É do conhecimento dos cientistas que a exposição a partículas com determinadas dimensões, ditas PM 10 (menos de dez micra de diâmetro), são responsáveis por graves problemas de saúde, não só a nível respiratório, mas também a nível cardiovascular, com a consequente mortalidade prematura. As inúmeras fontes de poluição estão devidamente identificadas sendo o tráfego automóvel um dos principais responsáveis. Mas existem outras fontes. A análise do ar interior de algumas igrejas vem revelar uma situação preocupante que se encaixa perfeitamente na problemática da qualidade do ambiente interno. Os níveis das partículas consideradas chegam a atingir cifras 3 a 5 vezes ao verificado nas vias de tráfego intenso. Ao fim de algumas horas de queima das tradicionais velas, e dependendo do número, a concentração pode ser mesmo da ordem de 13 a 20 vezes superior ao verificado nas ruas mais movimentadas. O nível de poluição das PM10 chega a ultrapassar em 20 vezes o limite recomendado pela União Europeia. A queima das velas liberta não só partículas como também outros componentes, nomeadamente, hidrocarbonetos aromáticos políciclicos que são cancerígenos, o que nos obriga a reflectir sobre este assunto de uma forma séria. Não estão estudadas as relações entre a exposição a estes compostos e a saúde dos fiéis, sobretudo dos religiosos que, naturalmente, permanecem muito mais tempo neste ambiente. Não é de excluir efeitos nefastos o que obriga à tomada de medidas preventivas que passam pela não utilização de velas nos tempos religiosos. A este propósito, tenho verificado que em muitos templos, por essa Europa fora, já são utilizadas “velinhas electrónicas”. Pessoalmente não nutro grande simpatia pelo recurso a este substituto. Parece que falta qualquer coisa. Cheira a vazio, a artificialidade, sente-se uma frieza. Falta a transformação da matéria orgânica em fogo, coisa que a electricidade não consegue mimetizar. A luz bamboleante, o cheiro a fumo e a cera derretida, transporta-nos para a infância e as recordações saltam de imediato com vida própria. A utilização da luz artificial (movida a moedas!), embora encontre justificação para evitar incêndios e agora possa reforçar a necessidade de evitar, também, a poluição do ambiente interno, pode ser uma medida positiva, mas, descaracteriza toda a envolvência e atmosfera religiosa. Claro que para as pessoas que só episodicamente passam pelos templos religiosos não deve haver perigo de monta para a saúde, mas, o mesmo não se pode dizer para os frequentadores habituais que ainda correm o risco de começarem a utilizar máscaras! O melhor seria utilizar técnicas de exaustão do ar interior e, manter, apesar de tudo, as velhinhas chamas…
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sábado, 26 de novembro de 2005
Poluição “religiosa”…
É do conhecimento dos cientistas que a exposição a partículas com determinadas dimensões, ditas PM 10 (menos de dez micra de diâmetro), são responsáveis por graves problemas de saúde, não só a nível respiratório, mas também a nível cardiovascular, com a consequente mortalidade prematura. As inúmeras fontes de poluição estão devidamente identificadas sendo o tráfego automóvel um dos principais responsáveis. Mas existem outras fontes. A análise do ar interior de algumas igrejas vem revelar uma situação preocupante que se encaixa perfeitamente na problemática da qualidade do ambiente interno. Os níveis das partículas consideradas chegam a atingir cifras 3 a 5 vezes ao verificado nas vias de tráfego intenso. Ao fim de algumas horas de queima das tradicionais velas, e dependendo do número, a concentração pode ser mesmo da ordem de 13 a 20 vezes superior ao verificado nas ruas mais movimentadas. O nível de poluição das PM10 chega a ultrapassar em 20 vezes o limite recomendado pela União Europeia. A queima das velas liberta não só partículas como também outros componentes, nomeadamente, hidrocarbonetos aromáticos políciclicos que são cancerígenos, o que nos obriga a reflectir sobre este assunto de uma forma séria. Não estão estudadas as relações entre a exposição a estes compostos e a saúde dos fiéis, sobretudo dos religiosos que, naturalmente, permanecem muito mais tempo neste ambiente. Não é de excluir efeitos nefastos o que obriga à tomada de medidas preventivas que passam pela não utilização de velas nos tempos religiosos. A este propósito, tenho verificado que em muitos templos, por essa Europa fora, já são utilizadas “velinhas electrónicas”. Pessoalmente não nutro grande simpatia pelo recurso a este substituto. Parece que falta qualquer coisa. Cheira a vazio, a artificialidade, sente-se uma frieza. Falta a transformação da matéria orgânica em fogo, coisa que a electricidade não consegue mimetizar. A luz bamboleante, o cheiro a fumo e a cera derretida, transporta-nos para a infância e as recordações saltam de imediato com vida própria. A utilização da luz artificial (movida a moedas!), embora encontre justificação para evitar incêndios e agora possa reforçar a necessidade de evitar, também, a poluição do ambiente interno, pode ser uma medida positiva, mas, descaracteriza toda a envolvência e atmosfera religiosa. Claro que para as pessoas que só episodicamente passam pelos templos religiosos não deve haver perigo de monta para a saúde, mas, o mesmo não se pode dizer para os frequentadores habituais que ainda correm o risco de começarem a utilizar máscaras! O melhor seria utilizar técnicas de exaustão do ar interior e, manter, apesar de tudo, as velhinhas chamas…
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