Os
sociólogos inventaram uma das maiores inutilidades conhecidas: o perfil. Como inutilidade, não há estudo nem análise que não o defina. E assim se tornou a quinta essência da sociologia.
Foi
agora conhecido o perfil das pessoas felizes: pessoas empregadas, sem problemas financeiros,
trabalhando na área em que se formaram, com papel de liderança profissional;
têm entre 40 e 42 anos, com família, filhos, satisfeitos com a sua vida social
e emocional, ajudam muito os outros; são pessoas saudáveis, com preocupação com
preocupação com a saúde, vão muitas vezes ao médico, fazem exercício físico,
não são obesos. E têm muitos hobbies.
Fora disto, não há felicidade possível. Nem segunda oportunidade.
Portanto,
caro leitor do 4R, se ainda não trabalha ou já está reformado, se não ajuda os
outros, se não é saudável, se não faz exercício físico, se não é magrinho, o
meu amigo não tem perfil. Desista, pois, de ser feliz. Mas se trabalha, tem filhos, tem papel de liderança, se é saudável, se tem lobbies, mas não está no estreito intervalo dos 40 aos 42 anos, também não tem perfil. Paciência, a felicidade não é coisa para si. Porque a única e estreita oportunidade é no intervalo dos 40 aos 42.
Se
tem menos, ainda pode ter esperança. Se tem mais, dedique-se a um lobbie: apertar
o pescoço aos sociólogos de serviço. Talvez lhe advenha daí alguma felicidade.
Olhe que isto é científico!...
7 comentários:
Eu ficaria um pouquinho mais feliz se soubesse quem/ onde publicou o perfil...
Ainda se podia dar um jeito – mediante o empenho de cada um – para satisfazer alguns requisitos de forma a fazermos parte desse perfil... mas há um aí que não lhe podemos dar a volta!
Caro Carlos Peixeira Marques:
Olhe que a curiosidade não faz parte do perfil. O meu amigo é curioso, logo é um infeliz!
Mas, como não quero contribuir para maior infelicidade, o "perfil" veio publicado no DN de sábado passado. Mas não gaste dinheiro e aumente a sua infelicidade em comprá-lo...
Cara Catarina:
Pode sempre dar-se a volta e assim enganar o perfilador. Porque, também em sociologia, o que parece, é. Sobretudo o que parece ao sociólogo...
40/42 anos de espírito, Catarina, acho que assim já se alarga um pouco a estreita faixa dos felizes contemplados :)
: ))
Bem, com os meus 43, já saio do perfil...rótulo: infeliz.
Sorte: convenço-me que a felicidade nunca é um direito ou um estado, é só uma ocasião.
Pinho Cardão tem toda a razão.
No perfil, vemos o mundo a preto e branco, e fazem-nos crer em tal. Mas todos sabemos conscientemente que é falsa tal visão.
Visão de sociólogo, caro Conservador...
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