1.Foi uma surpresa a redução da taxa de desemprego registada em Portugal no 2º trimestre do corrente ano: uma queda inesperada em si mesma e na sua amplitude, de 17,7% (da população activa) em média no 1º trimestre para 16,4% no 2º trimestre.
2. Mais curioso e também surpreendente é o facto de para essa queda do desemprego ter contribuído significativamente a criação de novos empregos na agricultura (com a silvicultura e a pecuária), a qual, após longos anos de definhamento parece ter encontrado processo de recuperar a sua importância na economia do País, conseguindo atrair talentos empresariais, modernizando processos de produção e lançando-se à conquista de novos mercados.
3. É caso para dizer que os nossos estimados Crescimentistas têm boas razões para passar a olhar a agricultura com grande suspeita e reserva: com efeito, esta redução do desemprego estraga, consideravelmente, um dos seus mais sagrados dogmas: de que com esta política “neo-liberal” não pode haver criação de emprego/diminuição de desemprego nem crescimento económico...
4. Que pode mesmo haver criação de emprego/diminuição de desemprego, não obstante o neo-liberalismo da política, parece já demonstrado com esta informação estatística; quanto ao crescimento, andam por aí notícias, também para o 2º trimestre, que indicam ter havido algum crescimento, depois de 10 trimestres de queda da actividade...
5. A confirmarem-se as expectativas quanto ao crescimento no mesmo período, tratar-se-á, manifestamente, de notícias bastante adversas para os incansáveis Crescimentistas...mas a sua rija têmpera - são de “antes quebrar que torcer” - vai certamente permitir-lhes sobreviver ao desmoronamento dos seus mais fundamentais dogmas...
6 comentários:
Caro Tavares Moreira,
é habitual e recorrente que se refira e referencie de "Crescimentistas" todos aqueles que questionem ou critiquem as posições e politicas adoptadas por este governo.
Sempre numa postura irónica e meio debochada é recorrente utilizar o epiteto "Crescimentistas" seguido de mais alguns floreados depreciativos.
Mais uma vez, e usando a variação ...agora positiva...dos numero do Desemprego, lá vem lançar mais umas atoardas.
No entanto, há um promenor que me deixa muito curioso e assaz intrigado:
- A cada promessa falhada...
- A cada % do Desemprego negativa...
- á Divida muito acima da % do PIB prevista...
- A cada OE rectificativo
a cada um deste numeros, o caro Tavares Moreira, esquece tudo o que os "Crescimentistas" previram, e esuqece tudo o que os "Au-histéricos" prometeram...perde tb a sua ironia e os floreados.
Após montanhas de promessas falhadas, cordilheiras de indicadores desviados, colossais desvios, demissões de Gaspares...bem a tudo isto o caro Tavares pouco ou nada diz, nem tão pouco lhe passa pela cabeça algo do tipo : "Olha, isto parece mesmo o que os Crescimentistas tinham avisado..."
...mal apanha uma milésima de mehoria num indicador, por mais secundaria que seja, ou que possa até advir de 40 Graus centigrados do ultimo mes (por oposição áo "Inverno Rigoroso" de VG), ai vem logo cheio de referencias aos "Crescimentistas".
E a minha duvida é apenas esta:
O caro TavaresMoreira preocupa-se mesmo com o futuro do Pais ou vive apenas obsecado com os "Crescimentistas" ???
Palpita-me que vêm aí mais umas grevezitas, nomeadamente nos portos.
Diminuição do desemprego? Crescimento? Que é lá isso?
Talvez isto seja relevante para o tema?
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=117632
Caro Pedro,
Como resposta ao seu curioso comentário, permita-me umas breves observções:
1ª) Não vale a pena agastar-se, como se depreende pela utilização de expressões como "postura meio irónica e debochada (!)" e "lá vem lançar mais umas atoardas"; não estamos aqui a discutir questões de honra pessoal, estamos simplesmente a tratar temas da actualidade político-económica, com serenidade, algum humor (pode ser de mau gosto, na sua opinião, mas não é ofensivo para ninguém), sem dramatismos...
2ª) Quanto a eu preocupar-me com o futuro do País, devo dizer-lhe que me preocupei e muito, na altura em que me competia intervir politicamente, mas não me limitei ao plano da preocupação pois também me ocupei e, quando me ocupei, fi-lo com o máximo empenho e sentido de serviço público, tenho por isso a consciência totalmente tranquila;
3ª)Em relação às minhas preocupações com o futuro do País, posso citar, em especial, algumas dezenas de artigos de opinião que publiquei com regularidade no D. Económico, entre o final de 1999 e o início de 2003, nos quais chamei insistentemente a atenção para a necessidade de mudarmos de pol´tica económica, sob pena de virmos a sofrer graves consequências - o fuuro vira a dar-me razão, infelizmente;
4ª) Se tiver interesse (não tem, provavelmente) em conhecer esses artigos de opinião, terei muito gosto em dispensar-lhos, o DE teve a gentileza de me oferecer, há pouco tempo, uma colecção completa;
5ª) Eu não estou aqui para defender o Governo actual, como tem sido claro nos Posts que venho publicando - porque não comentou o anterior, por exemplo? Mas não posso nem devo denunuciar os espantosos dislates que vêm sendo divulgados, nomeadamente pelos ditos "Crescimentistas", em relação a determinadas medidas da política que, para além de necessárias, são inadiáveis...
6ª) Os mesmos "Crescimentistas", alguns deles pessoas afáveis e educadas certamente, são essencialmente vendedores de ilusões em matéria político-económica; e eu, para lhe ser sincero, estou cansado, saturado mesmo, deste marketing de ilusões. Ao usar o humor como arma de defesa, neste caso, estou pois a agir em legítima defesa.
Caro António Barreto,
Umas grevezitas nos portos viriam mesmo a calhar: as exportações estarão a evoluir excessivamente bem, é preciso por alguma areia na engrenagem...
Caro João Pais,
Agradeço a sugestão...
pois é, caro Tavares Moreira, agradeço a resposta ao meu comentário, resposta que aceito embora...embora a mesma passe ao lado do meu comentário.
É que lá está, o caro Tavares Moreira, considera "serenidade, algum humor" os epitetos que utiliza para com os "Crescimentistas"...mas, pois é mas os meus adjectivos já são tomados por si como "agastamentos" e "dramatismos"! Mas garanto-lhe que são apenas a minha forma de ser "sereno, sem dramas".
Depois, foge ao que lhe pergunto, concluindo com a afirmação: "Os mesmos "Crescimentistas", alguns deles pessoas afáveis e educadas certamente, são essencialmente vendedores de ilusões em matéria político-económica"
...pelo que terei de reformular a minha questão inicial, e perguntar-lhe:
- os Crescimentistas são para si "vendedores de ilusões" ainda que reconheça que possivelmente sejam "alguns deles pessoas afaveis e educadas" (!?!?!...serão mesmo???)
...já os "Au-histericos", que há quase 3 anos não acertam um indicador dos prometidos, nã, estes não são "venderores de ilusões"! nã, os "au-histericos" para si, mesmo saindo tudo com desvios colossais relativamente ao prometido...nã, estes já não são ilusórios.
confesso que gostava de conseguir ver as diferenças com a mesma "assertividade" com que o Tavares Moreira os diferencia...
(P.S - obvio que o respeito, a Si e ao seu trabalho, e acredito no seu empenho e dedicação ao Pais e ao Futuro...e como naturalmente terá entendido! apenas me é dificil perceber as duas "bitolas"...porque analisando os "sucessos/insucessos" da politica actual...a realidade mostra-nos constantes falanços, e promessas furadas.)
Caro Pedro,
Devo-lhe uma explicação que tem a ver com a interpretação daquilo que refere como sendo "desvios colossais relativamente ao prometido"...
Para começar, eu não me recordo de ter prometido seja o que for, se outros prometeram eles deverão explicar as razões pelas quais a realidade não se compagina a tais promessas...
Quanto ao desempenho da economia nos últimos 3 anos, caracterizado por sucessivas quedas do PIB - parece que essa fase estará a chegar ao fim, veremos se asim é - e por aumento dramático do desemprego, isso para mim não constitui qq surpresa uma vez que (por muito que tal nos custe) se trata de consequências necessárias de um processo de ajustamento como aquele a que a economia portuguesa teve de se sujeitar para evitar o colapso financeiro, a bancarrota e consequências ainda (muitíssimo)mais gravosas...
Como não constitui qq surpresa, entendo que nada tenho a acrescentar, a não ser lamentar que a tempo e horas nos tivessemos apercebido dessas consequências - ou seja, no final dos anos 90...
Resta-me reiterar a ideia que exprimi de que alguns, muitos mesmo, dos Crescimentistas são efectivamente pessoas afáveis, urbanas e respeitáveis - posso citar-lhe o caso do actual SG/PS - não obstante o facto de rejeitar o produto que me/nos pretendem "impingir", por manifestamente deteriorado...
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