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domingo, 12 de julho de 2009

“Frenemy"

Tinha um colega que afirmava que sempre que se penteava, recorria a um desodorizante e a uma camisa lavada transmitia a sensação de que era a pessoa mais atraente do mundo. Afinal, um pente, uma fragrância e uma camisa vincada eram a solução. De facto, ficava logo com outro aspeto, mas, na minha opinião, era, sobretudo, devido à sua atitude perante a vida. Tratava-se de um extrovertido e bom comunicador a que não era alheio a sua origem, traduzida no idioma brasileiro. Também é muito comum que algumas senhoras e meninas ao vestirem um simples trapo conseguem dar mais nas vistas do que muitas outras cheias de ouro, de sedas e de vestidos de grandes nomes, as quais ficam roídas de inveja por não conseguirem chamar a atenção desejada! Este fenómeno não se esgota nestas singularidades. Há aqueles que têm tudo, dinheiro, posição, fama, usufruem constantemente de viagens e de referências elogiosas e que, mesmo assim, pasme-se!, não conseguem esconder o seu incómodo pelo facto de outros terem algum sucesso, ou conseguirem um destaque, ainda que minor, longe, mas muito longe dos primeiros. É de ficar com a boca aberta! Que raio de mundo é este, que não deixa que um pobre mortal consiga ocupar um lugarzito a que tem direito? O mundo é pequeno, de facto, mas não é preciso “expulsá-los”para dar mais espaço a quem já tem tanto, e, muitas vezes, com todo o direito.
Houve quem cunhasse uma nova palavra “frenemy” que acabou por fazer a sua entrada em dicionários de língua inglesa (fr(iend) + enemy).
Em português podíamos utilizar algo como “aminimigo”. Mas do que é que se trata? Trata-se de um amigo ambivalente e invejoso que não consegue suportar uma hipotética, na grande maioria dos casos, superioridade em várias áreas, tentando esconder a sua hostilidade como um gato com o rabo de fora. Pessoalmente até seria capaz de enumerar uma catrefada de exemplos, caso de um “frenemy” que sempre que sabia que saía para algum lado dizia logo que passava a vida a passear pelo mundo fora! “Até parecia o Mário Soares dos tempos áureos!” Eu?! Posso ter saído algumas vezes, poucas, muito poucas, até, porque não sou dado a viagens, e se fizesse a respetiva contabilidade poderia concluir que o meu “frenemy” tinha feito tantas ou tão poucas que qualquer astronauta, habituado a passear à volta do globo, morreria de inveja!
Há várias formas de diagnosticar esta situação, uma delas é o alivio que sentimos quando o "frenemy” cancela os planos, ao contrário de uma esperada eventual deceção! Que alívio! Mas o convívio com estas pessoas é terrível, porque é uma fonte permanente de irritação, de stress e até de hipertensão arterial! O curioso é que quando estamos perante pessoas que sabemos, e que mostram, não terem qualquer simpatia por nós, então, não há nem irritação, nem stress e nem crises hipertensivas!
Enfim, “amizades” que deixam muito a desejar!
O povo português tem uma expressão muito peculiar para estes casos: “Não podem ver um pobre de camisa lavada”. Só falta criar a palavra equivalente na nossa língua e, depois, utilizá-la sem qualquer acrimónia, para bem da saúde...

2 comentários:

Ingrid Maganinho disse...

E agora Srs. Jornalistas????? Vão ficar calados???? Adorava saber porque não vejo um único jornalista na blogosfera a abordar este assunto...

Suzana Toscano disse...

É verdade, há muitos desses, mas ainda bem que já se está a inventar uma palavra própria para eles, era muito injusto confundi-los com os que são mesmo amigos...