1. Segundo alguns órgãos de comunicação, o PM em exercício teria ontem declarado que “as nacionalizações nunca acabam bem”.
2. Não deixa de ser muito curiosa esta expressão, a confirmar-se a sua autoria de acordo com tais fontes...depois na nacionalização do BPN e sobretudo da COSEC, esperava-se que existisse da parte do Governo e do seu principal responsável em especial, outro tipo de percepção acerca das consequências das nacionalizações.
3. Com efeito, a confirmar-se este entendimento de que “as nacionalizações nunca acabam bem”, cabe perguntar porque motivo o Governo se empenhou tanto nas ditas nacionalizações quando, sobretudo no caso da COSEC, era conhecida a existência de alternativas (nada fazer teria sido nesse caso bem mais sensato, parece-nos).
4. Ficamos assim sem perceber a rácio desta tomada de posição de última hora: (i) manifestação de arrependimento (em especial quanto à elevada penosidade do dossier BPN); (ii) reacção instintiva para captar eleitores do centro face aos ímpetos nacionalizadores do famoso Bloco; (iii) conselho amigo dos estrategos de campanha...(iv) outra explicação mais transcendental?
5. Qualquer que seja a explicação mais ou menos transcendental para esta radical mudança de posições - que vai ao ponto de classificar como erro básico decisões ainda há pouco tempo vigorosamente defendidas e teimosamente prosseguidas - fica a terrível impressão de que na política actual, como aqui escrevi em tempos, as convicções desapareceram e se transformaram em meras escolhas momentâneas, ditadas por uma visão fundamentalmente oportunista das circunstâncias do tempo que passa.
6. Más notícias para um País que necessita desesperadamente de ter na condução dos seus destinos pessoas que saibam muito bem o que querem...e o que não querem!
9 comentários:
Excelente, caro Tavares Moreira.
De facto, ontem ouvi o 1º Ministro fazer essa afirmação. E até pensei para comigo: ora aí está finalmente uma verdade dita pelo 1º Ministro!...
Tinha-me esquecido da Cosec.
Aí está uma obra que vai acabar mal...
Caro Drº Tavares Moreira:
Subscrevo, com a devida permissão, o comentário do Drº Pinho Cardão.
Já há muito tempo que começámos a dar conta da profusão de “inflexões políticas” do PM, em diversos contextos e, certamente, neste período vão aumentar. Reconheço que é invulgarmente bom a fazê-lo, acabando por persuadir muitos ingénuos. Esperemos que o números dos ingénuos não seja excessivo.
AAAHHHHHH!!!, não sabia que a COSEC tinha acabado por ser comprada pelo Estado. Com que então essa diabrura sempre foi avante! Bem, o PM já sabe o resultado. Quando a COSEC lhe rebentar nas mãos por via de gestão ruinosa não poderá alegar surpresa.
Cosec e BPN, Caro Pinho Cardão, sendo bom lembrar que mesmo no caso mais "bicudo" do BPN havia soluções alternativas que não teriam custado mais (provavelmente menos) do que a solução da nacionalização.
Outras externalidades terão ditado a nacionalização desse Banco, agora a factura aí está em toda a sua brutalidade e crueza...dificilmente deixará de acabar mal, para se cumprir a profecia de S. Exa. - mas foi decisão sua...
Caro JC,
Só é persuadido quem quer, meu Caro - eu não quero, não sou persuadido...é tão simples!
E olhe que não preciso da lanterna do velho Diógenes, o Cínico!
Absolutamente, caro Drº Tavares Moreira.
:)
Com o BPN defendido
nas mãos governamentais,
o povo tem sido iludido
por causas transcendentais.
A decisão foi transcendental
qualquer que seja a razão,
o tropeção foi monumental
vendendo-nos muita ilusão.
As inflexões políticas
são muitas e evidentes,
estas atitudes elípticas
terão finais decadentes.
É terrível a impressão
após vigorosa teimosia,
a economia em depressão
devido a tanta hipocrisia.
Caro Manuel Brás,
Registo mais um importante contributo poético e socio-político, que muito beneficia este Blog.
Caro JC,
Então se é absolutamente...este absolutamente não será igualmente aproveitável para outros cidadãos, nomeadamente o meu Exmo Amigo bem como o nosso sempre inspirado Pinho Cardão?
Caro Drº Tavares Moreira:
Parece-me que temos aqui um trocadilho...O meu "absolutamente" quer significar que estou de acordo com o que diz, a saber:- "Só é persuadido quem quer, meu Caro - eu não quero, não sou persuadido...é tão simples!
E olhe que não preciso da lanterna do velho Diógenes, o Cínico!"
;)
Absolutamente, caro JotaC!
Enviar um comentário