As televisões andam delirantes com os acontecimentos em França.
Contam e recontam os acontecimentos, passam longas reportagens, mandam enviados especiais, não um, mas vários, entrevistam pessoas, falam com autoridades, dissecam as razões, criticam veementemente a acção do Governo.
Neste médio Outono, os tumultos em França ocupam o lugar dos incêndios de verão: constituem a matéria prima da fábrica de encher chouriços em que os telejornais se transformaram.
Mas os efeitos de tais critérios editoriais não se esgotam no tédio que lançam em muitos espectadores, no “voyerismo” que fomentam noutros e nas razões descabeladas que apresentam para o fenómeno.
A publicidade faz vender produtos, através da repetição: por isso, é que se fazem campanhas, se repetem os slogans, já que um anúncio isolado de nada vale.
As campanhas publicitárias sensibilizam as pessoas para experimentar o produto e, mais tarde ou mais cedo, o produto é comprado.
A ”informação” televisiva, ao repetir, dia a dia, hora a hora, as mesmas imagens, mesmo que de locais diversos, com as mesmas palavras, mesmo que ditas de forma diferente, não está a fazer mais do que utilizar a mesma técnica publicitária.
E, tal como na publicidade, pois o mecanismo psicológico é o mesmo, acaba por induzir na experimentação do produto.
Nomeadamente, quando se apresenta o ambiente de certos bairros de Lisboa similar ao ambiente dos bairros de Paris onde se verificaram as desordens, como hoje ouvi alguns “ilustres” jornalista e “pensadores” a referir e a repetir, a repetir, a repetir…
Não é isto um convite e um convite explícito?
Contam e recontam os acontecimentos, passam longas reportagens, mandam enviados especiais, não um, mas vários, entrevistam pessoas, falam com autoridades, dissecam as razões, criticam veementemente a acção do Governo.
Neste médio Outono, os tumultos em França ocupam o lugar dos incêndios de verão: constituem a matéria prima da fábrica de encher chouriços em que os telejornais se transformaram.
Mas os efeitos de tais critérios editoriais não se esgotam no tédio que lançam em muitos espectadores, no “voyerismo” que fomentam noutros e nas razões descabeladas que apresentam para o fenómeno.
A publicidade faz vender produtos, através da repetição: por isso, é que se fazem campanhas, se repetem os slogans, já que um anúncio isolado de nada vale.
As campanhas publicitárias sensibilizam as pessoas para experimentar o produto e, mais tarde ou mais cedo, o produto é comprado.
A ”informação” televisiva, ao repetir, dia a dia, hora a hora, as mesmas imagens, mesmo que de locais diversos, com as mesmas palavras, mesmo que ditas de forma diferente, não está a fazer mais do que utilizar a mesma técnica publicitária.
E, tal como na publicidade, pois o mecanismo psicológico é o mesmo, acaba por induzir na experimentação do produto.
Nomeadamente, quando se apresenta o ambiente de certos bairros de Lisboa similar ao ambiente dos bairros de Paris onde se verificaram as desordens, como hoje ouvi alguns “ilustres” jornalista e “pensadores” a referir e a repetir, a repetir, a repetir…
Não é isto um convite e um convite explícito?
Mais que um convite, não estarão as pessoas a ser assediadas para fazer o mesmo?
11 comentários:
Claro que estão a ser assediadas. mas isso é o que os media querem... mais carne para encher chouriço, nem que seja à custa dos carros e bens dos inocentes que não têm onde os "esconder" da "escumalha"!
Qualquer dia destes ainda vemos uns jornalistas a pagar a alguém para pegar fogo a algum carrito só para terem que falar... e falar... e falar... Já estou por tudo! Como as coisas andam... Ajuda a vender jornais/ganhar audiências!
O papel da informação é realmente muito crítco nestes casos e talvez venha a dar origem a algum debates sobre o modo como devem cumprir a sua missão mantendo um difícil equilíbrio entre informar e incitar por meio de propaganda. Talvez seja pedir o impossível, a concorrência, o "directo", a falta de tempo para preparar o modo como se divulga, deixando ao critério do jornalista de serviço conduzir a reportagem com mais ou menos emoção, com esta ou aquela imagem, talvez isso tudo seja impossivel de evitar. Mas que tem consequências graves nestas situações e que torna muito dificil controlá-las, isso é um facto.
Mas caro Pinho Cardão, o problema resolve-se facilmente: Cala-se a imprensa...
Estava a ser irónico, obviamente. Mas o caro Pinho Cardão releia todo o seu post e diga-me o que se conclui...
Mas caro Pinho Cardão,
Acredita mesmo que eu, olhando para as notícias, vou a correr pegar fogo ao carro do vizinho?
(nota: eu em relação ao meu vizinho não sou um bom exemplo... Mas troque o personagem)
Ou acredita que um deliquente em potência, ou de facto, está na sua barraca da Cova da Moura, com a maior atenção a ver o telejornal, a ouvir um qualquer filósofo-desculpabilizador-politicamente-correcto, durante meia-hora e que após anunciado "o país e o mundo, todos os dias consigo. Até amanhã" decide: "hoje vou pegar fogo a uns carros"?
É esse perigo que comunicação social está supostamente a potenciar que preocupa o meu estimado Pinho Cardão?...
O problema, caro cmonteiro, é que não se queira assumir o real poder da comunicação social. Nem vejo que isso tenha uma conotação necessariamente negativa, ao contrário do que parece sugerir nas suas reações. O que não podemos ignorar é o efeito que esta forma de divulgar os acontecimentos gravissimos pode, e muito provavelmente consegue, influenciar o curso dos acontecimentos. Porquê ignorar esse facto como se fosse uma heresia? Qual é o problema? Nem se trata de criticar, mas mesmo que se tratasse continuava a não perceber qual é o risco, pelo contrário. O post do Pinho Cardão ilustra bem os factos.
É um caminho perigoso, esse, cara Suzana Toscano.
Caro Pinho Cardão,
Não compare o que não é comparável, a publicidade tem exactamente o objectivo de induzir comportamentos.
A informação, talvez sim, talvez não... daí que lhe repita o comentário feito anteriormente: É um caminho perigoso esse.
Para bom entendedor...
Caro cmonteiro, não vejo o perigo da discussão aberta e sem complexos sobre um dos fenómenos dominantes na sociedade moderna - o da comunicação global, da informação permanente, em tempo real, com imagens fortissimas, "ao vivo"e o modo como isso pode ser parte activa dos acontecimentos. Tentar fingir que o efeito é neutro é absurdo, e quem decide ou quem age politicamente tem forçosamente que contar com a intervenção desse poder. É assim, seja ou não perigoso admiti-lo abertamente, calculo que ao referir "o perigo" queira significar a tentação de controlar esse poder. E se não se falar disso, o perigo deixa de existir?
Já vou atrasado mas cá vai...
Caros todos,
estou de acordo com o Pinho Cardão, e porquê? Por uma razão muito simples... já agora alguém me sabe responder qual é a classe etária mais susceptível e permeável à "endoutrinação", ou se preferirem à publicidade? Não sabém?... Pois... São os jovens, com menos de 23-25 anos.
Sabem qual a percentagem de pessoas com mais de 25 anos que foi detida nos motins em França? Menos de 1%.
Resumindo. Não se calem as notícias, mas também não se façam delas o circo e a novela que quase todos os dias vemos, pois os nossos jovenzitos quando não têm nada para fazer, por enquanto entretem-se a queimar caixotes do lixo e Pontos de Reciclagem... amanhã passam a outras coisas.
Os meus amigos sugerem alguma medida a tomar?...
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