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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Saltos altos


Parece que os sindicatos britânicos andam tão preocupados em tomar conta do conforto das trabalhadoras que aprovaram uma moção contra o uso obrigatório de saltos altos nos locais de trabalho, que consideram “inadequados no ambiente diário de trabalho” e que por isso “deve ser erradicado”. É caso para dizer que, se a moda pega, os patrões vão passar a ter que zelar escrupulosamente pela indumentária das suas empregadas, não se dê o caso de virem a ser culpados por ter ao seu serviço umas tontas incapazes de olhar pela sua saúde e bem estar, empoleirando-se em saltos impossíveis só para cumprir as regras da boa apresentação que sejam definidas nas empresas. É que, ao contrário do que parece, estas moções pretensamente proteccionistas são uma declaração de incapacidade dos “protegidos” que raia o ridículo, e podem mesmo legitimar o diktat de mais um comportamento padronizado, sempre sob a capa de defesa dos direitos individuais. As regras da boa apresentação vão passar a dizer que os sapatos não podem ser bicudos, não podem ter mais do que 5 cm, que o salto tem que ter estabilidade e, talvez um dia, que terão que ser comprados nas lojas especializadas para o efeito .Já aprendemos que é muito curto o caminho que separa a “recomendação contra a obrigatoriedade” da “recomendação do não uso” e daí à proibição ou à também em voga “regulamentação” vai mesmo um pulinho.
E se passassem a confiar que as pessoas são capazes de olhar por si próprias, ao menos nos detalhes, em vez de alimentar uma sociedade de diminuídos mentais que estão sempre à espera de uma alma caridosa que levante a voz autorizada para lhes acudir? E fico à espera da próxima moção sobre o uso de gravatas apertadas demais ou da cor escura dos fatos de homem nos dias de calor…

8 comentários:

Textículos disse...

Foi assim que no século passado uma série de teorias e práticas "higienicas" deram azo a grandes barbaridades.

Pinho Cardão disse...

Não tarda, e temos também no Ocidente um Ministério do Vício e da Virtude. Em todos os campos.
Em matéria ambiental, até já há!...
Com enorme influência na comunicação social, ao ponto de uma estação de televisão medir a poluição feita por cada campanha eleitoral.

Henry disse...

Não conhecia essa dos saltos altos, mas apenas vem comprovar que os sindicalistas britânicos estão atentos ao que se passa do outro lado da mancha.
Ao que parece, nas suas iniciativas públicas, o Presidente Sarkozy exige ser acompanhado por senhoras que não excedam 1,65m de altura...
Diga-se que por terras do "Petit Nicolas" vão-se coleccionando algumas "pérolas".
Lembro-me que, ainda no passado mês de Agosto, uma veraneante muçulmana foi expulsa de uma piscina pública, por usar um "burkini".
Mas não julguem que, por cá, fazemos a coisa por menos.
Quem não se recorda do Comandante Reis Ágoas (quem sabe, um potencial candidato a Ministro do Vício e da Virtude, Dr. Pinho Cardão...), que com a autoridade inerente à função, proclamou o seguinte brocardo: "Toda a gente sabe como começa uma massagem, mas ninguém sabe como vai acabar".

Agora, se por acaso aparecer por aí a circular uma moção que proíba o uso de certos "bacalhaus" que por vezes vejo pendurados ao pescoço de muito boa gente, até sou capaz de subscrever!

jotaC disse...

Ficámos a saber que em Inglaterra há trabalhadoras que são obrigadas a usar sapatos de salto alto, o que eu desconhecia, e também que o número das trabalhadoras é tão elevado, presumo, que justifica uma moção do sindicato a erradicar tal obrigação…
A ser verdade (considerando que há gente para tudo e pode ser uma Mónica qualquer com influência no sindicato a vingar-se do assédio que o patrão não lhe faz), fico com inveja de não viver num país assim, onde usar ou não usar sapatos de salto alto passou a ser um problema sindical, à falta de preocupações de maior monta!

José Meireles Graça disse...

Nem de propósito: No regresso de férias, e tendo em conta o calor que continuou a fazer, compareci no lugar de trabalho envergando umas arejadas sandálias. O pessoal não estranhou - conhecem-me há anos e já não estranham nada. Mas a minha Mulher, tendo constatado estes preparos no regresso a casa, sobre eles teceu tais considerações desdenhosas que com acobardada urgência as sandálias foram arquivadas no lugar competente, de onde só sairão na próxima estação. Assim, minha Senhora, aplaudo a mãos ambas as suas pertinentes palavras a favor da liberdade individual na escolha do calçado. Tenho grande pena de que não seja frequentadora da nossa casa, onde a história destes sindicatos ingleses, contada por si, viria talvez aligeirar o peso em algumas mentes de um resquíco de neo-fascismo em matéria de toilette.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Adoraria andar em cima de uns sapatos altos, mas não consigo. Não aproveito a elegância, mas ando confortável e sem problemas nas costas e nos pés o que já é compensador!
Por cá ainda não chegámos aos sindicatos, mas vão surgindo recomendações aqui e ali, quando não proibições, umas vezes camufladas de "código de conduta", quanto ao uso de certas peças de vestuário.
Li, há não muito tempo, uma notícia que dava conta de uma polémica que se instalou com a recomendação às funcionárias de uma Loja do Cidadão (já não me lembro qual) para não usarem mini-saias, calças de ganga e decotes. Tudo a bem, segundo li, do atendimento ao público!
Não me lembro foi de ter lido alguma recomendação aplicável aos funcionários do sexo masculino. Mas será que não há nada para recomendar?

Suzana Toscano disse...

Pois, eu bem sabia que um belo sapato de salto alto ia fazer reparar na notícia ;), aproveitem que já não deve ser por muito tempo, a avaliar pelas atenções que lhe dedicam os mais zelosos!Também reparei nisso da medição dapoluição com os kms percorridos na campanha, ao princípio ainda pensei que era brincadeira mas depois percebi que era uma informação científica!Deve ser para compensar o que não informam.
Caro Henry, há sempre qualquer coisinha para proibir, depende do gosto (e do poder) de cada um!
Caro jotac, não percebi se a sua atracção não era mais pelos saltos altos do que pela falta de outras preocupaçãoes nessas paragens, parece-me um pretexto :)
Caro JMG a democracia doméstica é outra coisa, como me parece que já viu, uma coisa é aparecer de sandálias no emprego, o que deve ser livre, outra muito diferente é conseguir sair com elas de casa, nada de confusões!
Margarida, o melhor é mesmo que essas regras de conforto não se generalizem, porque eu não consigo andar sem saltos, uma vez comprei uns sapatinhos fantásticos, de sola de borracha, para uma viagem à Grécia,e tive a infeliz ideia de subir à Acrópole com eles, pois estive dois dias sem poder andar, com uma horrível dor nas pernas, por estar habituada ao desnível saudável de uns belos saltos!

jotaC disse...

Cara Draª. Suzana Toscano:
Se calhar não fui claro. A minha atracção por aquelas paragens vai no sentido da falta de outras preocupações que não a dos saltos altos! E, a propósito de saltos altos, sou totalmente a favor do seu uso, principalmente nas mulheres portuguesas de altura média, torna-as “fatais” o que é sempre estimulante e desejável, julgo eu que me considero um sujeito de bom gosto!
:)