Hoje de manhã, como acontece normalmente ao Domingo quando estou em Lisboa, fui ao supermercado fazer as compras habituais para a semana. Àquela hora costumo encontrar à porta da loja um homem que aparenta 60 anos, que passa ali uma boa parte do dia à procura de ajuda por parte dos clientes do supermercado. É um homem que veste uma certa pobreza envergonhada, discreto, sossegado, educado, que não precisa de pedir pois lemos nos seus olhos a amargura da vida que o leva àquela condição. Sinto que encontra naquele lugar uma espécie de amparo “familiar”, pois já fez conhecimento com algumas pessoas que ali se deslocam.
Quando saí a porta da loja, já o tinha cumprimentado quando entrei, reparei que o homem tinha na mão um ou dois sacos do Banco Alimentar. Tinha já preparado alguma coisa para lhe oferecer, quando me segredou que estava a juntar algum dinheiro para ir lá dentro ajudar o Banco Alimentar. E, de imediato, explicou-me, sorrindo, que queria ser solidário com aqueles que mais precisam. E, sem que eu tivesse tempo para retorquir, acrescentou que há pessoas que ainda têm mais privações que ele.
Fiquei emocionada com a nobreza de alma deste homem. Um Homem com letra grande. Estamos sempre a aprender e às vezes os melhores exemplos vêem de quem não se espera. Hoje ganhei o dia...
Quando saí a porta da loja, já o tinha cumprimentado quando entrei, reparei que o homem tinha na mão um ou dois sacos do Banco Alimentar. Tinha já preparado alguma coisa para lhe oferecer, quando me segredou que estava a juntar algum dinheiro para ir lá dentro ajudar o Banco Alimentar. E, de imediato, explicou-me, sorrindo, que queria ser solidário com aqueles que mais precisam. E, sem que eu tivesse tempo para retorquir, acrescentou que há pessoas que ainda têm mais privações que ele.
Fiquei emocionada com a nobreza de alma deste homem. Um Homem com letra grande. Estamos sempre a aprender e às vezes os melhores exemplos vêem de quem não se espera. Hoje ganhei o dia...
13 comentários:
Também há gente boa...
Cara Margarida
No meio de este povo de muitos e maus defeitos, entre eles o de ser invejoso, continua a encontrar-se gente de uma índole extremamente piedosa e sobretudo com um sentido social de ajuda que merece o nosso respeito e gratidão.
Descubro-me respeitosamente perante este português.
Uma lição de vida, excelentemente partilhada.
Obrigado
O Banco alimentar também conseguiu esse milagre de sensibilizar toda a gente para os mais pobres, aceitando mil pequenos gestos que, todos juntos, fazem muito, e toda a gente quer ser parte dessa obra que se tornou colectiva. Um excelente exemplo aqui tão bem ilustrado.
Aí está mais um exemplo das muitas qualidades que, inquestionavelmente, os portugueses possuem: a generosidade.
É justo lembrar para homenagear, tantas vezes quantas for possível, que para além da generosidade dos portugueses - que é endémica ao invés do que muitos dizem -, esta acção notável só é uma realidade porque para além da gente boa que dá, existe um exercito de gente excelente que, voluntariamente, se organiza, retira o seu tempo ao tempo de lazer ou ao convívio com a família. A essa gente notável se deve o exito que vemos repetir-se todos os anos. Gente que, estou certo, anseia que num qualquer destes anos mais próximos não seja preciso dar-se assim. Seria o melhor dos sinais...
Um exemplo, também, de que a sociedade civil funciona quando a deixam funcionar...
Cara Margarida
Gestos como o desse Senhor sensibilizam e fazem-nos acreditar que é possível uma sociedade melhor.
Mas as manifestações de solidariedade têm sido uma constante. E se é verdade que o Banco Alimentar tem conseguido – através da seriedade e transparência da sua acção e do empenhamento dos que trabalham por tão nobre causa e nomeadamente os seus voluntários (os da campanha e os de todo o ano) – granjear a confiança dos portugueses também é verdade que esses mesmos portugueses, apesar do clima de profunda crise económica, continuam a aderir à chamada, a favor de quem mais precisa.
A prova disso é que no último fim-de-semana os Bancos Alimentares Contra a Fome angariaram em todo o país 2 498 toneladas de alimentos, mais 30,9% do que o conseguido em Novembro de 2008.
A campanha deste fim-de-semana, cujo lema foi “Dê a melhor parte de si ao Banco Alimentar: a sua solidariedade” foi um êxito. Gestos como o do Senhor que a Margarida tão bem descreveu, pequenos/grandes gestos por vezes, conseguiram o milagre de conseguir – apesar de todas as dificuldades – dar um pouco mais aos que os que mais necessitam. Estamos de parabéns.
Caro Pipocas Salgadas
Seja muito bem vindo. Obrigada pelas suas simpáticas palavras.
José Mário
A sociedade civil respondeu muito generosamente a mais esta campanha de Natal. Os portugueses mostraram ter consciência que a crise é grave e que a solidariedade é, por isso mesmo, ainda mais necessária. Se há coisa que esta crise nos está a despertar é a nossa capacidade de ajudar generosamente.
A sociedade civil tem uma capacidade inesgotável de mobilização. E está muito disponível para intervir quando compreende o que está em causa, dispõe da informação necessária, tem confiança e acredita nos projectos.
Caro demascarenhas
Partilho plenamente da sua satisfação: “Estamos de parabéns”.
Estamos a descobrir que temos muito para dar, que nos preocupamos com os outros e que queremos ajudar.
Os projectos de solidariedade que vão surgindo pelo país fora e a maior adesão dos portugueses ao trabalho em regime de voluntariado são sinais de reforço dos valores de cidadania, valores muito importantes para construirmos uma sociedade mais saudável.
A generosidade desta campanha de Natal mostra que temos bem presente que o agravamento da situação económica e o aumento significativo do desemprego atingem um cada vez maior número de famílias. O Banco Alimentar contra a Fome apoiou no primeiro semestre de 2009 com produtos alimentares mais de 1.650 instituições de solidariedade social que apoiaram mais de 267.000 pessoas carenciadas. São números impressionantes.
Desejo que a generosidade se consolide, mas que o sucesso da recolha de alimentos desapareça, pois existe pelas piores razões.
Haverá algum país que não tenha Bancos Alimentares contra a fome? Sei que os países ricos da América do Norte têm, do Sul também. Na Ásia não sei como funciona. Nunca fiz esta pesquisa, mas agora fiquei com curiosidade. O que acontecerá, por exemplo, na Finlândia, Norouega, Suécia... Mesmo nas grandes potências, existem os sem abrigo, que dormem nas ruas, nas baixas de grandes cidades, numas mais visíveis que outras...Duvido que se chegue a uma altura em que esses Bancos deixem de existir... infelizmente!
Cara Catarina
Neste endereço http://www.eurofoodbank.org/index.htm poderá encontrar alguma informação sobre os bancos alimentares na Europa. Existem 230 bancos alimentares em 18 países europeus, mas não estão presentes nos países nórdicos. Poderão não existir pelas seguintes razões, mas não estou certa do que se passa: (i) não são necessários ou (ii) o Estado assegura a satisfação das carências. Mas vou tentar saber.
"Infelizmente" a pobreza e as carências alimentares existirão sempre. As instituições de solidariedade social e os bancos alimentares, estando mais próximos das pessoas necessitadas, estão em melhores condições para dar uma melhor resposta.
Obrigada. Vou pesquisar neste site de imediato.
Muito tocante este post.
Enviar um comentário