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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

A propósito do artigo de Pedro Lomba, intitulado "A apologia da ignorância", publicado no jornal Público de ontem, lembrei-me do poema de Luis de Camões que, já no séc. XVI, constatava com tristeza como as circunstâncias levam a que se mude de opinião com toda a facilidade e como isso muda também a confiança.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

10 comentários:

Pinho Cardão disse...

Cara Suzana:
De facto, um exemplo perfeito de mudança, de acordo com as circunstância de tempo e as oportunidades de lugar...

Bartolomeu disse...

;)
... e "as" oportunidade(s)de (o) lugar... precisamente, caro Dr. Pinho Cardão!
;)

Anónimo disse...

Grandes artistas. O eterno Camões, que, como se percebe pelo poema que a Suzana recorda, com um só olho viu séculos para além do seu! E alguns músicos vitais ao regime que tocam a música ao gosto dos auditórios que os aplaudem.

Manuel Brás disse...

Como nos versos seculares de Camões...

A sabedoria secular
em palavras versejadas
numa visão monocular
sobre vontades adejadas.

A vontade circunstancial
esvoaça facilmente,
com seu choro artificial
de fragor deprimente.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Transtagano disse...

De cada vez que me lembro do assessor Fernando Lima, concluo logo que há quem seja de uma coerência a toda a prova. É que não muda mesmo nada... Ou melhor, mudar muda: muda é de baixo para cima!

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jotaC disse...

É curioso como tanto deste artigo reflecte, hoje como nunca, a forma comezinha e oportunista de uns tantos estarem na política. Provavelmente é congénito, e já vem do século XVI…
Seja para onde for que nos viremos, na esperança de que de ali venha algo de bom que nos conforte, acabámos por ficar ainda mais decepcionados e estupefactos, cada atitude revela uma mente tonta e caduca, gente que pensa viver num mundo feito à sua imagem...

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jotaC disse...

Caro Paulo:
Concordo absolutamente consigo! Mas o meu amigo sabe que não me referia a este horizonte de onde, graças a esta tertúlia altruísta se produz e troca conhecimento, se interage na análise, o que muito contribui para o enriquecimento de todos os que por aqui passam.