O café é sem sombra de dúvida a bebida mais consumida em todo o mundo. Poucos serão aqueles que conseguem passar sem ela. A origem desta bebida perde-se na noite dos tempos. De acordo com a lenda, foi um pastor, Kaldi, que viveu na Abissínia, o grande descobridor das propriedades dos frutos de coloração amarelo-avermelhada, ao verificar que as suas cabras ficavam alegres e saltitantes sempre que os ingeriam. Transmitiu o seu achado a um monge, o qual, descobriu que a infusão permitia-lhe resistir ao sono.
Com o tempo acabaram por surgir os cafés, sobretudo a partir da segunda metade do século XVII. As dúvidas sobre se era um veneno ou um medicamento eram partilhadas por vários grupos. Fontanelle resolveu o assunto, afirmando que “se o café é um veneno, então é um veneno lento”, e vai daí começa a tomá-lo. Mas, rapidamente, os médicos descobriram-lhe virtudes como foi o caso de Cornelius Buntekuh, médico da corte, que abriu o primeiro café em Hamburgo, em 1679, promovendo o seu uso. Mas, também abusava, porque chegava a aconselhar às pessoas que bebessem enormes quantidades de chá todos os dias, tudo para beneficiar do efeito rejuvenescedor.
O uso excessivo pode ser contraproducente, mas os benefícios parecem ser muito superiores. Aliás, o “julgamento” inédito realizado pelo departamento de Farmácia da Universidade de Nápoles acabou por “absolver” o café de todas as acusações.
Volta e não volta surgem estudos sobre os seus efeitos. São inúmeros. Um deles é muito interessante ao explicar o efeito “libertador” do café naquelas situações em que temos a tal palavra “na ponta da língua”, mas que não sai. Se isso acontecer, nada melhor do que beber uma bica e zás! Aí vem ela! O pior é se as palavras que queremos recordar são muitas e todas elas acabem por ficar encalhadas na “ponta da língua”. Não sei quantas palavras poderão ser libertadas de cada vez!
Os que não podem suportar a cafeína, devido a intolerância, ou dificuldade na sua metabolização (consequências da idade), socorrem-se do descafeinado. No entanto, parece que este último, afinal, não é muito saudável, já que pode aumentar o risco de doenças do coração. Parece que o mecanismo tem a ver com o aumento de gorduras no sangue, já que os grãos com que se obtém este tipo de café são mais ricos em óleos, além do facto do processo tecnológico de descafeinação retirar os flavonóides que são muito importantes em termos de prevenção cardiovascular.
Sem café, muitos não funcionam. É um facto. Até os políticos bebem café. Nesta onda de pré campanha julgo que um dos candidatos anda a tomar café a mais. Saltitante, língua solta. Efeitos da cafeína? Em contrapartida, o adversário, mais novo, parece que anda a tomar descafeinado. Além de não usufruir dos tais efeitos que Kaldi observou nas suas cabras, saltitantes e alegres, ainda se arrisca a sofrer consequências cardiovasculares. O melhor seria trocar de bebida. O nosso ancião, leão da política, deveria passar a tomar descafeinado, já que tem uma saúde de ferro, enquanto o seu opositor devia começar a tomar mais uns cafezitos, ricos em cafeína. Não é muito recomendável, beber muito, para quem tenha tido um enfarte, como é óbvio. Quanto aos restantes candidatos, nada melhor do que “água das pedras”, não para eles, mas para mim. Perturbam-me a digestão.
4 comentários:
Quanta subtileza...Mas estou de acordo. O que só prova a capacidade eficaz e sucedida(e o efeito rejuvenedor) de quem bebe muitos cafés em salientar quem bebe pouco.
Infelizmente eu sou daqueles a quem o café faz nervoso miudinho e me desconcentra.Só o tomo, medicamente, quando preciso de activação. Mas gosto muito.
A propósito. Podem os amigos da Quarta República subscrever a proposta de consenso apresentada no Reformista?
Não seria sobre estas questões que importava ouvir os Candidatos?
Já subscrevi no Reformista.
Quanto aos candidatos, a esses gostaria de ouvir falar mais do País do que dos poderes e da forma como os vão exercer. Parece-me, confesso, um pouco redutor o debate presidencial centrado nos poderes que estão escritos e descritos. Era o que faltava que um candidato a Presidente tivesse dos poderes presidenciais uma visão que não correspondesse ao figurino constitucional. Estar-se-ia a candidatar a golpista...
A questão é que a bomba atómica está nas mãos do PR e este pode usá-la sem sequer necessidade de fundamento.Seria bom que todos explicitassem as circustâncias em que a usariam e que entendimento fazem da constituição. Isto porque podem usá-la não em função da avaliação pessoal que se lhe reconhece legítima mas de uma avalição constitucional errada. Por exemplo Jorge Sampaio entendeu e bem que não devia dissolver a AR quando da saída de Barroso. Mas deu a entender em público que a interpretação constitucional poderia ser no sentido de dissolver a AR.Que hesitava. E assim abriu a caixa de pandora
Já Alegre fez declarações num sentido presidencialista errado e a meu ver inconstitucional.O problema é que as decisões do PR são soberanas e sem apelo e sem necessidade de fundamentação (Sampaio foi inexcedível na falta de fundamentação apresentada)
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