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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quinze dias por terras da China XXV: O exército de terracota


De Guilin a Xian, ao sul da China do Norte, o voo tem uma duração semelhante à de Lisboa a Paris. À chegada, teste automático da febre, mediante rápida paragem antes do controle dos passaportes.
Em 1974, nos arredores da cidade, capital de 11 dinastias durante 4.000 anos, ao escavar um poço para rega, o camponês Yan Xin Mang descobriu acidentalmente uma das grandes maravilhas da China e da humanidade, o exército de terracota, prodígio de trabalho, de uma arte requintada e de uma avançada técnica do século III a. C.
O Imperador Quin Shihuangdi fez construir e perfilar esse poderoso exército de guarda ao seu mausoléu, como forma de lhe assegurar a manutenção do poder após a ressurreição que, como ser que se julgava superior, firmemente esperava. De facto, Quin Shihuangdi deveria possuir qualidades notáveis, a avaliar pelo legado imorredouro que deixou: para além do portentoso “exército” que hoje e sempre será uma glória da cultura universal, foi o unificador da China e deu início à construção da Grande Muralha. A sua obra só tem paralelo na tirania e crueldade que foram os pilares do seu poder. Vendo nas normas morais do confucionismo um obstáculo aos seus desígnios e às suas práticas, mandou enterrar vivos setecentos dos maiores sábios confucionistas. Teria um fascínio pelos assassinatos em massa e mandou queimar vivas as suas centenas de concubinas, para que não lhe sobrevivessem. E, também na morte, maldade suprema, mandou matar as dezenas de milhares de escravos, operários e artistas e todos os que edificaram o seu mausoléu e as estátuas, para que não pudessem revelar a sua localização subterrânea, de modo a evitar a destruição do exército que lhe perpetuaria o poder. Não se trata de lenda, mas de factos históricos escritos e documentados.
Não o conseguiu na totalidade, pois, ao contrário do que é geralmente divulgado, o espólio não foi encontrado intacto. Uma parte da construção subterrânea foi violada, daí resultando uma lamentável e significativa destruição do portentoso legado. A grandeza da área que abrigava tão notável tesouro e a sua compartimentação impediram maior saque e destruição e o tempo encarregou-se de ocultar o essencial, que pôde chegar até aos dias de hoje. No local continuam as escavações e procede-se ao restauro e justaposição dos vários segmentos que vão sendo descobertos.
A fotografia retrata uma galeria recentemente explorada, com os guerreiros na posição em que foram encontrados e as cores ainda preservadas (ver melhor, clicando na foto, para aumentar).
Xian, cidade imperial, e ponto extremo da rota da seda, de que ainda existem vestígios notáveis, como o bairro muçulmano e a Grande Mesquita, e relíquias e edificações cristãs, que ao tempo da descoberta tinha 2 milhões de habitantes, cresceu rapidamente para os actuais 6 milhões, muito por força do desenvolvimento de que o turismo foi um dos principais motores.
Mais desconhecida será a história do camponês que fez a descoberta. Ficará para o próximo post.

1 comentário:

Unknown disse...

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