1. Segundo dados hoje divulgados pelo INE, a confiança dos consumidores melhorou em Portugal, pelo 6º mês consecutivo, depois de ter atingido um mínimo em Janeiro do corrente ano: o valor do indicador, ainda bastante negativo naturalmente, passou de -57,1 em Janeiro para -50,4 em Julho.
2. Segundo o INE, a recuperação da confiança dos consumidores resultou de um contributo positivo de todas as componentes, mais expressivo no caso das perspectivas sobre a evolução da situação financeira das famílias.
3. E acrescenta o INE: “as expectativas sobre a evolução financeira das famílias têm vindo a recuperar desde Fevereiro, invertendo a trajectória negativa observada desde o final de 2009 e registando em Julho o contributo positivo mais acentuado para o comportamento do indicador de confiança”...
4. Refira-se ainda o saldo das perspectivas relativas à situação económica do País que tem vindo a aumentar desde o início do ano, invertendo a tendência descendente anterior.
5. O comportamento deste indicador de confiança e em particular das expectativas sobre a situação financeira das famílias e sobre a situação económica do País não deixará certamente de surpreender aqueles que diariamente assistem à torrente de comentários, em geral catastrofistas, debitados por N comentadores que, com solenidade variável, vão desfilando pelos órgãos de comunicação social, nomeadamente pelas TV’s que tanto apreciam relatar e pressagiar desgraças económicas e sociais...
6. ...para não falar nos discursos dos políticos que fazem oposição oficiosamente, os quais alegam com extremo denodo que tudo vai mal, que não há esperança possível...discursos que parecem estar a cair em terreno estéril...
7. Uma explicação de índole psico-social para este fenómeno de recuperação da confiança pode residir na diluição do “efeito de surpresa/susto” que os portugueses sofreram com o anúncio da aplicação do PAEF (não o anuncio inicial, absolutamente patético, do ex-PM, em que nada acontecia...) e, sobretudo, das medidas adoptadas no OE/2012...
8. ...o susto terá sido grande, mas os portugueses já se terão habituado ao novo cenário de austeridade, terão digerido os seus impactos mais adversos, adoptado medidas de ajustamento pessoais e começam agora a encarar o futuro com mais confiança, talvez admitindo que “o pior já passou”...
9. Só esperamos – e esperamos sinceramente – que tal susto não seja reaquecido pela proposta de OE/2013...aguardemos.
11 comentários:
“As expectativas sobre a evolução financeira das famílias têm vindo a recuperar desde Fevereiro” e pelos vistos a “explicação é de índole psico-social” diz o Tavares Moreira.
Surpreende-me a sua “explicação”, uma vez que desse modo, mais não faz do que reconhecer a não existência objectiva de quaisquer melhorias da situação económica do país ou das famílias. Tavares Moreira, sem dar-se conta e sem querer seguramente, junta-se assim “à torrente de comentários catastrofistas” que tanto vem contestando. Mas faz bem em atribuir como explicação para a “melhoria” dos indicadores razões de índole “psico-social”. Pelo simples facto de que não se vislumbram quaisquer outras razões de outra “índole”. O desemprego continua a aumentar, o controlo das contas públicas continua uma miragem, as empresas continuam a encerrar, o definhamento da economia continua a sua marcha e o agravamento da crise social acentua-se.
Caro Carlos Sério,
Para o ilustríssimo comentador não existe, pelos vistos, conexão entre fenómenos económicos e comportamentos sociais,por isso não aceita por exemplo que os comportamentos dos agentes económicos sejam determinados por expectativas...como ressalta do apontamento deste Post.
Para o ilustre comentador tudo funciona talvez por efeito magico, as mudanças no comportamento dos agentes económicos serão fenómenos próprios das chamadas ciências ocultas...
Mas se assim for, os decisores políticos têm de recorrer ao serviço de cartomantes, não à informação económica/estatística, para saber que decisões tomar...ou não tomar.
«Segundo o estudo, 41,8% dos inquiridos admitiram não ter orçamento suficiente para as despesas de saúde. Entre os portugueses que tiveram de comprar medicamentos nos últimos seis meses, 35,8% afirmaram não ter adquirido todos os medicamentos prescritos pelo médico por falta de dinheiro.»
Caro Pedro de Almeida Sande,
Será (também) por isso que o sector das farmácias atravessa uma crise histórica, ao ponto de a Associação representativa das mesmas ter revelado há poucos dias que cerca de 1.100 farmácias tinham os fornecimentos suspensos pelos seus fornecedores?
A ser verdade, trata-se de números impressionantes, prenunciando uma profunda reestruturação no sector da distribuição farmacêutica sob pena de se vir a verificar uma hecatombe sectorial.
Quanto à expressão dos números que cita, todos sabíamos que os portugueses usavam e abusavam dos medicamentos, pois o custo final era muito baixo, as casas dos pacientes estavam muitas vezes transformadas em verdadeiras farmácias...
Será que esta correcção é na medida correcta, será excessiva ou será ainda insuficiente? Responda quem sabe.
Mas esse resultado do INE já foi corroborado pelos jornais? A TSF já confirmou esses números com a entrevista no meio da rua àquela senhora que diz "ah, filha, isto vai de mal a pior!!!"?
Então, caro Tavares Moreira, não percebo, nem vejo razões, para tamanho optimismo. Enquanto a realidade não for corroborada pelos habituais meios de comunicação social, não pode ser levada a sério.
"Quanto à expressão dos números que cita, todos sabíamos que os portugueses usavam e abusavam dos medicamentos, pois o custo final era muito baixo, as casas dos pacientes estavam muitas vezes transformadas em verdadeiras farmácias..."
Daria para rir um comentário destes não fosse os dramas porque as famílias passam.
Caro Tonibler,
É capaz de ter razão, falta ainda o certificado de qualidade da informação absolutamente rigorosa, de alta precisão noticiosa que as TSFs, Lusas and the likes utilizam no seu dia a dia. O INE tem muito que aprender com esta gente.
Maas em relação aos inquéritos ao vivo, de rua, esteja atento que não vão faltar sobretudo se nem uma medalhazita conseguirmos trazer de Londres.
Eu acho que deviam criar as classes das medalhas de alpaca e de ferro, para evitar estas situações embaraçosas...
Caro Carlos Sério,
Ria, ria à vontade, ilustríssimo comentador, que ninguém lhe vai levar a mal esse riso...
O facto de o Senhor ser uma pessoa com excepcionais preocupações sociais - que de resto só lhe ficam bem - não deve ser impeditivo de se rir quando exista motivo para tal!
Não sei como se mede a confiança das familias mas o que esses resultados talvez signifiquem é que as pessoas já tinham percebido que não era possível continuarmos a corrida contra as evidências, tal como sabiam que teríamos que passar por grandes dificuldades para retormarmos um caminho que nos garantisse a sobrevivência. Esperam agora começar a ver alguma esperança no horizonte, o que é melhor do que estar à espera que o céu nos caia em cima da cabeça a qualquer altura.
A sua apreciação, simples mas cheia de bom senso, caracterizará melhor do que muitos números,muitas estatísticas, o que poderá estar a acontecer com o comportamento dos consumidores lusos, cara Suzana.
Caro Tavares Moreira
Já recorreu neste tempos mais próximos a um centro de saúde? Ou tem um cartão da Médis? Falou com as pessoas sobre as suas dificuldades e o que se está a passar nas suas vidas? Perguntou-lhes pelo trade-off que têm de fazer entre comprar medicamentos essenciais ou tomar duas refeições por dia?
Como o caro social - democrata Tavares Moreira acha que vive quem deixou de ter subsídio ou vive com a extraordinária fortuna de 190€ por mês (e são milhões com os agregados familiares!), que o nosso colega de partido PP tanto ataca agora que teve acesso a um lugarzinho do governo? Conhece os centros de emprego? E a segurança social, que logo na abertura da manhã termina as senhas para todo o dia, nas lojas dos cidadãos, com cidadãos carneiros que já não tugem, nem mugem, indiferentes a tudo?
E sabe o que vai acontecer a muito cidadão com menos de 65 anos com a actual lei dos despejos? E com o aumento do IMI? Da água? Da electricidade? E os aumentos dos lucros da REN? Da EDP?
E caro Tavares Moreira, não falo apenas de desqualificados que estão a passar por esta situação:falo de gente bem mais qualificada que muitos, mas muitos, dos actuais decisores a quem se quer hoje pagar 3€ à hora!
Era preciso um ajustamento? Era!
Estamos sem soberania? Estamos, mas são os objectivos que os credores perseguem, não as alternativas! Era preciso cortar com o consumismo público desenfreado? Era! Mas havia muitas formas para lá chegar, bem mais competentes e sociais democratas que as actuais que se apoiam na manutenção de custos e burocracias!
Alguém já se preocupou neste governo em fazer um orçamento de base 0?
Os consultores contratados fora da administração pública, os gastos com comitivas,os gastos com reuniões nas assembleias nas autarquias,..., o chamado gasto com o estado dos partidos!
Caro Pedro de Almeida Sande,
Subscrevo, em particular, o último parágrafo do seu comentário...
Entendo que gastos com consultores (e assessores, não esquecer) com comitivas, com viaturas, com promoções autarquicas de acentuado folclore, com muitas obras sumptuarias ainda, com fundações sem utilidade social, com deputados nacionais, regionais e autarquicos, etc, etc, etc, poderão ainda ser drasticamente reduzidas...para tal haja vontade!
Mas nada disso invalida a conclusão do Post, na minha perspectiva,as estatísticas não costumam enganar a menos que elas próprias laborem em erro...
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