A Notícias Magazine, revista do DN, publica hoje uma excelente entrevista com o músico e compositor António Pinho Vargas.
Entre outros pontos muito interessantes, António Pinho Vargas desmonta todo o circo dos festivais da música erudita. A observação pode ser estendida, sem qualquer abuso, penso, ao cinema, à arquitectura, às exposições, ao próprio teatro. Aqui se deixa um excerto.
“…O mundo da música contemporânea funciona como uma espécie de núcleo duro, que é constituído por uns 15 ou 20 programadores de festivais de música internacional na Europa, ou seja, um clube restrito, quer para os compositores quer para os programadores. É como o circo da Fórmula 1… Os compositores que são programados em Estrasburgo, em Paris, em Berlim são sempre os mesmos e as promoções limitam-se a circular unicamente dentro dessas redes. Os críticos viajam com os compositores, são amigos deles, os vendedores de casa de partituras que os representam também, ou seja, trata-se de um circuito muito restrito. O que me espanta nos produtores portugueses é que jamais foram capazes de negociar uma troca. Se houvesse uma balança de pagamentos, uma análise import-export no campo cultural, Portugal teria o saldo mais negativo que é possível imaginar, porque só compra e não vende. E toda a gente acha isto normal, porque, isso sim, é a vida cultural de “nível internacional”. O que demonstra que há uma enormíssima carga de provincianismo nas elites culturais portuguesas”.
E quem não acha normal e quem se rebela contra a "cultura" que os programadores, ao serviço dos empresários, assim nos impingem passa por um verdadeiro troglodita, um inculto, alguém que deve ser banido, por não fazer parte do meio.
Entre outros pontos muito interessantes, António Pinho Vargas desmonta todo o circo dos festivais da música erudita. A observação pode ser estendida, sem qualquer abuso, penso, ao cinema, à arquitectura, às exposições, ao próprio teatro. Aqui se deixa um excerto.
“…O mundo da música contemporânea funciona como uma espécie de núcleo duro, que é constituído por uns 15 ou 20 programadores de festivais de música internacional na Europa, ou seja, um clube restrito, quer para os compositores quer para os programadores. É como o circo da Fórmula 1… Os compositores que são programados em Estrasburgo, em Paris, em Berlim são sempre os mesmos e as promoções limitam-se a circular unicamente dentro dessas redes. Os críticos viajam com os compositores, são amigos deles, os vendedores de casa de partituras que os representam também, ou seja, trata-se de um circuito muito restrito. O que me espanta nos produtores portugueses é que jamais foram capazes de negociar uma troca. Se houvesse uma balança de pagamentos, uma análise import-export no campo cultural, Portugal teria o saldo mais negativo que é possível imaginar, porque só compra e não vende. E toda a gente acha isto normal, porque, isso sim, é a vida cultural de “nível internacional”. O que demonstra que há uma enormíssima carga de provincianismo nas elites culturais portuguesas”.
E quem não acha normal e quem se rebela contra a "cultura" que os programadores, ao serviço dos empresários, assim nos impingem passa por um verdadeiro troglodita, um inculto, alguém que deve ser banido, por não fazer parte do meio.
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