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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Converti-me ao TGV!...

Sim. Fui convertido por Sócrates. Agora também sou a favor do TGV. Explico porquê.
O primeiro argumento é político: Sócrates diz que quem é contra o TGV é anti-democrata e eu sou democrata. Os "dictats" do Árbitro Supremo do Vício e da Virtude devem ser acatados.
O segundo é religioso: se Sócrates diz que o TGV é investimento estratégico, se não acreditarmos em Sócrates em quem é que podemos ter fé?
O terceiro é diplomático: a não construção do TGV deixa de calças na mão os amigos espanhóis, que ficam com uma linha verdadeiramente num beco sem saída. E não podemos fazer isso aos nossos irmãos.
O quarto é ético: o TGV é instrumento essencial para dar o conteúdo justo à distribuição da riqueza nas Parcerias Público Privadas, PPPs, em que o primeiro P define a natureza do negócio (parceria), o segundo P quem arca com os custos e os riscos (público), e o terceiro P quem fica com o benefício (privada).
O quinto é económico: o dinheiro do TGV vai ser quase todo gasto em importações ou nas remunerações dos trabalhadores imigrantes e assim estamos a ajudar os outros países a sair da crise. E quanto mais depressa eles saírem e estiverem prósperos, mais depressa nós entramos em crescimento.
O sexto é cultural: a construção do TGV vai contribuir para a abertura de horizontes e da cultura da população portuguesa, que passará obrigatoriamente a deslocar-se todos os anos a Madrid e ao Prado, de forma a cumprir os objectivos previstos de 9,4 milhões de passageiros.
O sétimo é demográfico: a construção do TGV irá promover a natalidade, de forma a substituir aqueles que, de entre os 9,4 milhões de passageiros por ano, se sintam saturados das viagens anuais e se recusem a viajar.
O oitavo é antropológico: só o intercâmbio propiciado pelo TGV permitirá ultrapassar a fascista e salazarista ideia de isolamento, nomeadamente em relação à Espanha, de onde nunca viria ”nem bom vento, nem bom casamento”, ideia desadequada dos tempos de globalização que vivemos.
O nono é de mera oportunidade: se não construirmos agora o TGV, prejudicamos a sua construção para todo o sempre, dado os terrenos correrem o risco de virem a constituir uma nova reserva ecológica para abrigar no litoral os excedentes dos linces da Malcata.
O décimo é deontológico: é que o TGV evita definitivamente a deslocação da Lusa a Madrid, para fazer perguntas ao PSOE e o Governo espanhol sobre a posição do PSD quanto ao TGV.
(Post editado em 19.01.09, com adaptações)

12 comentários:

Carlos Monteiro disse...

Grande post, perfeitamente de acordo! Vamos falar agora no aeroporto?

Luis Melo disse...

Excelente. Além do sentido de humor, aponta alguns pontos "interessantes" na argumentação do nosso PM (por pouco tempo)

Tonibler disse...

Desde que ouvi o Garcia Pereira a trocar a revolução armada pelas virtudes do investimento público que compreendi que Portugal acabou.

Pegando na dica do camarada Monteiro, e então o aeroporto?

Fartinho da Silva disse...

Linnnnnnnnnnnnnnndoooooooo :)

Suzana Toscano disse...

sempre actual!

Félix Esménio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Félix Esménio disse...

Excelente post!
O primeiro-ministro José Sócrates quer pôr o país nos carris. Sem infra-estruturas ferroviárias deste calibre o país não terá rumo... O Sr. Eng.º não compreende que o dinheiro é um bem escasso, não chega para tudo, salvo se nos continuamos a endividar alegremente até abrir falência. O TGV, nesta fase, não parece ser uma prioridade. Porém, nada melhor do que este debate sobre o TGV para ele sair a alta velocidade, já no próximo dia 27 de Setembro.

Agora mais a sério.
Se o TGV é um bom investimento estratégico e os nossos vizinhos espanhóis estão tão empenhados neste equipamento, tendo o necessário know-how, porque não concessionar a respectiva construção-exploração em território português à empresa espanhola de alta velocidade (AVE). Esta poderia arcar com as despesas e beneficiar das receitas deste empreendimento nos próximos 50 anos. Portugal agradeceria, enternecido, este pequeno apontamento de fraternidade. Assim como assim os empreiteiros já serão espanhóis, parte matéria-prima também, falta “oferecer” o resto do negócio a quem na verdade mais vai beneficiar com ele. Não faltava mais nada do que Portugal ter a despesa e os espanhóis as receitas. E, se não for possível chegar a um acordo “moderno e civilizado”, então que vão construir linhas de TGV para Leão e Castela e respeitem os resultados do defenestramento de 1640. Votem lá no Zapatero e no desemprego espanhol, mas deixem-nos fazer as nossas opções em paz. Esta mania do internacionalismo socialista não tem dados bons resultados.

Bmonteiro disse...

"9.4 MILHÕES"
Em vez de falarmos em 9.4 milhões de passageiros ano Lisboa-Madrid, talvez seja mais claro 'esmiuçar' um pouco.
Quem foram os estudiosos que chegaram a essa conclusão, quem lhes pagou, para quê?
Portanto, no futuro, diariamente,
todos os dias:
25.753 viajantes entre Lisboa e Madrid, digamos 12.876 de Lisboa para Madrid, outros tantos em sentido inverso.Vale???
"AEROPORTO"
Passemos ao futuro NAL.
Estudo da ANA, 1994:
Entre as opções consideradas, a da Portela+1.
Com o +1 no Montijo, nos terrenos da Base Aérea nº6.
Quanto à localização da Portela, Londres, ao criar novos e modernos aeroportos, não deixou de operar aeroportos antigos ainda que exigindo o sobrevoo da cidade.
Tal me diz um comandante da TAP.
Valeu?

José Meireles Graça disse...

Permito-me acrescentar mais uma razão, que é de índole pessoal mas me atrevo a trazer à colação por julgar haver muitos Portugueses que estão na mesma embaraçosa situação que eu: A minha Mulher tem medo de andar de avião. E a mim não me apetece fazer 500km para umas compras na calle Serrano. Contava com o TGV para fazer o dois em um, mas agora vejo as minhas legítimas expectativas goradas por umas preocupações mesquinhas de poupança de uns centos de milhares de milhões de euros. Eu acho isto injusto: tenho uma filha que ganha bem; e ela certamente há-de também ter filhos que hão-de vir a ganhar bem. Eles que paguem.

Tavares Moreira disse...

Bela síntese das imensas virtualidades deste projecto, caro Pinho Cardão...
Não acredito que após a leitura deste POST possa ainda alguém, de boa fé, colocar em dúvida os imensos benefícios que o País legitimamente espera desta obra!
So mesmo um pessimismo exacerbado e doentio!

Tiago Barbosa disse...

Sim! Venha lá o post sobre o Aeroporto!

Só uma ajudinha: Durante o mês de pico do Euro 2004 (se a memória não me falha, pois o Futebol não é a minha área) a Portela quase duplicou a sua capacidade, bastando para isso umas tendas ou contentores com mais alguns balcões de check in... Um novo aeroporto????

Pinho Cardão disse...

Meus caros CMonteiro, Tonibler e Tiago Barbosa:

V. Excias mandam e este Blog está ao serviço do Povo e das Elites, como V.Excias, pelo que lá irei fazer o serviço cívico de falar sobre o aeroport.

As palavras do Luís de Melo, do Fartinho, do Tavares Moreira e do F. Esménio trazem-me também a responsabilidade acrescidas de, pelo menos uma vez por ano,ser digno das suas encomiásticas palavras.
E o Félix Esménio traz mesmo o que seria a prova real da valia do TGV.

Mas muitos outros argumentos há a favor do TGV e o apresentado pelo JMG é poderoso e demolidor. Definitivo, mesmo!...
O Bravomike fez as contas ao dia e põe 26.000 pessoas a viajar de comboio TGV de e para Madrid.Isto sem contar com os que vão de carro, comboio, de moto, de bicicleta, triciclo e mesmo a pé, que os há!... É obra!...