O Aeroport

Aqui vai, especialmente a pedido de vários comentadores.
Sou patriota, olho o futuro e, como Sócrates, também sou por um novo Aeroport. Mas, francamente, Alcochete é a pior decisão e o pior dos sítios para o Aeroport.
Primeiro, por uma questão de imagem política: a ser verdade que o governo conseguiu que Alcochete lá tivesse o seu Freeport, não seria conveniente voltar ao local do "crime" e dar-lhe também um Aeroport...
Segundo, por uma questão de luta contra o açambarcamento e os monopólios: se Alcochete já tem o seu Freeport, é justo que a OTA tenha o seu Aeroport.
Terceiro, porque o investimento público é virtuoso por aumentar a riqueza de alguns e a OTA apresenta maiores potencialidades de alargar essa virtude do que Alcochete.

Quarto, porque Alcochete daria um Aeroport para durar cem anos. O que vai retirar aos nossos actuais políticos a oportunidade de construir outro daqui a uns tempos, e aos nossos ecologistas a oportunidade de novamente se expressarem no contra...
Quinto, porque oficialmente existe um deserto em Alcochete e não se faz um Aeroport no deserto. Depois, porque vai provocar uma enorme pressão demográfica no deserto, com os malefícios consequentes sobre o deserto.
Sexto, porque Alcochete é um terreno plano, sem montanhas circundantes. O que impede, no céu, o exercício pleno dos “skills”, conhecimentos e virtualidades da pilotagem e, na terra, o exercício enriquecedor de vastas movimentações de terras.
Sétimo, porque se trata de um terreno seco, não pantanoso e não atravessado por rios. O que impede naturais obras de estacaria e consolidação dos terrenos, e não permite dar continuidade à experiência adquirida em Macau.
Oitavo, porque não tem montes por perto que precisem de ser arrasados, ou centrais de combustíveis, que precisem de ser removidas. O que impede a obtenção de recomendáveis sinergias de obras públicas.
Nono, porque apoio Manuela Ferreira Leite, e o aeroporto em Alcochete é o aeroporto natural da Estremadura espanhola e de uma parte da Andaluzia. O que implica invasões, por carro e TGV, de milhares de espanhóis, e de lá “nem bom vento, nem bom casamento”.
Décimo, porque se trata de um terreno do Estado, que não exige expropriações. O que implica defraudar legítimos direitos adquiridos.
Undécimo, e fundamental, porque fiz parte da tropa no Campo de Tiro, como aspirante miliciano, durante seis meses, e não posso ver esse local assim desfeito!...
Duodécimo, e ainda mais fundamental, sou pelo novo Aeroport, porque não quero contrariar Sócrates antes de ele perder as eleições. E sou pela OTA, para não me acusarem de seguidista!...
Aqui está o meu pesamento sobre essa coisa...
(Adaptação de texto publicado em 12.01.08)