1. Quem fala de cenário iminente de “guerra civil”, de forma algo surpreendente, é a Administração nomeada pelo BdeP para o Banco Privado Português (BPP) em Dezembro de 2008, no comunicado em que hoje anuncia a sua decisão de se demitir das funções para que foi nomeada.
2. De forma também surpreendente, o BdeP vem logo a seguir informar que não aceita a demissão do Conselho de Administração por si nomeado...
3. O problema é que a Administração do BPP deixa claramente a entender não estar a fazer nada no Banco – estará a assistir ao seu desmantelamento provavelmente – depois de os vários planos de salvamento que apresentou (quatro ao que parece) terem sido sistematicamente recuados pelas autoridades do sector...
4. Ao mesmo tempo o Governo reitera que não tenciona envolver dinheiros públicos nesta Instituição depois de ter (i) prestado uma garantia de € 450 milhões para um empréstimo que serviu para pagar a determinados credores comuns (esquecendo outros?) e de (ii) ter aceitado a nomeação de um Conselho de Administração da confiança do BdeP não se percebe agora muito bem para quê – a não ser para responsabilizar mais o Estado, evidentemente...
5. Aberto desta forma o cenário de insolvência, é pois a própria Administração do BPP que antevê um “cenário de guerra civil” para o caso de essa insolvência vir a acontecer...
6. Julgo que haverá fartos motivos para lançar desde já o grito de “às armas!” do nosso Hino Nacional...considerando que em tal cenário de guerra civil valerá com certeza o velho aforismo “homem prevenido vale por dois”...
7. Alguém consegue perceber esta "alhada" em que o Estado se envolveu?!
10 comentários:
Pois... sobram 2 problemas: saber quem vai (com o apoio de quem) apontar as armas e... quais serão os alvos a abater.
Não sei caro Dr. T. Moreira, mas neste caso particular, parece-me que o mais acertado seria, enterrarem todos o machado de guerra e em seguida sentarem-se a fumar o cachimbo da paz. Quem diz o cachimbo, diz um havano, de preferência num dos paraízos fiscais ao dispôr, com vista para o mar... e assim...
Pergunta:
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Não há nenhuma imposição legal para serem publicadas as contas da direcção geral do orçamento?
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Não há datas a cumprir?
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ccz
A novela do BPP põe a descoberto a personalidade deste ministro, algo timorato e não se percebe bem porquê! Seria desejável que de uma vez por todas, este assunto deixasse de ser um problema de estado e passasse a ser um caso de polícia.
O que me espanta é que o Professor Adão da Fonseca e quem o acompanha na Administração do BPP nomeada pelo BdP, só agora renuncie.
É que, há largas semanas, o sr. PM condenou à "morte assistida" o banco, em plena entrevista televisiva, sem que se ouvisse um pio dos administradores que nesse mesmo dia passaram a ser os encarregados da eutanásia.
Se todas as propostas de solução para o Banco passavam pelo apoio do governo e o PM declarou que não estava disposto a dá-lo, esperavam o quê? O milagre da contradição? Os milagres da contradição, quando pode ter custos políticos, só mesmo no início da legislatura, nunca em vésperas de eleições...
Não creio meu caro Tavares Moreira que o gesto prenuncie qualquer guerra civil. Rendição tardia de generais sem vocação para a guerra, talvez.
Caro Bartolomeu,
Se usarem de perícia equivalente à que têm demonstrado na condução deste dossier, quando as eminências financeiras resolverem finalmente pegar em armas de fogo, muito provavelmente irão aponta-lsa ao con trário, disparando contra si próprios!
Aí poderemos concluir que finalmente tiveram um gesto de clarividência, em benefício do País!
Caro Cczed,
Embora fora do contexto, é forçoso concluir que não existem datas para cumprir...e mesmo que houvesse, acha que alguém ainda se preocuparia com isso?
Caro jotaC
Este assunto, ao ponto a que chegou o patético envolvimento do Estado, não deixará mais de constituir um problema para o dito Estado...por muito que seja também um caso do polícia...
Lembre-se, por exemplo, que não é impunemente que se patrocina uma enorme operação financeira que privilegiou determinados credores esquecendo outros...que tinham os mesmíssimos direitos...
Caro Ferreira de Almeida,
De acordo quanto à questão da oportunidade da reacção dos sediciosos...mas, já agora, que lhe parece a intervenção do Estado neste caso, nomeadamente o patrocínio de uma operação que, tudo indica, ter-se-á consubstanciado num tratamento privilegiado para determinados credores comuns?
Os Generais só terão culpa por terem aceite irem para a linha da frente da batalha, confiados que o Governo lhes dava munições.
Acabadas que foram, só resta pólvora seca,ou nem isso.Só lhes restava, pois, abandonar a guerra e pedir a quem nela se meteu que vá para a frente.
A minha opinião ficou bem expressa aqui no 4R, logo em 5.12.08 http://quartarepublica.blogspot.com/2008/12/as-aberraes-de-um-estado-mximo.html
Em que dizia:
"...Dada a natureza da sua actividade, a saída da crise deveria equacionar-se no contexto do mercado. A intervenção do Estado, tomando os riscos que o mercado não quis assumir, pode traduzir-se, a prazo, na entrega de fundos correspondentes aos valores garantidos. Dinheiro de impostos, arrecadado dos contribuintes em nome do interesse público, assim colocado ao serviço de interesses privados, pior ainda, de um pequeno grupo de interesses privados.
Se o BPP não soube medir os riscos e fez uma gestão desastrada dos fundos à sua guarda, condenável é acção do Estado em colocar em risco dinheiros públicos para cobrir o prejuízo nos dinheiros privados. Aberrações de um Estado máximo, do facilitismo de um Governo que o fortalece e de uma opinião pública que o aceita. Um exemplo acabado de má utilização de fundos públicos, nossos. Claro que assim não há impostos que cheguem".
A abordagem do Tavares Moreira vai noutro sentido, Pinho Cardão. Não se terá tratado somente de comprometer dinheiros públicos para, como o meu Amigo escreveu há tempos e agora recorda, cobrir o prejuizo de dinheiros privados.
Se a operação tiver contornos de favorecimento de certa categoria de credores do Banco em detrimento (ou pelo menos, omissão) da situação dos credores comuns, não tenho qualquer dúvida em dizer, meu caro Tavares Moreira, que tal se me afigura de extrema gravidade, a exigir apuramento jurídico de responsabilidades, mas também político.
Nesse caso, justificado o apelo "às armas"!
Um brilhante ministro das finanças, que antes regulava parte da principal actividade do BPP, e um brilhante governador do Banco de Portugal, que antes regulava a outra parte, lançaram-se à tarefa de aguentar o BPP, nomeando uma administração de nomeada. Não consigo perceber no que é que isto não resultou...sinceramente, não consigo...
Caro JMFA,
Quer dizer que os políticos se puseram a gastar dinheiros públicos em favorecimento de uns quantos sujeitos ricos? Não posso...isso é que seria verdadeiramente inédito.
Caro TM,
A minha convicção é que o Governo, nem Finanças, nem BdeP tem solução para o BPP. Ninguém está disposto a autorizar a salvação ao banco, mas ninguém tem coragem para admitir que vão deixar falir aquilo e os clientes não vão ser reembolsados.
Do meu ponto de vista, estão a ver se fazem do Rendeiro e da actual administração os maus da fita, lavando a mão dos problemas. No entanto, é importante não esquecer a preciosa ajuda que foi dada ao BPN, quase que "caída do céu".
Caro Tavres Moreira
O seu comentário vem mesmo a propósito e denota o sentido de "fairness" que lhe caracteriza.
Não tenho dúvida que o Prof. Adão da Fonseca, com as declarações que proferiu, estava em dia mau. Sucede a todos.
A posição deste Governo é mais preocupante, na medida em demonstra que sacrificará ao mero cálculo político do momento, interesses mais importantes, como seja a credibilidade das entidades estaduais que lidam com a actividade bancária.
Parece-me patente que, a menos de dois meses das eleições legislativas, qualquer apoio ao banco debilitaria, junto da esquerda, a já fraca imagem do Governo.
O cálculo é claro, sabendo que a situação pode ser mantida por mais dois/três meses, adia para o próximo PM o ónus de tomar uma de duas soluções: ou fecha ou mantém. É mais importante "aguentar" a imagem que resolver um problema que apenas afecta uns 2.000 portugueses.
A minha experiência é que estes comportamentos baseados em cálculos de mercearia, costumam serem pagos muito, mesmo muito caro.
Cumprimentos
João
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