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sábado, 30 de agosto de 2008

“Apagar o mundo”...

Li hoje o relato de uma drama vivido por um controlador aéreo português e um piloto solitário que acabou por sucumbir no oceano Atlântico. A última hora e meia de vida de um amante da poesia que sabia não poder chegar a terra. Ambos sabiam o que ia acontecer. O português conseguiu, naquelas dramáticas circunstâncias, encetar um diálogo. Um diálogo de poesia, já que era também poeta e recitou poemas de autores portugueses e da sua própria autoria. O piloto levava como companhia um livro de poemas. Uma hora e meia de poesia.
Vou guardar o relato do açoriano que tem vivido um pesadelo. Ivo, de sua graça, desabafa à jornalista que: “Acho que não voltarei a falar sobre isto. Quando recordo o sucedido dou comigo numa espécie de labirinto do qual não consigo sair”. A jornalista encerra a história afirmando: “Quer libertar-se da voz que o acompanha. Quer deixar morrer a história de morte que lhe marca a vida”.

Teixeira de Pascoaes escreveu um dia o seguinte verso:

O homem, ao morrer, apaga com o último suspiro,
o mundo em que viveu.

3 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Professor Massano Cardoso
Perante um drama é sempre possível encontrar algo de "belo". Nesta história eu encontrei...
São histórias que creio nunca morrem durante a vida. Que marcam profundamente e acompanham a vida até à sua morte.
Também é assim que leio e sinto o verso de Teixeira de Pascoaes.

Suzana Toscano disse...

Espero que esse controlador aéreo venha ler o 4r para poder ler este seu post e, sobretudo, a citação que escolheu para que ele se liberte do pesadelo. O mundo apagou-se para quem morreu, acabou-se, não existe. Quantas vezes temos que nos lembrar disso quando pensamos no que gostaríamos de poder ter feito para salvar da morte dos que amávamos?

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.