Enternecedora a cerimónia que consumou o casamento de conveniência entre o Zé Faz Falta e o PS Lisboeta. O Zé arranjou uma barriga de aluguer substituta do BE e passou a fazer parte dos que fazem falta ao PS neste momento de aflição. Todos parecem ser poucos para fazer frente a Santana Lopes (quem diria!). Só resta seduzir Helena Roseta (tarefa muito mais penosa, mas possível) porque, mesmo com o declarado apoio de Saramago ao PS, não é de crer que o PC vacile, sabendo como sabe bem que é nestes combates que se ganha credibilidade. E que para ser politicamente credível é indispensável afirmar a sua autonomia, afirmação possível com Sampaio ou Soares, duvidosa com Costa.
Percebe-se que Zé faz mesmo muita falta a Costa, não tanto pela sua valia eleitoral mas sobretudo pelo seu curriculum.
O Zé é o herói da Al Jazeera, para quem já não se lembre.
É grande promotor da corvina e das ameijoas do Tejo. O continuador da ideologia das hortas produtoras de couve tronchuda.
É ele o responsável pelos milhões a mais que tivémos de pagar a mais pelo túnel do Marquês.
O mesmo que se indignou e denunciou o escândalo da concessão a pataco de espaços municipais a tenebrosos interesses, como o restaurante Eleven no Parque Eduardo VII, ao mesmo tempo que onerava a Praça das Flores para exibições publicitárias de uma marca de automóveis.
O censor dos cartazes do PSD na Praça do Marquês do Pombal, a mesma onde, anos antes, se publicitava como candidato do BE.
Tudo isto sem falar nas superiores qualidades do Zé como gestor autárquico. A História de Lisboa registará como factos maiores, logo depois do entalanço do Martim Moniz, os grandes feitos do Zé, que, por serem públicos e notórios, aqui me dispenso de assinalar.
Ouço Costa dizer que a aliança com o Zé é para garantir a continuidade o trabalho e a sustentabilidade ambiental de Lisboa.
Conseguiu dizê-lo sem se rir. Eu é que não resisti à gargalhada.
10 comentários:
Veja lá que tive a mesma reacção quando vi aquele abraço no mirandouro...! Tudo tão previsível.
...miradouro, claro.
O Zé faz mesmo falta. Ainda diziam para aí uns atrevidotes que não era bem assim. Pois desenganem-se. O Zé encontrou a sua vocação, aprimorou-a e agora é sempre a andar...
Se houvesse corte, eu dizia que havia bobos; mas, como estamos numa república...
Caro Ferreira de Almeida,
Só nãio percebo o seu comentário irónico sobre as hortas urbanas.
Eu conhecia o conceito do que escreveu o Professor Caldeira Cabral que as defendeu nos anos 40 do século passado mas recentemente fizeram-me notar que o conceito é ainda anterior e contemporâneo da revolução industrial e urbana inglesa.
Toda a tradição mediterrânica vai no sentido de combinar recreio e produção, pela simples razão de que amenidade e produção dependem igualmente da disponibilidade da água e dos solos ferteis.
Do ponto de vista urbano são uma solução muito interessante embora com riscos elevados de degradação quando não se tem consciência de como é exigente a sua gestão.
Não percebo por isso a ironia, mesmo descontando o folclore à volta do assunto, que é muito e, muitas vezes, mau.
henrique pereira dos santos
Concedo, meu caro HPS, que é folclore. E do mau. Peço-lhe pois que desconte.
Não era ao seu texto que me referia quando falei do folclore do mau mas a alguns defensores de hortas urbanas que não têm muito a noção da natureza da coisa.
henrique pereira dos santos
Era, sem dúvida, previsível, e foi, seguramente, folclórico.
Ainda assim, pessoalmente, considero que esta última rábula protagonizada por Zézé e Toni enquadra-se perfeitamente no registo de "A verdadeira treta"...
O conceito de coligação eleitoral assumia, no passado, um sentido de associação entre duas pessoas colectivas (em regra, partidos ou outras organizações) para a prossecução de um fim comum. António Costa afinal é um inovador. Confedera o cidadão “Zé” Sá Fernandes com o Partido Socialista. Qual o sentido deste novo conceito, algo equívoco? Das duas uma: ou o “Zé” é uma entidade colectiva consubstanciada numa carcaça humana ou o PS, no seu paroxismo existencial, já não consegue distinguir uma pluralidade de um indivíduo. Em ambos os casos, porém, estamos perante uma visão distorcida da realidade. Se a sustentabilidade ambiental de Lisboa está dependente desta “coligação eleitoral”..., é caso para dizer: acordai “alfacinhas” antes que a horta murche.
Excelente slogan, caro Felix Esménio :)
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