Quase sem darmos por isso, entre as notícias da crise financeira, da crise energética, da crise dos cereais e da crise social, foi ganhando espaço a crise da paz. Há uns tempos ouvíamos falar dos avanços e recuos no Médio Oriente, ou das negaças e ameaças do Irão e dos seus planos nucleares, ou do Darfur, ou da mal resolvida tensão nos Balcãs, ou de uns estertores no Afeganistão. Tudo problemas mais ou menos longínquos ou, pelo menos, noticiados casa a caso.
Mas o muro de Berlim estava caído e bem caído, a Europa ia de vento em popa a abranger mais e mais países no sentido Leste e seguíamos embalados na ideia de que a Rússia se ia chegando para lá, encerrada nas sua máfias e nos seus novos milionários. O Kosovo era um problema político e o Direito Internacional acomoda muitas leituras.
A América, enredada no Iraque, está em processo eleitoral e anima os noticiários com candidatos brilhantes e convenções fantásticas, prometendo que vai renascer para um mundo novo.
Não sei se foi a Georgia que fez juntar as peças todas, tornando patente o frágil equilíbrio da paz mundial, ou se já é resultado das rápidas mudanças geopolíticas que baralharam tudo.
De repente, é analisada com preocupação a fraca capacidade militar da União Europeia, o tom de voz entre a Rússia e os Estados Unidos é aterrador, os analistas afirmam que a ameaça do Irão é para levar muito a sério e que foi um grave erro decretar a fraqueza russa antes de tempo.
Ouvimos as promessas eleitorais de Obama, mais que tentadoras, mais que justas – educação e saúde para todos – e perguntamo-nos se a América vai desistir do orçamento militar. E se a Europa vai armar-se até aos dentes, desarmando-se das políticas sociais.
De repente, muitas vozes afirmam que o Irão é uma ameaça real e de curto prazo e que, em caso de guerra, fecha a rota do petróleo. A China irá servir-se a África e a Europa sofrerá uma enorme escassez.
Mas o muro de Berlim estava caído e bem caído, a Europa ia de vento em popa a abranger mais e mais países no sentido Leste e seguíamos embalados na ideia de que a Rússia se ia chegando para lá, encerrada nas sua máfias e nos seus novos milionários. O Kosovo era um problema político e o Direito Internacional acomoda muitas leituras.
A América, enredada no Iraque, está em processo eleitoral e anima os noticiários com candidatos brilhantes e convenções fantásticas, prometendo que vai renascer para um mundo novo.
Não sei se foi a Georgia que fez juntar as peças todas, tornando patente o frágil equilíbrio da paz mundial, ou se já é resultado das rápidas mudanças geopolíticas que baralharam tudo.
De repente, é analisada com preocupação a fraca capacidade militar da União Europeia, o tom de voz entre a Rússia e os Estados Unidos é aterrador, os analistas afirmam que a ameaça do Irão é para levar muito a sério e que foi um grave erro decretar a fraqueza russa antes de tempo.
Ouvimos as promessas eleitorais de Obama, mais que tentadoras, mais que justas – educação e saúde para todos – e perguntamo-nos se a América vai desistir do orçamento militar. E se a Europa vai armar-se até aos dentes, desarmando-se das políticas sociais.
De repente, muitas vozes afirmam que o Irão é uma ameaça real e de curto prazo e que, em caso de guerra, fecha a rota do petróleo. A China irá servir-se a África e a Europa sofrerá uma enorme escassez.
Se lermos atentamente as notícias e os múltiplos artigos de análise e opinião sobre a realidade geopolítica que se desenha todos os dias, reparamos que a hipótese de uma guerra é admitida com contornos cada vez mais nítidos. Como já não tínhamos memória.
9 comentários:
Cara Suzana:
Por mais loas que se entoem à sua inteligência, o bicho-homem é dotado de profunda irracionalidade.
Para este animal, a paz só funciona enquanto guarda alguma memória pessoal das feridas e das dores das lutas e da guerra. Quando tal memória se esvai, os líderes sentem-se à vontade e fazem retornar a manada à sua natureza e hábitos ancestrais e selvagens.
É verdade, Suzana. Li há dias um notável artigo sobre uma nova corrida aos armamentos como há décadas não se assistia.
O mundo está, de facto, a trnasformar-se num sitio cada vez mais perigoso...
A capacidade mundial de fabricação e manutençãode aeronaves militares está a 100% desde hápelo menos dois anos.
A nível da construção naval, e tirando navios da insdústria do petróleo, está tomada com construção militar.
Mais sinais que estes....
Quando o bastião da liberdade e terra dos livres é um dos principais exportadores de armamento e cujo orçamento de defesa representa metade do total mundial (para uma população de apenas 5% do total), não se pode esperar muita paz no planeta.
A China está a armar-se rapidamente para tomar controlo do Mar da China, e reclamar o que tem sido o domínio americano. É normal, o que fariam os Americanos se os Chineses tivessem frotas em frente à Califórnia ou Alasca?
No fundo, tudo se resume a interesses e para os defender é preciso o hardware (ou acham que as 700+ bases americanas espalhadas pelo mundo são para ajudar a população local ou "espalhar a democracia"?).
Meus caros,
Os tempos são de mudança...
1) A Europa tentando criar um império através da economia é uma ideia genial e moderna de que nos devemos orgulhar. No entanto a Pax europeia não é o mesmo que a Pax romana. Mais cedo ou mais tarde será necessário ter armas e soldados e fazer a guerra pontualmente, sem gratuitidades. Não sei se o preço da máquina miliatar é um preço de políticas sociais -- veja-se a França. O preço da guerra são os que morrem. Um força militar credível é uma banalidade de base para qualquer estado.
2) Revisitar o passado, os mortos em guerra, é absolutamente básico para uma civilização. Há países que não se esquecem que a independência e um modo de vida civilizado têm um preço. A memória e experiência da guerra põe a vida em perspectiva. Tenho a certeza que o Ronaldo não esbanjaria o seu dinheiro como o faz se tivesse algum contacto com a guerra.
3) Os Russos não são burros... e jogam bem xadrez. Uma Rússia forte, estabilizando a Ossétia (que já era problemática nos tempos dos romanos como a judeia...) e também os fundamentalistas, é boa para o ocidente. Prefiro uma situação de equilíbrio bipolar e lidar com Russos racionais do que com loucos fundamentalistas que acreditam no paraíso...
Cumprimentos,
Paulo
A este propósito acabei de receber um e-mail que, na sequência das imagens mandadas recolher aos campos de concentração nazis pelo Gen. Eisenhower, divulga palavras proferidas na altura por ele e que, hoje mais que nunca, merecem séria reflexão. Disse ele:
“…há-de vir um dia em que algum idiota se vai erguer e dizer que isto (refere-se às imagens do holocausto) nunca aconteceu…”
O Irão é da opinião que o holocausto é uma mentira dos americanos!
Esta e outras atitudes de confltos recentes, são um presságio assustador sobre o que se está a configurar no mundo e sobre o modo fácil como, aparentemente, os países se estão a deixar levar para um conflito do qual não há retorno.
Esperemos que a inteligência de uns supere a bestialidade de outros.
O seu sobrevoo Suzana pela cena internacional insinua uma situação de uma gravidade quase sem precedentes e de descontrolo. Não creio que seja o caso, embora o nível de perigosidade seja hoje maior. A guerra está longe de estar à porta porque, hoje como ontem, nenhuma potência admite a degradação do clima político e de segurança até esse patamar. Mesmo perante uma crise de proporções muito graves, haverá sempre mecanismos para não permitir a via do conflito armado de grandes proporções. Nenhum país está interessado em se suicidar por falta de saída, tipo morra Sanção e todos os que aqui estão.
Os dossiers especiais da Geórgia e da Ucrânia perderão o calor que irradiam; a política externa dos EUA mudará pouco; a UE continuará incapaz de acordar numa política e estratégia comuns; o conflito do Médio Oriente vai-se arrastar como se tem arrastado, com altos e baixos; a Rússia nunca aceitará ficar reduzida a vendedora de petróleo e gás; a China, essa sim atacada de sérios problemas (envelhecimento da população, maciças práticas desleais de comércio internacional, poluição e saúde pública, impossibilidade óbvia de manutenção de taxa de crescimento de 10%/ano), quererá cada vez maior protagonismo internacional que até agora tem sido monopólio do mundo ocidental; e o problema da proliferação de armas de destruição maciça manter-se-á, continuando a constituir moeda de troca ao mais alto nível.
Quanto aos órgãos de comunicação, incluindo aqueles que são considerados mais sérios ou imparciais, ou porque mais especializados (The Economist, Financial Times, etc.), parece interessar o alarmismo e, de qualquer forma, o sensacionalismo de exploração emocional. Também aqui não há nada de novo. Por cá acontece o mesmo mas com outras matérias.
Deus a leia, Margarida, e nos conceda a graça de concordar consigo.
Infelizmente as duas guerras de escala mundial de que guardamos mais recente memória, iniciaram-se por causa de incidentes locais ou regionais não muito mais graves do que alguns a que assistimos hoje.
E nessa altura também muitos dirigentes políticos confiaram na lógica da détente. A par dos loucos que desencadearam a guerra, foram também a omissão desses que deram lugar a conflitos onde se perderam milhões de vidas e se praticaram os piores dos horrores. Desses dirigentes habitualmente não se fala. Talvez por isso se diga que dos fracos não reza a História.
Sim, Margarida, Deus a leia, soube-me mesmo bem ler o seu comentário e acreditar que tem lógica, que talvez seja assim mesmo. Mas não é o que parece, os sinais são muito preocupantes e, além disso, eu não comungo da sua confiança na profundidade das estratégias políticas internacionais, nesse cálculo de forças, nessa dança cautelosa que quer esticar mas não partir a frágil corda dos equilíbrios mundiais. Como se tudo fosse antecipado e previsto.Veja o que aconteceu no Kosovo, a "alegria" do reconhecimento,agora a contradição, veja também como a Rússia está agora aflita porque a China não quer reconhecer os "novos Estados", uma vez que tem lá o Tibete à espreita da sua oportunidade. Também podemos perguntar a que título houve há bem pouco tempo um "alarme global" com a crise dos cereais, afinal a produçaõ aumentou imenso, será que o trigo, o arroz e o milho se semeiam num dia e nascem dois meses depois? Quando os jornais se encheram de título terríveis já a colheita devia estar perto de se fazer...Enfim,esperemos que tenha razão mas, como lembra o Zé Mário, quando se inventaram os aviões de combate também se dizia que o mundo não resistiria a uma guerra em que entrasse fogo do céu!
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