São José Almeida, na edição de hoje do Público, assina o seu habitual artigo de sábado, desta vez dedicado aos problemas da integração de imigrantes, à invocação dos problemas da exclusão social e à defesa das “soluções multiculturais que respeitem o outro”.
Começa por fazer um elogio à entrevista de Rui Marques, recém empossado Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, cujas declarações considera “uma lufada de ar fresco” pela profissão de fé no multiculturalismo (modelo canadiano), enquanto solução para os problemas de enquadramento da mão-de-obra imigrante nas sociedades ocidentais.
Ao mesmo tempo, São José Almeida desenrola um conjunto de acusações sobre os que divergem desse modelo. Sem nunca identificar os alvos, de forma a poder mais facilmente deturpar as suas ideias, invoca com desdém as “baboseiras” e “disparates” proferidos, acabando por desancar “os políticos e as elites portuguesas” pela sua ignorância sobre o que é a exclusão social e a integração.
A legitimidade das suas ideias e dos seus argumentos está na percepção da história e do destino inevitável que ela reserva aos países ocidentais: a “revolta, revolta social que é também política, a qual, mais tarde ou mais cedo, mais década menos década, mais século menos século, acaba por pôr em causa o próprio sistema que a provoca, contribuindo para a sua queda – essa é pelo menos a lição da história”.
Há muito que não lia uma expressão tão ortodoxa do materialismo histórico de pacotilha.
Mas o mais interessante revela-se nas medidas “multiculturais”: para que é que os filhos dos imigrantes têm de aprender História de Portugal? Não seria mais interessante dar História de África? Talvez ensinar o crioulo (qual deles?) na escola pública? Porque razão o ensino da história e da língua terá de ser sempre as dos “vencedores”?
Com estas teses até os multiculturalistas corarão de vergonha e espanto.
1 comentário:
há jornais a mais, depois há a obrigatoriedade de escrever e escreve-se qualquer coisa... Eu sou a favor da dignificação do ser humano de todas as maneiras possíveis e ao alcance do país de acolhimento. Mas a 2lingua mãe" de cada povo aprende-se em casa. As escolas têm de servir as maiorias por muito politicamente incorrecto que isto pareça!
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