Estive a ouvir o Plano\nclinado na Sic Notícias, pois a semana passada assisti à estreia e gostei. A nossa Suzana fez, aliás, a semana passada, um post sobre o novo programa.
Agradou-me mais uma vez um programa que procura fazer alguma matemática social, com a preocupação de explicar pedagogicamente às pessoas o que se passa com Portugal, embora tenha notado desta vez uma intervenção algo monopolista de Medina Carreira e a ausência de apresentação de caminhos concretos para encontrar a nova geometria política defendida, capaz de quebrar com a política “ilusionista” que tem levado ao plano inclinado.
Medina Carreira, e muito bem, lembrou que o plano inclinado não é uma obra recente. A inclinação acentuou-se desde a entrada de Portugal na CEE porque o país pouco fez para se adaptar à nova realidade, à realidade do comércio internacional. Durante 20 anos não fomos capazes de fazer a reconversão da economia para responder aos desafios da competitividade num espaço alargado e livre. E quando perdemos o escudo, a decadência acentuou-se e o plano inclinado mais inclinado ficou. De facto, não é demasiado afirmar que padecemos de um problema crónico que se chama inadaptação ao mundo global. E como este corre e se transforma a grande velocidade, o esforço que temos que fazer para o apanhar será crescente se não invertermos o plano inclinado
E à pergunta porque é que não fomos capazes de o fazer, veio a resposta de que os políticos preferiram a “caça ao voto” e desenvolveram uma lógica de poder de distribuir benesses e de fazer negócios que agora estamos todos a pagar. Os portugueses não se aperceberam verdadeiramente sobre o que estava a acontecer e, ainda hoje, não têm consciência da real situação do país. Continuam a ser enganados por “optimistas profissionais”.
Agradou-me mais uma vez um programa que procura fazer alguma matemática social, com a preocupação de explicar pedagogicamente às pessoas o que se passa com Portugal, embora tenha notado desta vez uma intervenção algo monopolista de Medina Carreira e a ausência de apresentação de caminhos concretos para encontrar a nova geometria política defendida, capaz de quebrar com a política “ilusionista” que tem levado ao plano inclinado.
Medina Carreira, e muito bem, lembrou que o plano inclinado não é uma obra recente. A inclinação acentuou-se desde a entrada de Portugal na CEE porque o país pouco fez para se adaptar à nova realidade, à realidade do comércio internacional. Durante 20 anos não fomos capazes de fazer a reconversão da economia para responder aos desafios da competitividade num espaço alargado e livre. E quando perdemos o escudo, a decadência acentuou-se e o plano inclinado mais inclinado ficou. De facto, não é demasiado afirmar que padecemos de um problema crónico que se chama inadaptação ao mundo global. E como este corre e se transforma a grande velocidade, o esforço que temos que fazer para o apanhar será crescente se não invertermos o plano inclinado
E à pergunta porque é que não fomos capazes de o fazer, veio a resposta de que os políticos preferiram a “caça ao voto” e desenvolveram uma lógica de poder de distribuir benesses e de fazer negócios que agora estamos todos a pagar. Os portugueses não se aperceberam verdadeiramente sobre o que estava a acontecer e, ainda hoje, não têm consciência da real situação do país. Continuam a ser enganados por “optimistas profissionais”.
É, por isso, que as actuais políticas, os actuais partidos do arco do governo e as pessoas que os militam não servem. E sem consciência de tudo isto as pessoas não podem ser exigentes e escolher correctamente. Este é um ponto que todos à volta da mesa concordaram que é uma condição para alterar a qualidade da política e, logo, a capacidade de o país enfrentar com verdade os problemas e traçar um futuro viável. Mas no final, nenhum dos intervenientes à volta da mesa foi capaz de explicar como é que se mudam os partidos e os políticos…
8 comentários:
Exactamente! Mas, já no final, Mário Crespo avisou que o próximo programa deverá ser dedicado às soluções propostas para os graves problemas identificados. Sempre achei criticáveis as acusações feitas por Sócrates e outros membros do anterior governo de que a oposição só criticava sem apresentar soluções, o que ele chamava de "bota-baixismo". Por mim nem sempre a crítica tem de vir obrigatoriamente ligada a soluções. Criticar e chamar a atenção para os problemas é necessário. Porém neste tipo de programas, se se quer que continuem, é necessário ir além do diagnóstico. Espero pelos próximos episódios.
Se Medina Carreira fosse pasteleiro, diria que confeccionou um bolo de noiva com uma bem conseguida "ornamentação" mas com a massa mal cozida.
Fui uma nódoa em matemática, mas dos planos inclinados e dos cálculos da força ainda tenho algumas migalhas espalhadas no arquivo da memória. Lembro-me por exemplo que a fórmula anda à volta do cálculo da inclinação determinado pelo ângulo do vértice, o comprimento da base, a força que empurra o corpo em direcção à base do plano, arelação entre a força e a energia e etc e tal.
Neste assunto dos efeitos causados pela nossa entrada na CEE, estou e penso que todos estarão de acordo com Medina Carreira. As causas é que serão no meu ponto de vista atribuíveis a entidades criadas pelo governo para gerir, distribuir e rugalementar os fundos que foram enviados pela UE para desenvolver os diversos sectores da nossa producção, formação e rede viária.
Sabemos agora com toda a clareza que essas entidades não procederam de acordo com as directrizes recebidas. Sabemos que os fundos foram mal distribuídos e que não foi confirmada nem sancionada a sua aplicação.
E tudo isto, cara Drª. Margarida, transcendeu a nossa impotente capacidade reivindicativa.
Daí por exemplo, ter sucedido a muitos empresários de pequenas empresas terem visto os seus projectos de reestructuração e requalificação terem sido classificados de inviáveis e em simultâneo outros que vieram a dar em nada mas bem "apadrinhados" serem largamente financiados.
É que, cá no Lusitano rectângulo, Estado, não significa "todos nós", mas sim o sítio onde aqueles que foram eleitos por "todos nós" decidem sobre "todos nós" aquilo que para eles e a sua corte se apresente mais vantajoso.
Esta regra só se quebra em período de eleições e de campeonato mundial de futebol.
Cara Margarida C.Aguiar
Discordo quanto à afirmação que "sofremos de uma inadaptação crónica ao mundo global".
Temos internet, tv cabo, parabólicas e não sei quantos canais de televisão; o acesso não está condicionado, nem limitado.
Que não dominemos o inglês, conheçamos o françês e desconhecamos o alemão é da nossa responsabilidade.
Que não conhecamos o funcionamento da União Europeia, senão na perspectiva do pedinte, após 20 anos de adesão é da nossa responsabilidade.
Existe realemente, um problema de perspectiva e nisso, sim estamos mal: desde meados dos anos 90 do século passado que consideramos que a globalização era como um nevoeiro que, gradualmente iria envolver-nos a todos e que, gradualmente nos iríamos adaptar; o problema é que a globalização é um comboio com várias carruagens e, provavelmente, podemos ter perdido lugar na última que passou pela estação em que nos encontrávamos???!!!
Quanto ao programa, vamos aguardar pelo próximo para ver as soluções que apresentam.
Cumprimentos
Não vi qualquer dos dois programas. Mas pelos vistos, seja pelo que prometem os protagonistas, seja pelo nome que dão à rubrica, dá para perceber que suscita grandes expectativas.
A parte final do post, Margarida, acerta na mouche. Quanto ao diagnóstico todos estamos de acordo. O que falta é alguém que apresente a solução para inverter o plano. Começando por nos explicar, sem os habituais tremendismos apocaliptícos, como se renova esta classe dirigente sem ser através dela mesma...
"Não fomos capazs de fazer"... Quer dizer, o PS+PSD não foi capaz e vêem agora os senhores impingir-nos o sr. Cavaco! Que lata..., como se o fulano fosse algum de Gaulle!
É difícil apresentar soluções antes de se saber o que pretendemos mudar ou se estamos mesmo interessados em mudar. O que esse programa tem de muito interessante é que fala abertamente dos problemas sem os compartimentar, mostrando como a política é uma arte bem exigente na coordenação das medidas e na escolha criteriosa do que se deve decidir sem agravar por outro lado.
Caro Freire de Andrade
Concordo com duas notas do seu comentário. À crítica e chamada de atenção não tem que corresponder uma solução. É possível fazer crítica construtiva.
Mas nem sempre é desejável, sob pena de descrédito e inutilidade, fazer crítica sem apresentar ideias concretas para ultrapassar os problemas.
Fico na expectativa que no próximo episódio os ilustres convidados do Plano Inclinado nos expliquem "como é que se mudam os partidos e os políticos…".
Caro Bartolomeu
Às vezes penso que não estávamos efectivamente preparados para aplicar os fundos europeus, quer por falta de uma estratégia coerente e de um modelo transparente de administração dos fundos, quer por falta de capacidade de gestão, fiscalização, controlo e avaliação de resultados, incluindo prestação de contas.
Caro joao
A afirmação talvez não tenha sido muito feliz. Evidentemente que em muitos domínios estamos até mais avançados que alguns dos nossos parceiros europeus, como por exemplo no domínio das transacções de pagamentos electrónicos em que os projectos multibanco e via verde são excelentes exemplos. Estamos muito desenvolvidos numas coisas mas com graves problemas económicos que não estamos a conseguir superar de forma estruturante e sustentada.
A questão debatida nesta última edição do Plano Inclinado coloca a tónica na incapacidade dos partidos e dos políticos...
José Mário
De facto as expectativas estão muito elevadas, até porque as pessoas estão cansadas de diagnósticos e, inclusive, de soluções que se debitam mas sem se perceber como é que se obtém. Julgo que as pessoas estão interessadas em saber mais. Vamos a ver...
Caro Nuno Castelo Branco
Não percebi o seu desabafo... PS+PSD? sr. Cavaco?
Suzana
Mudanças e tentativas de mudança não têm faltado. O que tem faltado é uma mudança assente num rumo bem direccionado, estável e coerente.
Este programa é também muito interessante porque permite perceber as mudanças que não se fizeram e que deveriam ter sido feitas. Claro que é sempre mais fácil ver à posteriori, mas como tenho por sérios e competentes os intervenientes no programa não me agarro a essa crítica fácil como já ouvi alguém fazer.
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