Ainda guardo o livro.
E com ele a memória de Aleksandr Solzhenitsyn que hoje nos deixou com 89 anos.
A capa está velhinha, a lombada quase desfeita, as folhas muito amareladas.
Editado em Setembro de 1975 pela Bertrand, em pleno Verão quente do PREC, este livro foi uma arma fantástica para os confrontos que então se travaram.
Destruiu mitos, ajudou a formar convicções, expôs a tirania daqueles que se diziam os defensores da igualdade e fraternidade entre os homens.
Naqueles tempos de enorme confrontação, Solzhenitsyn trouxe-nos o lado absolutamente negro daquele comunismo e da sua indústria carcerária, que então nos tentavam impingir.
Em memória deste grande homem, deixo uma pequena transcrição do seu arquipélago:
“- Eu??? Poquê???
Pergunta repetida milhões e milhões de vezes antes de nós, e que nunca obteve resposta.
A detenção é uma transição instantânea e evidente, uma ruptura, a passagem de um estado a outro.
Ao longo da sinuosa rua da nossa vida caminhávamos felizes, ou arrastávamo-nos penosamente, encostados a não importa que taipais: taipais e taipais de madeira podre, de barro, de tijolo, de betão, de ferro fundido.
Pensaríamos no que existe para além deles? Nem com a vista, nem com o pensamento tentávamos penetrar no que havia por detrás, quando é ali mesmo, bem perto, a dois metros de nós, que começa o Arquipélago de GULAG.”
3 comentários:
Ainda me lembro do efeito produzido pela leitura do Pavilhão dos Cancerosos. Era um jovem estudante. Impressionou-me sobremaneira..
http://www.youtube.com/watch?v=YauHIVbTbOw
L´Homme et ses Droits.
com os meus cumprimentos.
A este Homem a que o Vitor muito justamente presta homenagem, não foi feita a justiça histórica de relevar o papel que a sua obra e o seu exemplo significaram para o mundo. Pode ser que, desaparecido do mundo dos vivos, ganhe a importância que tem.
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