"Apaixonadas por condenados", o nome de uma reportagem transmitida na SIC Notícias que revela histórias de criminosos e de mulheres livres que se envolvem amorosamente, em relações duradouras, por correspondência e na ausência de qualquer contacto físico.
A reportagem teve lugar nos Estados Unidos da América onde existem cerca de 3.400 homens no "corredor da morte".
Depois de ver a reportagem fiquei a pensar o que pode levar uma mulher a apaixonar-se por um criminoso condenado à morte ou a prisão perpétua? Tratando-se de homens perigosos que cometeram crimes hediondos - muitos deles envolvendo violações de crianças e raparigas jovens seguidas de requintes de malvadez até ao golpe final de morte - é difícil compreender que sejam procurados por mulheres, que até aí não os conheciam, que manifestam interesse por eles, sendo que algumas dessas relações amorosas acabam, não assim tão raras vezes, em casamento. Também fiquei a pensar o que pode levar uma mulher a ligar-se emocional e afectivamente com homens que estão condenados a passar o resto da sua vida na prisão - muitos deles sem saber até quando - totalmente impossibilitados de constituir uma família, de se olharem nos olhos ou de viver e partilhar em conjunto as coisas mais normais da vida.
Depois de ver a reportagem fiquei a pensar o que pode levar uma mulher a apaixonar-se por um criminoso condenado à morte ou a prisão perpétua? Tratando-se de homens perigosos que cometeram crimes hediondos - muitos deles envolvendo violações de crianças e raparigas jovens seguidas de requintes de malvadez até ao golpe final de morte - é difícil compreender que sejam procurados por mulheres, que até aí não os conheciam, que manifestam interesse por eles, sendo que algumas dessas relações amorosas acabam, não assim tão raras vezes, em casamento. Também fiquei a pensar o que pode levar uma mulher a ligar-se emocional e afectivamente com homens que estão condenados a passar o resto da sua vida na prisão - muitos deles sem saber até quando - totalmente impossibilitados de constituir uma família, de se olharem nos olhos ou de viver e partilhar em conjunto as coisas mais normais da vida.
Das várias histórias reveladas fixei-me no caso de uma mulher e de um condenado que não se conheciam, que depois de meses de cartas trocadas entre ambos, casaram pelo telefone, num acto que foi assistido pela entidade oficial responsável pelo registo de casamentos. Passados alguns meses o condenado recebeu autorização para se encontrar na prisão com a sua mulher. Nesse raro momento imagino que se tenham surpreendido, olhado, tocado e beijado, sem tempo para aproveitar os breves minutos que lhes foram concedidos.
Ambos, marido e mulher, não valorizaram a impossibilidade de não poderem estar um com outro. O importante para eles é saberem que se têm um ao outro.
Ambos, marido e mulher, não valorizaram a impossibilidade de não poderem estar um com outro. O importante para eles é saberem que se têm um ao outro.
Compreendi que são relações que se desenvolvem com um sentido muito forte de posse, quer de um lado quer do outro, em que a realização pessoal parece assumir, no entanto, tonalidades diferentes. Pareceu-me que do lado dos condenados há como que a satisfação de sentirem e saberem que, no mundo que desgraçaram e que deles não mais quer ouvir falar e ver, há um ser que não os despreza, que os compreende, que os valoriza, que neles encontrou algo de bom perdido mas que afinal existe. Do lado das mulheres fiquei com a impressão que o que as liga poderá ser algo que se prende com pena ou compaixão.
Pergunto-me o que leva uma mulher normal a renunciar a uma vida normal, a perder o que de bom a vida pode proporcionar, a aceitar uma espécie de “condenação”? Falta de esperança, desvios comportamentais, sentido de "missão"?
Pergunto-me o que leva uma mulher normal a renunciar a uma vida normal, a perder o que de bom a vida pode proporcionar, a aceitar uma espécie de “condenação”? Falta de esperança, desvios comportamentais, sentido de "missão"?
Que diferenças podem ser essas que as distingue das outras mulheres que procuram o bem-estar e a felicidade e a dos seus através da construção em liberdade de plenas relações de amor e de amizade?
A mente humana não pára de nos surpreender. É, realmente, uma caixa de surpresas!
3 comentários:
Cara Margarida, como seria de esperar, as suas reflexões produziram o efeito de me colocar tambem a reflectir. Primeiro através do seu olhar, depois, num desejo de alcançar diferentes pontos de vista, através do meu.
Mas confesso-lhe cara Margarida, não consegui ir mais além das suas opiniões. Esta equação é realmente composta por muitas incógnitas, sendo cada uma delas é em si mesmo um mundo de outros pressupostos.
Custa entender o que motiva uma pessoa livre a buscar uma relação de amor com alguem que sabe à partida não dispor de liberdade e ainda que essa liberdade lhe foi retirada por ter cometido um crime.
Não pretendendo de forma nenhuma armar-me em Freud mas, complementando os seus raciocínios, acrescento uma hipotese: Será que essas mulheres que optam por esses amores "impossíveis" se sentem dessa forma protegidas? Ou seja: será que essa é a forma que elas encontram de amar alguem, tão intensamente quanto o desejável, sabendo que difícilmente a outra parte as irá um dia magoar de alguma forma?
Tal como diz, cara Margarida, a mente humana, revela-se muitas vezes, uma enorme caixa de surpresas, ou então... uma caixa pequenina, mas inesgotável.
Cara Dra. Margarida Aguiar:
É difícil compreendermos o que leva estas pessoas a criarem laços amorosos, sabendo elas próprias que são laços efémeros…
É um pouco como as relações virtuais que temos no Messenger onde pessoas assumem comportamentos e atitudes de compromisso com alguém que não conhecem…
Diz um amigo meu, dom juan de paixões virtuais da net, detentor de um elevado número de contactos adicionados pacientemente nos últimos anos, que as pessoas procuram ali um amigo com quem “desabafar” segredos e desejos íntimos, sem serem censuradas…
A mente humana é mesmo muito estranha, não é?…
Caro Bartolomeu
São reflexões difíceis porque não é fácil imaginarmos o inimaginável. É possível que essas mulheres se sintam "protegidas", embora me custe a crer que se renuncie dessa maneira às coisas boas da vida ainda que pelo caminho com algum sofrimento. Serão mulheres assim tão "fracas" e medrosas da vida? Serão mulheres sofridas porque a vida lhes pregou alguma partida? Ainda assim custa a acreditar, tal é a desproporção.
Caro jotaC
Não me tinha lembrado da comparação com as relações "virtuais". É uma coisa, aos meus olhos, muito estranha.
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