1. O
FMI divulgou a 31 de Julho o relatório da 4ª avaliação do 2º Programa de
Assistência Financeira à Grécia, no qual conclui pela insuficiência do “envelope”
de € 173 mil milhões aprovado em Março de 2012 para vigorar até Março de 2016.
2. Segundo
o FMI, será ainda necessário que os credores europeus da Grécia disponibilizem
mais € 11 mil milhões de ajuda financeira para além da que está prometida e, adicionalmente, se preparem para um
perdão de € 7,4 mil milhões – tudo como condição para que a Grécia possa
cumprir o serviço da dívida pública a que está obrigada, até ao fim do Programa
e no pós-Programa…
3. Se
a ajuda adicional de € 11 mil milhões, embora não aceite ainda, parece não
suscitar grandes inquietações, o mesmo não se pode dizer do perdão de € 7,4 mil
milhões, que é por agora tema absolutamente proibido, tanto na Alemanha como noutros países
credores do norte da Europa.
4. A
Alemanha vai a votos para o Parlamento Federal, a 22 de Setembro, e na opinião
pública alemã qualquer referência a perdão de créditos oficiais à Grécia ou a
outro país sob assistência financeira da Troika é vista com a maior hostilidade
– enquanto os crescimentistas domésticos alimentam sonhos quanto a facilidades
desse tipo, é bom não esquecer que se existe fadiga social e política nos
países sujeitos a medidas de austeridade existe uma fadiga simétrica, que
rejeita ajudas extra, nos países credores…
5. Tem-se
assim a noção de que até final de Setembro nada de
especial irá acontecer, mas depois estes temas voltarão inapelavelmente à
discussão – quanto mais não seja a propósito da 5ª avaliação do Programa de
Assistência da Grécia e/ou da votação dos Orçamentos grego e português para 2014…
6. Anote-se
que, apesar da aparente “generosidade” das propostas do FMI para a Grécia, o
Fundo coloca sempre como condição “sine qua non” desses apoios o cumprimento
estrito da condicionalidade por parte da Grécia – em especial uma significativa
redução do número de funcionários públicos e a efectiva implementação de um
amplo programa de privatizações – matéria que na Grécia assumem um carácter
altamente tóxico…
7. Por
cá, tenho a noção de estamos a atravessar uma “twilight zone”, favorecida pelo
recesso estival, em que não se entende muito bem qual o rumo dominante dos
acontecimentos – se o prosseguimento da consolidação orçamental (vulgo austeridade)
ou uma nova era, ainda carregada de névoas mas com um discurso cada vez mais
impregnado de crescimento…
8. …enquanto
o ambiente morno vai sendo animado pela banda dos SWAPS, em que
a música dominante, transmitida incessantemente pelos indomáveis e
clarividentes media, sugere espantosamente uma leitura em que o anterior Governo surge no
papel de VÍTIMA quase INOCENTE!
9. …convém todavia não esquecer, apesar deste ruido de fundo, que ainda estão por realizar 5 exames sobre o cumprimento
do PAEF, qual deles o mais complexo e
que a condicionalidade que temos para cumprir, mais as idiossincrasias do TC,
vão certamente “dar-nos água pela barba”…
3 comentários:
Caro Tavares Moreira,
A avaliar pelos buracos que ainda se vão descobrindo e que são culpa minha, espero que a próxima avaliação corra tão mal que façam do senhor do FMI presidente da república. Já não há paciência nenhuma para a aristocracia estatal que se defende independentemente do descaramento do roubo.
Caro Dr,
Uma desgraça não vem só. Além do governo anterior estar exposto á publicidade enganosa do City, teve ainda, segundo António Costa, de arcar com uma taxa de juro muito baixa, o que o levou a endividar-se muito para além do pretendido.
Afinal portou-se como a tal dona de casa, muito referida por Medina Carreira.
Caros Comentadores,
Em 1º lugar as minhas desculpas pela estranha intromissão de hackers na composição deste texto que me surpreendeu tanto como provavelmente aos leitores. Tive o cuidado, após colocar o Post, de verificar o texto, que se apresentava sem mácula (para além do pecado original da autoria). Não consigo entender a razão desta alteração, mas prometo investigar...
Caro Tonibler,
Isto está mesmo de fazer perder a paciência a um santo, como bem sugere o seu comentário...
A total cumplicidade dos media, que diariamente fazem a apologia do aumento das despesas públicas, a respeito de qq tema, para logo a seguir verberarem os aumentos de impostos, intersecta profundamente a esfera do inimaginável, do absurdo, do paradoxal, da mais rematada idiotice,etc, etc...
Neste contexto,´parece nada haver a fazer meu Caro, a não ser pela porta de saída...
Caro Oscar Máximo,
Muito bem observado, em particular essa descoberta do anterior Governo ter sido também vítima das baixas taxas de juro é realmente uma beleza! O tal comentador revela, nesse delicado pormenor, todo o esplendor dos seus ilimitados recursos!
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