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sábado, 12 de novembro de 2005

Critérios!

O ministro Mariano Gago disse não ter nada contra que se criem faculdades privadas, mas que "até agora nenhuma das propostas foi demonstrada que tinha o mínimo de qualidade para ser autorizada a funcionar e que podia formar médicos". A posição do senhor ministro baseou-se nos relatórios do Grupo de Missão (sempre servem para alguma coisa!).
Tive oportunidade de ajudar a instalar a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, cuja criação se deveu ao governo de António Guterres. Colaborei, porque acreditei não só no projecto, mas também por tratar-se de uma mais-valia para o país e sobretudo para um interior desertificado e carenciado. As dificuldades foram enormes. Seria interessante saber qual foi a opinião do Grupo de Missão sobre a criação desta licenciatura, assim como a da Universidade do Minho!
Seria melhor afirmar que não há faculdades de medicina privadas, porque politicamente não há interesse. Agora, invocar falta de qualidade mínima é no mínimo bizarro. Basta comparar com os projectos das duas últimas licenciaturas já referidas que, diga-se de passagem, estão a defender-se bem. Se estes projectos tivessem sido apresentados pelo sector privado levariam um chumbo à antiga portuguesa! Se um projecto é oriundo do sector público a decisão final é política, se tiver origem nas universidades privadas a decisão final é técnico-científica. Critérios!

3 comentários:

Tonibler disse...

Para este tipo de coisa a autoridade da concorrência não olha. Parece que interesses privados são apenas os colectivos nunca os particulares.

Anónimo disse...

Meu caro Professor, um mistério que o meu amigo pode ajudar a desvendar: há ou não em Portugal escolas superiores de medicina a menos? Existe algum estudo credível que aponte para a necessidade de criar mais faculdades de medicina?

Massano Cardoso disse...

Caro Ferreira d´Almeida

Só posso afirmar que está “estabelecido” que para 2.000.000 de habitantes é necessário uma faculdade de medicina, a fim de providenciar às necessidades em termos de saúde. Deste modo, cinco seriam suficientes, ou seja as clássicas. No entanto, dispomos mais duas, a da Covilhã e a do Minho. O problema está relacionado com o planeamento das nossas necessidades. Não é um exercício difícil, com papel e um lápis, qualquer governante poderia e deveria ter previsto as necessidades actuais e futuras. Na prática isso não aconteceu. Razões? Muitas! Corporativismo descarado e incompetência política. Mas já estamos habituados a esta dupla tão característica do nosso país. O que me choca, e penso também a muitos dos nossos concidadãos, é o facto de muitos e muitos e talentosos jovens portugueses não conseguirem alcançar os seus objectivos. Em contrapartida, importamos e vamos importar cada vez mais médicos estrangeiros. É um crime de lesa majestade. A possível criação de mais faculdades teria como objectivo propiciar mais oportunidades aos nossos jovens concidadãos. Claro que poderíamos assistir, ao fim de alguns anos, a uma produção “excessiva” com consequências. Mas estou convicto de que haveria sempre, porque há sempre, soluções. Até porque a própria dinâmica do ensino e as novas áreas do conhecimento e da investigação permitiriam eventuais reconversões, com eventuais ganhos para o nosso país.