1. Apesar de pouco dado a prestar atenção aos programas eleitorais de governo – ao fim de tantos anos temos de aprender alguma coisa, pelo menos saber (i) o que não interessa ler ou ouvir bem como (ii) distinguir aquilo que é simples encenação e uma proposta séria – uma notícia desta manhã buliu em especial com a minha sensibilidade.
2. Trata-se da promessa eleitoral de descida das taxas do IRS, anunciada pelo partido incumbente de Governo...
3. Promessa anunciada pouco mais de uma semana depois de o respectivo PM ter afirmado, solenemente, que descer impostos seria uma grave irresponsabilidade...
4. Assunto a que dediquei aliás um último POST, em 23 do corrente, intitulado “Política Orçamental: ideias clarinhas...como CARVÃO!”
5. Nesse POST procurei chamar a atenção para a contradição do discurso do PM quando proclamava, ao mesmo tempo, (i) a secundarização do objectivo do equilíbrio das contas públicas no contexto actual e (ii) a irresponsabilidade de uma eventual descida dos impostos...
6. Pois são estas mesmas excelsas mentes, cujo grande porta-voz, mentor e ideólogo há apenas uma semana anatematizava a descida de impostos...que agora vêm prometer uma descida dos impostos?...
7. Então a descida de impostos deixou de ser irresponsabilidade no curto espaço de uma semana?...Como é isto possível – será que o objectivo desta competição eleitoral é chegar ao zénite da insanidade?
8. Com este fantástico exemplo de rigor e coerência de ideias e propósitos, acham mesmo que vale a pena prestar atenção aos programas eleitorais de governo?
14 comentários:
Caro Tavares Moreira
Li no "i" de hoje, 28/07/09. que a proposta do PS diminuia as deduções legais o que, segundo esse jornal, tinha um efeito neutro: a classe média, com rendimentos globais entre € 3.000 e 5.000/mês, ia pagar mais impostos.
Não sei se isto é correcto, mas se o fôr, e de acordo com o que afirma, este Governo o que deu com uma mão (direita) tirou com a outra (esquerda)!!!!
Cumprimentos
João
Eu por mim já encontrei o mais eficiente dicionário do mundo. O dicionário político-português que tem milhões de entradas, mas uma só saída : "m.q. vais pagar mais, tótó..."
Por isso, nas próximas eleições lá estarei a votar no PNR ou no MRPP ou noutro qualquer que me prometa uma revolução pelas armas...
Com as mesmas ganas que vendia a pasta medicinal Couto a velhos de 100 anos, ou o restaurador Olex a jigôlos de capachinho, o vendedor do século começou a interessar-se por blogs.
Belmiro não lhe dá um lugar de master salesman, no departamento de vendas do Continente?
Caro João,
Se assim for - admito que nem seja - então a msg de descida dos impostos, para além de politicamente insana, é enganosa...era só o que faltava para compor o ramalhete!
Caro Tonibler,
Porque será que os Clubes de futebol não podem apresentar candidatos às eleições para o Parlamento?
Sempre tinhamos um leque mais alargado de opções para além das que refere em seu inspirado comentário!
Caro maioria,
A venda da banha da cobra, em feiras e romarias, era antigamente o produto que distinguia os vendedores-excelência - o TOP da profissão!
Gostaria ainda de acrescentar, em benefício da coerência do 1º timoneiro, as recentes propostas de criação de subsídios para os casais que, embora empregados, tenham baixos rendimentos, ou o cheque de 200 € para cada nascimento...
Se não há margem para baixar a receita (o que no caso de redução de impostos pode nem resultar em quebra de receita), para aumentar a despesa a flexibilidade está sempre presente...
murphy
Gostaria ainda de acrescentar, em benefício da coerência do 1º timoneiro, as recentes propostas de criação de subsídios para os casais que, embora empregados, tenham baixos rendimentos, ou o cheque de 200 € para cada nascimento...
Se não há margem para baixar a receita (o que no caso de redução de impostos pode nem resultar em quebra de receita), para aumentar a despesa a flexibilidade está sempre presente...
murphy
"O consumo público em Portugal. Um olhar desde 1985"
http://www.ionline.pt/conteudo/15524-o-consumo-publico-em-portugal-um-olhar-1985
Este artigo de Ricardo Reis, no jornal "i" exige uma resposta dos especialistas do PSD.
Caro Vitor,
Exactamente, dito de outro modo o défice (ou o seu aumento) é virtuoso se resultar de crescimento da despesa...mas já o não será se for consequência de redução dos impostos!
Claro...o Estado é quem melhor sabe realizar despesa, os particulares e as empresas gastam mal, axiomaticamente!
Caro Jorge Oliveira,
Meu amigo desculpe, mas aonde tem sua memória?
Não se recorda que este ilustre R. Reis é o mesmo personagem que em AGOSTO de 2007 afirmou - para grande alívio de vários dos nossos inspirados media - que a crise do sub-prime, então ainda no seu início e que haveria de provocar a imensa tormenta económica que hoje conhecemos...não passava de uma ligeira turbulência dos mercados interbancários e que DENTRO DE 30 DIAS já ninguém mais falaria em crise!!!
Depos disso passou-se o que se sabe...acha que vale a pena ainda prestar atenção às "descobertas iluminadas" deste ilustre professor?
"Trata-se da promessa eleitoral de descida das taxas do IRS"
Eu o que vi escrito num rodapé dum noticiário da TV (não me lembro em que canal) foi "descida dos escalões do IRS". Fiquei muito desconfiado: descer os escalões representa aumentar o imposto, mas sabendo da ignorância dessas coisas de muitos dos nossos jornalistas desconfiei que seria mesmo "descida de taxas", porque Sócrates não é suicida, e embora provavelmente venha a aumentar impostos, e não só aos "ricos", não o anunciaria agora.
Caro Tavares Moreira
De facto, não me recordava. Mas como se trata de filet mignon para o inimigo, que de pronto veio embandeirar com o artigo do rapaz, há que recordar isso também ao gentil público.
E mais : desta vez não é uma opinião do mesmo rapaz. Ele apresenta números. Se estão errados, e espero bem que estejam, há que dizer onde. Dá algum trabalho, mas a vida da oposição não é coisa fácil.
Não sei se isto é correcto, mas se o fôr, e de acordo com o que afirma, este Governo o que deu com uma mão (direita) tirou com a outra (esquerda)!!!!
Caro joão,
A isto eu chamava-lhe justiça social. E sim, é bem vinda
Caro Freire de Andrade,
O seu comentário traduz a generalizada confusão que por aí vai em matéria de promessas eleitorais...mas pouco importa, relevante é que a "máquina" de propaganda quis passar a mensagem da descida dos impostos - esquecendo-se que o grande timoneiro tinha considerado tal medida uma grave irresponsabilidade...
Admito que pelo facto de essa advertência solene ter sido feita há uma semana já poucos se recordem de tal!
Caro Jorge Oliveira,
Como bem saberá não tenho qualquer responsabilidade ou função na política activa (nem na passiva), não me cabendo por isso responder a opiniões do tipo da que referiu...
Mas digo-lhe que, mesmo que assim não fosse, nunca perderia o meu tempo para responder no caso concreto...
Uma tão grande barbaridade na apreciação e previsão de um fenómeno económico global como é a crise financeira e económica (agora mais esta) que temos estado a viver, retira toda a credibilidade às opiniões do austero professor, tanto mais que agora surge a tomar partido nas eleições domésticas...
Há situações que aconselham o maior recato, mas este austero professor parece não entender assim...
Caro Tavares Moreira,
Sempre defendi a baixa de impostos para aumentar o crescimento pelo lado da receita privada. Penso que este deve ser o modelo económico a seguir.
Vou agora para um concerto que está prestes a começar,
Um abraço aqui de Paredes de Coura!
Caro André,
Em Portugal o nível de fiscalidade (incluindo para-fiscalidade) é excessivamente elevado para as empresas que se encontram expostas à concorrência...
Já não é assim para aquelas que se encontram em situação de mercado protegido para os seus bens e serviços...
Mas como entre nós e em matéria de política económica prevalecem claramente os interesses dos sectores protegidos da economia, não surpreende que o entendimento oficial seja de que não se pode baixar os impostos...
Os resultados estão à vista - uma economia em processo irreversível de empobrecimento e de crescente endividamento ao exterior...
Já não há solução.
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