Teve início, há poucos dias, as segundas comemorações do nascimento de D. Afonso Henriques. Segundo um grupo de cidadãos, o primeiro rei de Portugal terá nascido em 1111 e não em 1109. Há dois anos, decorreram, oficialmente, as festividades relativas ao seu nascimento. Se foi em 1109 ou 1111 tanto me faz, embora goste mais da última data pela composição de quatro uns para o cidadão número um da nação portuguesa. O que me chamou a atenção sobre este assunto não foi o Conquistador, mas o Miguel de Cervantes e o Cristóvão Colombo. Os espanhóis não brincam em serviço; sempre que surja uma oportunidade, caso do aniversário de um dos seus maiores, fazem todos os possíveis para criar conhecimento e obter nova informação. No caso de Colombo, procederam à análise de uns ossos para saber se eram ou não do descobridor da América. Diz a tradição que estão na República Dominicana, mas há quem diga que também estariam em Sevilha, e como andaram de um lado para o outro, procederam ao estudos dos mesmos tendo concluído que, pelo menos alguns, estão, efetivamente, em Sevilha conferindo uma importância acrescida como é fácil de compreender. Entretanto, em “La Hispaniola”, as autoridades, não sei se influenciadas ou inspiradas por alguns portugueses, recusaram deixar que analisassem os respetivos ossos atribuídos ao herói.
Agora que vamos a caminho dos quatrocentos anos da morte de Cervantes (1616), as autoridades procuram os seus ossos que devem estar algures num mosteiro em Madrid. Os estudiosos pretendem não só reencontrá-los, mas também conhecer mais qualquer coisa sobre o escritor, se de facto era ou não um beberrão, parece que sim, julga-se que terá morrido de cirrose, e traçar o seu rosto verdadeiro. Os últimos anos da vida do autor de D. Quixote, muito doente, corresponderam à sua fase mais produtiva. Um dia destes vão encontrar os ossos, parece que não é complicado, atendendo às lesões que sofreu em vida, e, depois, os cientistas encarregar-se-ão de estudar muitos aspetos que os ossos podem fornecer. No final, novos dados, mais conhecimento e, mesmo que se confirme que era um bêbado da pesada, nem por isso deixará de ser respeitado.
Há alguns anos uma colega da Universidade de Coimbra quis estudar os ossos do primeiro rei, mas à última hora foi impedida pela ministra da Cultura. Muitos de nós, que querem enriquecer os seus conhecimentos, ficaram de boca aberta. Não se compreende a atitude ministerial, que se pautou, provavelmente, por um comportamento idêntico ao verificado na República Dominicana. Os nossos governantes deviam tomar em consideração os exemplos dos vizinhos espanhóis, cujas decisões merecem os maiores encómios.
Voltando ao assunto, abertura do túmulo de D. Afonso Henriques, penso ter lido, na época, que seria uma violação do direito ao repouso do grande guerreiro, uma espécie de profanação. Valha-me Deus! Na altura arrepiei-me com este comentário. Vamos a ver se nos entendemos. Se alguns dos mitos que nos inculcaram caírem por terra, será que vão alterar o curso dos acontecimentos? Claro que não, mas alguns, fabricados ao longo dos séculos, e que podem estar na base de comportamentos não consentâneos com a realidade, poderão ser corrigidos. Chama-se a isto conhecimento. Os estudos podem ir, até, mais longe, conhecer o “retrato” do rei (?) e mesmo o seu ADN, o qual pode esclarecer se muitos dos atuais cidadãos descendem ou não de Afonso Henriques. E é provável que sejam muitos, até já estou a ver o contentamento de alguns opositores à iniciativa quando souberem que vem em linha mais ou menos quebrada do fundador.
E agora, senhor Secretário de Estado da Cultura? Vai ou não autorizar a abertura do túmulo e deixar que a natural curiosidade científica dos seres humanos seja satisfeita? Olhe, pela minha parte digo-lhe o seguinte: se eu ocupasse o seu alto cargo não hesitaria nem um minuto e aproveitava os 900 anos dos nascimento de D. Afonso I, versão dois, para mostrar aos portugueses quem foi de facto o primeiro rei de Portugal. Ah! Já me esquecia, se fosse em Espanha há muito que o problema tinha sido resolvido...
Agora que vamos a caminho dos quatrocentos anos da morte de Cervantes (1616), as autoridades procuram os seus ossos que devem estar algures num mosteiro em Madrid. Os estudiosos pretendem não só reencontrá-los, mas também conhecer mais qualquer coisa sobre o escritor, se de facto era ou não um beberrão, parece que sim, julga-se que terá morrido de cirrose, e traçar o seu rosto verdadeiro. Os últimos anos da vida do autor de D. Quixote, muito doente, corresponderam à sua fase mais produtiva. Um dia destes vão encontrar os ossos, parece que não é complicado, atendendo às lesões que sofreu em vida, e, depois, os cientistas encarregar-se-ão de estudar muitos aspetos que os ossos podem fornecer. No final, novos dados, mais conhecimento e, mesmo que se confirme que era um bêbado da pesada, nem por isso deixará de ser respeitado.
Há alguns anos uma colega da Universidade de Coimbra quis estudar os ossos do primeiro rei, mas à última hora foi impedida pela ministra da Cultura. Muitos de nós, que querem enriquecer os seus conhecimentos, ficaram de boca aberta. Não se compreende a atitude ministerial, que se pautou, provavelmente, por um comportamento idêntico ao verificado na República Dominicana. Os nossos governantes deviam tomar em consideração os exemplos dos vizinhos espanhóis, cujas decisões merecem os maiores encómios.
Voltando ao assunto, abertura do túmulo de D. Afonso Henriques, penso ter lido, na época, que seria uma violação do direito ao repouso do grande guerreiro, uma espécie de profanação. Valha-me Deus! Na altura arrepiei-me com este comentário. Vamos a ver se nos entendemos. Se alguns dos mitos que nos inculcaram caírem por terra, será que vão alterar o curso dos acontecimentos? Claro que não, mas alguns, fabricados ao longo dos séculos, e que podem estar na base de comportamentos não consentâneos com a realidade, poderão ser corrigidos. Chama-se a isto conhecimento. Os estudos podem ir, até, mais longe, conhecer o “retrato” do rei (?) e mesmo o seu ADN, o qual pode esclarecer se muitos dos atuais cidadãos descendem ou não de Afonso Henriques. E é provável que sejam muitos, até já estou a ver o contentamento de alguns opositores à iniciativa quando souberem que vem em linha mais ou menos quebrada do fundador.
E agora, senhor Secretário de Estado da Cultura? Vai ou não autorizar a abertura do túmulo e deixar que a natural curiosidade científica dos seres humanos seja satisfeita? Olhe, pela minha parte digo-lhe o seguinte: se eu ocupasse o seu alto cargo não hesitaria nem um minuto e aproveitava os 900 anos dos nascimento de D. Afonso I, versão dois, para mostrar aos portugueses quem foi de facto o primeiro rei de Portugal. Ah! Já me esquecia, se fosse em Espanha há muito que o problema tinha sido resolvido...
2 comentários:
Provavelmente estarão com "medo" que, as ossadas, sejam de algum "galego"
Por mim, creio que deveriam ter feito esse estudo, ou vir a fazê-lo, sem grande alarido, e só se os resultados nos dessem motivos de alegria é que, então se faria a devida publicidade. De contrário, já estou a ver todos os jornais a noticiar que o nosso glorioso 1º Rei não era o homenzarrão que pensávamos, capaz de trepar as muralhas do castelo de S. jorge com uma espada nos dentes!Estudos sim, sem dúvida, mas só para nos subir a moral, que é o que fazem os nossos vizinhos, e fazem eles muito bem.
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