Ouvi hoje no canal de televisão de serviço público a notícia de que o Governo tinha decidido baixar o preço de alguns medicamentos genéricos.
A propósito, o Canal ouviu a opinião de empresas farmacêuticas, que referiram não poder suportar os novos preços, tendo que encerrar algumas unidades produtivas.
Depois, o Canal foi ouvir o Governo, que desdramatizou a situação, dizendo que a medida estava tomada e depois analisaria as consequências.
Não podemos ser exigentes, nem esperar outra coisa dos nossos dedicados Ministros. Coitados deles, sempre em movimento, sempre em visitas, sempre no social, sempre diante do microfone, sempre em palestras e inaugurações e simpósios e conferências, como é que podem ter tempo para analisar o que quer que seja? Limitam-se a assinar o que os seus meninós assessores lhes apresentam e, depois, seja o que Deus quiser!...
Se houver reclamações, logo se vê!...
9 comentários:
Convém acrescentar, meu Caro, que o Canal também disse que os preços dos genéricos são mais elevados em Portugal que na generalidade dos países da UE.
Se bem me lembro.
Caro Rui:
Não foi essa a matéria que abordei.
Mas, quaisquer que sejam os argumentos do governo,se eles foram devidamente ponderados, a decisão é para manter,contra ventos e marés. Não faz qualquer sentido uma decisão governamental, pressupostamente séria, se altere consoante os artigos da imprensa ou os pareceres das entidades directa ou indirectamente interessadas. Por isso, o Governo, ao dizer que deois logo se verá, está a significar que não está seguro da decisão, ou por ter sido mal preparada e examinada, facilitista ou por recear represálias da indústria. O que só acaba por lançar descrédito sobre o Governo.
E Governo, PS ou PSD, tem que ter crédito!...
Meu Caro Amigo,
Eu não sei o que esteve por detrás da decisão do governo nesta matéria, para além daquilo que foi dito na peça que ambos vimos e ouvimos: os preços dos genéricos são mais elevados em Portugal.
Ora quem é o grande comprador de genéricos em Portugal? A segurança Social. Quem paga? Os portugueses.
Ora um comprador, se for honesto e não for estúpido, deve defender os interesses de quem representa. Certo?
Pois bem. Foi o que fizeram. Porque a alternativa seria importar os medicamentos de fornecedores externos mais baratos.
Põe-te no lugar de patrão de uma seguradora na discussão de preços com os fornecedores? Que farias? Ias primeiro ver se eles poderiam fornecer, coitadinhos, por um preço mais baixo ou confrontáva-los com os preços da concorrência?
Meu amigo: Aqui está um bom exemplo daquilo que muitas vezes temos abordado. Temos de reduzir a despesa pública. O pior é que quando se aperta a coisa há logo quem mie.
A mim, não me impressiona esse miar.
Caro Rui:
Continuas a insistir na mesma jogada, sempre em off-side.
O ponto que critico não é a decisão. É a possibilidade admitida de voltar atrás, depois de ponderadas as consequências.
O que significa que não o foram, quando a decisão foi tomada.
Pois, se o fossem, não haveria razão nenhuma para admitir voltar atrás.
Ou não é assim?
Caro Pinho,
A política é feita por artes que eu não domino. Nem quero dominar.
Aliás, já não iria a tempo, como sabes.
Mas o que eu ouvi na peça foi a que o governo se mostrava disposto a ouvir as razões dos empresários dos genéricos.
Se fosse eu a decidir era assim que decidiria: Quem quer fornecer genéricos tem de os fornecer a preços competitivos.
Mas estaria sempre disponível para depois ouvir as razões dos meus fornecedores. E talvez algumas fossem atendíveis. Porque não?
Mas essa possibilidade de dialogar não me inibiria de actuar imediatamente.
É assim, julgo eu, que procede qualquer gestor privado.
Vê lá bem portanto a linha e concluirás que não estou nem estava em off-side.
Caro Rui:
Primeiro, analisa-se ouve-se, para pesar devidamente os prós e os contras.
Depois decide-se.
Decidido, não há que ouvir mais; apenas fazer cumprir!...
Caro Pinho,
Estás a reinar comigo!
Se o meu Amigo fosse patrão e tivesse dois fornecedores nacionais que lhe estavam a facturar 100 e dez estrangeiros que ofereciam o mesmo por 80, o meu amigo como procederia?
Desculpa mas essa faz-me lembrar a do pingo de solda no olho.
Conheces?
Claro que o meu amigo dizia: Baixem lá a bitola se querem continuar a fornecer. E vamos lá ver o que é que se passa porque prezo a indústria nacional desde que ela não viva de proteccionismos estatais. E talvez o ministério da economia possa dar um contributo, por exemplo. Mas com os preços não se brinca para não haver confusões.
A bem dos contribuintes e dos utentes da segurança social, que são mais numerosos que os que vivem da produção de genéricos.
O meu amigo Rui continua, teimosamente, a desconversar!...
"O meu amigo Rui continua, teimosamente, a desconversar!..."
Sinceramente, não percebo porquê.
Se discordar é desconversar, estou.
Mas, honestamente, não percebo onde é que está agora o teu ponto de discordância comigo a não ser no facto de tu entenderes que o governo deveria fazer o que afinal deve ter feito: concluir que estava o Estado a ser levado.
Caro Pinho: Não desconheço que este governo tem avançado várias vezes e depois recuado. Mas também não desconheço que em várias ocasiões isso se deveu ao facto das oposições terem alinhado em conjunto na crítica pela crítica.
Neste caso, até pode vir acontecer um novo recuo. Se for o caso, lamentarei.
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