresponsabilizam de educar os filhos, a sucessivos ministros da educacao que nao souberam responder ao apelo crescente da sociedade de uma escola que seja espaco de educacao e socializacao e nao so de ensino, e a pessoas (nao pretendo implicar que seja o senhor nem qualquer outro autor de comentario) que comentam esta inepcia e mariquice com sobranceria mas sem se lembrarem que muito provavelmente terao filhos e/ou netos que nao serao diferentes. Peco-lhe que acredite que ha pedagogos, psicologos, pediatras, e professores que, como eu, nao se reveem nesta moda de tratar as criancas como se fossem tacas de cristal. E que acredite que muitos de nos lutamos para contrariar este amaricar que permeia a nossa sociedade, e se reflecte nos nossos governantes... eleitos por si, por mim, por quem por aqui comenta. E por me rever na sua preocupacao, por assumir que contribuo para a situacao por pouco fazer para a contrariar, e por saber que me encontro numa posicao privilegiada para o fazer, que agora escrevo. E porque acredito que uma palmada no rabo, bem dada, so faz e bem. Pelo menos, a mim fez.
Como estudante do ensino secundário que sou e pelo facto de ter feito exames que servirão como prova de ingresso pela primeira vez na minha vida achei que estava mais do que no direito de comentar... De facto os jovens da minha geração ("a geração de 90" chamemos-lhe assim) são tratados como nunca antes nenhuma foi, são todos muito protegidos, dizendo em bom português corrente "nao se sabem desenrascar"... Eu sinceramente nao me revejo nesta geração, dado que os meus pais sempre me habituaram a ser eu a tratar dos meus problemas e nunca me trataram como nenhuma flor de estufa. E ainda relativamente aos exames, no exame de biologia uma colega minha tomou seis calmantes!!!
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