Ouvi as notícias sobre as mudanças que a Câmara Municipal de Lisboa pretende para a zona ribeirinha.
E uma delas sobressaiu.
Querem enterrar a linha do comboio para Cascais na zona de Belém.
Fiquei radiante!
Vão tirar aquele monstro, vai desaparecer aquela barreira.
Vamos ter uma cidade fantástica!
Mas depois caí em mim.
Será que Lisboa precisa disto?
Não é esta a cidade que está um destroço?
Em que as ruas mais parecem um campo arqueológico, tantos são os buracos?
Em que a Câmara não tem dinheiro para pagar aos fornecedores?
Estarei enganado?
Ou será que estes senhores perderam a noção da realidade?
6 comentários:
A recuperação dessa zona de Lisboa vai custar o dobro do orçamento anual da Câmara do Porto...
os bons velhos custos de oportunidade...
Caro Vitor Reis, acha possível que alguem perca, aquilo que nunca possuíu?
Pois é, Vitor, quando caímos em nós as ideias fantásticas são como o éter, rapidamente desaparecem.
Tens toda a razão no que referes. A Câmara está de patanas, os fornecedores continuam sem receber, as ruas por reparar, a higiene uma lástima, os espaços verdes uma desgraça. Entre anúncios sucessivos de recuperação e revitalização do tecido urbano mais antigo, é de chorar baixinho o estado a que o parque habitacional das zonas mais antigas chegou. A Baixa, mesmo depois da demagógica medida de proibir a circulação automóvel no Terreiro do Paço aos fds, continua desoladoramente deserta, sem vida, que migra cada vez mais para os cadinhos de frente riberinha frescos, recuperados e apetecíveis, ou então para os hipermercados que continuam a registar enchentes de gente que por ali deambula sonhando com o consumo dos que podem.
Enfim, para quem se anunciou como um presidente que iria tratar do essencial da vida urbana, das questões prementes do dia-a-dia que passavam despercebidas mas que eram importantes - e continuam a ser! - designadamente as passadeiras para os peões, António Costa já pensa em enterrar comboios.
Cada dia que passa, percebe-se que vai fazendo mais do que isso. Com a ajuda do passado, vai enterrando a própria cidade.
Caríssimo Dr. Ferreira de Almeida, esta "coisa" dos espaços verdes urbanos faz-me lembrar aquele mundo f«de gente citadina que um dia cismou possuir um "monte" no alentejo, para puro deleite e promoção social. Ora bem, ao tal monte a que antes se tinha exigido que fosse o celeiro que alimentasse uma família, passou a exigir-se que fosse a replica de uma villa da Toscana, ou a quintarola de um actor americano no Texas. Essas replicas exigem que se possua riqueza suficiente para as sustentar, pois elas exigem cuidados permanentes para elem de que, é necessário possuir-se meios para as conceber e para as fazer nascer. Criou-se uma certa obcessão na sociedade por modelos que em outros locais são sinónimo de bem estar e até de algum desafogo económico. E, a partir desse conceito, os nossos senhores presidentes de câmara e não só, convencem-se que basta construir os jardins e as alamedas e os espaços arranjadinhos e bonitinhos, para que tudo passe a ser um mar de rosas. Esquecem-se contudo que esses "empreendimentos" não se sustentam por si só, requerem uma despesa constante e essa despesa só pode ser suportada pelos orçamentos camarários. A menos que, do alto da sua imensa influência, os senhores presidentes de câmara consigam canalizar as verbas que os possíveis messenas estejam dispostos a disponibilizar, para fazer face a essas despesas.Mas aí vamos entrar num outro joguinho que tem a ver com fuga ao fisco e outras dependências e cedências que a serem praticadas, têm de visar primeiramente o interesse particular, versus algumas cedÊncias, por exemplo na aprovação de projectos de construção ou industriais, que depois os sacanas dos vereadores da oposição vão vetar em assembleia de câmara, a menos que tambem lhe toque "algum".
Por hora c'est tout...
Entretanto, vão pensando caros amigos, se não andamos num carrossel estonteante, onde todos vão olhando para o vasio, convencidos de poderem ser a "vedeta" seguinte...
Enterram a Linha e erguem um Muro de Contentores em Alcântara.
E tudo em nome da República.
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